domingo, 5 de novembro de 2023
de manhã cedo
De manhã cedo, tirava alguns minutos para caminhar pela estrada e reverenciar a mata que há mais de dez anos se formou na propriedade do Vicente de Paulo na chapada da comunidade carrancas município de Buriti. Viu aquelas árvores pequenas e de pequenas crescerem e virarem jovens, não todas lógico. Pode de calcular o número de árvores num hectare, mas enxergar todas e impossível. Essa e uma das fraquezas e uma das virtudes do ser humano. Por não ter condições de abarcar o todo, o ser humano aprecia os detalhes e vários detalhes na propriedade do Vicente de Paulo saltam aos olhos. Os bacuris transbordam nos galhos dos bacurizeiros como se fossem saltar. Ainda não está na hora. Só daqui a cinco meses com as primeiras chuvas. Nesse trecho das chapadas de Buriti, a propriedade do Vicente de Paulo se conforma como uma das poucas ricas bacuri que restaram. E além da riqueza vegetal há a riqueza climática. Acordar de madrugada e sentir frio em pleno setembro, onde se viu isso? Riqueza climática e riqueza vegetal caminham juntas.
paleontologos
A reunião rolaria domingo na Vila Kauan, município de Araioses. Um gaúcho mandara derrubar a casa de um morador a beira da pista. Um trator veio e derrubou a casa e os cajueiros. O objetivo da reunião seria discutir ações e medidas que se contrapusessem aos projetos do dito gaúcho que pretende desmatar mais de mil hectares. Ficara na dúvida. Ousaria pegar estrada e participar dessa reunião da qual não tinha maiores informações? Pediu a um amigo de São Bernardo que fosse a Vila Kauan e recolhesse informações sobre a reunião e sobre a casa derrubada. O amigo foi. Confirmou a derrubada, mas não confirmou a reunião. Esse amigo se mostrava totalmente descrente quanto ao destino do Cerrado nos municípios de São Bernardo e Araioses. "Jornalista, não demora muito e vai sobrar pouca coisa. Quem eu acreditava que nunca iria vender suas terras pros gaúchos, vendeu. Uma área de quase três mil hectares que pega da Baixa Grande e vai até o Enxu. Deve sobrar poucas areas como a da Vila Kauan, Alto Bonito, Cajueiro, São Miguel e São Benedito. Tudo cercado por plantios de soja. Ah e uma pequena propriedade onde vou plantar pequizeiros". Os plantadores de soja se infiltraram por vários lugares. Compraram áreas em Tutoia e gostariam de comprar uma área de 190 hectares do Chico. Comprar e maneira de dizer. Querem e tira lo de lá. As ameaças a agricultura familiar e comunidades tradicionais por parte da soja perfuram um quadro aparentemente monolítico de paz e tranquilidade nessa região. Paz em termos. Porque mesmo antes da chegada da soja algumas comunidades como a comunidade Baixão da subida sofria pressão do DNOCS departamento nacional de obras contra a seca que administra o perímetro irrigado de frutas e quer aumentar seus plantios. E a mais recente ameaça e a do gás natural vendido como paraíso. A verdade é que os paraísos naturais estão dando lugar a paraísos artificiais criados pelas monoculturas e pelos combustíveis fósseis.
vila kauan
A reunião rolaria domingo na Vila Kauan, município de Araioses. Um gaúcho mandara derrubar a casa de um morador a beira da pista. Um trator veio e derrubou a casa e os cajueiros. O objetivo da reunião seria discutir ações e medidas que se contrapusessem aos projetos do dito gaúcho que pretende desmatar mais de mil hectares. Ficara na dúvida. Ousaria pegar estrada e participar dessa reunião da qual não tinha maiores informações? Pediu a um amigo de São Bernardo que fosse a Vila Kauan e recolhesse informações sobre a reunião e sobre a casa derrubada. O amigo foi. Confirmou a derrubada, mas não confirmou a reunião. Esse amigo se mostrava totalmente descrente quanto ao destino do Cerrado nos municípios de São Bernardo e Araioses. "Jornalista, não demora muito e vai sobrar pouca coisa. Quem eu acreditava que nunca iria vender suas terras pros gaúchos, vendeu. Uma área de quase três mil hectares que pega da Baixa Grande e vai até o Enxu. Deve sobrar poucas areas como a da Vila Kauan, Alto Bonito, Cajueiro, São Miguel e São Benedito. Tudo cercado por plantios de soja. Ah e uma pequena propriedade onde vou plantar pequizeiros". Os plantadores de soja se infiltraram por vários lugares. Compraram áreas em Tutoia e gostariam de comprar uma área de 190 hectares do Chico. Comprar e maneira de dizer. Querem e tira lo de lá. As ameaças a agricultura familiar e comunidades tradicionais por parte da soja perfuram um quadro aparentemente monolítico de paz e tranquilidade nessa região. Paz em termos. Porque mesmo antes da chegada da soja algumas comunidades como a comunidade Baixão da subida sofria pressão do DNOCS departamento nacional de obras contra a seca que administra o perímetro irrigado de frutas e quer aumentar seus plantios. E a mais recente ameaça e a do gás natural vendido como paraíso. A verdade é que os paraísos naturais estão dando lugar a paraísos artificiais criados pelas monoculturas e pelos combustíveis fósseis.
itens de alimentação
A maneira como um povo lida com seus itens de alimentação revela um pouco da sua natureza histórica e revela um pouco também para onde esse povo caminha. O cerrado e um dos biomas que mais pode contribuir para a alimentação dos brasileiros principalmente no âmbito das frutas. A cada dia que passa, o Cerrado perde hectares e mais hectares para as monoculturas e isso depõe muito contra boa parte da sociedade brasileira que prefere a vulgaridade a sofisticação. O cerrado e um bioma sofisticado não desmerecendo os outros. A sofisticação está em vários fatores mas dois são mais esplendorosos: o fato dele crescer pra baixo e isso decorre da necessidade de conservar o solo os nutrientes e os microorganismos (e nem a mais maravilhosa química consegue igualar esse feito) e o fato de sua flora apresentar diversos frutos de inigualáveis sabores. O bacuri e o mais sofisticado de todas as frutas presentes no Cerrado . Uma fruta Amazônica que se adaptou ao Cerrado e nele fez sua morada em grande número . Tanto a polpa que envolve o caroço do bacuri como a casca do fruto se prestam a um suco a um doce e etc combinando muito bem com o leite e o açúcar. O suco de bacuri e um dos mais comercializados em boa parte do Maranhão mas com os desmatamentos nos Cerrados a polpa vem faltando nas lanchonetes e restaurantes.
soja e fracking
E possível estabelecer relação entre a monocultura da soja e os combustíveis fósseis? E possível de diversas formas estabelecer essa relação. O tempo histórico. A ocupação dos cerrados pelas monoculturas acompanha o incremento da indústria petrolífera no Brasil a partir dos anos setenta. Quimica. O que sustenta a soja como monocultura produzida em larga escala são produtos da cadeia de petróleo. A soja e uma cultura envolta em plástico. As mudanças climáticas vão empurrar as monoculturas para fora do Cerrado já que ele ficará mais quente e seco. Sem a soja, o que sobra para os municípios exercitarem como atividade económica? Extrair gás natural ou gás de xisto. Muitas das áreas desmatadas nos últimos anos ou pensadas para serem desmatadas nos próximos vem com o disfarce da soja como destino mas na verdade ficarão de prontidão para receberem investimentos da indústria do gás natural ou do gás de xisto.
antes da chegada
Antes da chegada das grandes empresas e dos plantadores de soja nos Cerrados maranhenses, as comunidades tradicionais e pequenos proprietários se distribuíam por centenas de hectares de baixoes e chapadas. As famílias de agricultores familiares extrativistas e pescadores percorriam as áreas que entendiam como suas pelo uso tradicional. Qual e o tamanho ideal que uma família precisa para poder se dedicar a agricultura a criação de animais a pesca ao extrativismo de frutas e o corte de madeira? O Marcelo morador da comunidade da bacaba município de Buriti vendo que as empresas de monoculturas de soja e eucalipto vinham se aproximando rapidamente das terras da sua família não pensou duas vezes: fez o georreferenciamento e começou a cercar uma área de 80 hectares. Os recursos para essas finalidades poucas famílias de agricultores tem disponível. Sabedores das dificuldades que as famílias têm para regularizar seus territórios, as empresas seguem a risca aquele velho script : intimidação coação ameaça queimada de propriedades licenças ambientais irregulares falsificação de documentos em cartório e etc. A terra que Marcelo quer regularizar consta no cartório como pertencente a sua família e ele ficou sabendo que um parente seu queria vender para as empresas. Portanto teve que iniciar um entrevero com esse parente e mandou um recado para as empresas não se meterem a besta que aquela terra tinha dono. E uma terra rica em Murici cajui espécies frutíferas e rica em candeia madeira de lei nobre que podem ser úteis para seus familiares.
balzac
Todos as personagens de Balzac são geniais. Infelizmente, não recordava qual livro tinha lido esse comentário. E possível que esse comentário venha de Baudelaire. Exageros a parte, um bom número das personagens de Balzac são realmente geniais. A genialidade que força o indivíduo a superar os limites sociais que lhe impõe a realidade e a sociedade. E as personagens de Dostoiévski? Todos com profundo sentimento de inferioridade. Eles não querem superar os limites sociais. Eles tensionam esses limites nas suas imaginações. Raskolnikov assassinou as agiotas e ele só expõe a culpa em seus pensamentos e por meios indiretos. Ele as matou por não poder pagar o empréstimo. Complexo de inferioridade psicológico e financeiro. Crime e castigo e bem mais do que um romance social. As personagens de Dostoiévski não são geniais. Eles não querem ascender socialmente. Eles querem a redenção e a redenção requer em vez de genialidade personagens humildes fracos e emocionalmente instáveis.
numa rapida analise
Numa rápida análise das narrativas escritas por brasileiros, percebe se uma baixa presença de um elemento fundamental para a vida humana. Os escritores se dedicam pouco (pouco tempo e poucas páginas) ao tema dos recursos hídricos. O que se lê geralmente aparece como um problema, caso da chuva. Esse cenário muda quando a análise se desloca para o campo da música. Quando a chuva vem, perguntam de forma implícita Luiz Gonzaga e tantos outros. Dos grandes romancistas, Guimarães Rosa e o que mais se entrega a água e seus ambientes. A sua literatura absorve e se deixa absorver. Grande sertão veredas não e o maior romance por acaso. Ele compreende quase todos os biomas e delícia o leitor com os nomes de vários rios cursos de água alagados e etc. Mesmo em ambientes secos, a narrativa de Guimarães se agoa. E voltando a carência de narrativas voltadas para ambientes aquáticos. Essa carência explica em parte o desleixo e a apatia com o que os maranhenses tratam os recursos hídricos. Vem a mente nesse momento, o desmatamento licenciado pela secretaria de meio ambiente do Maranhão e executado pela família Totel próximo a comunidade quilombola de bom descanso município de São João do soter. Mais de 1000 hectares. O desmatamento ocorre numa área que embreja e predominantemente de babacuais. Não vai embrejar mais. Vem a mente que os Totel barraram o curso de água que corre para o rio Itapecuru e que passa pela comunidade. Não corre mais. E por fim vem a mente que o estado do Maranhão não tem secretaria de recursos hídricos.
radiohead
Muitos disseram que o Kid a era o lado b ou o lado obscuro do ok computer disco ou CD lançado pelo radiohead em 1999. Lado obscuro numa clara referência a dark side of The moon do Pink Floyd de 1973. Poderia se pensar em ok computer kid a e o amnésiac como uma trilogia ou como um disco triplo tipo os discos duplos dos anos 70 que significavam o apogeu o ápice das grandes bandas e grandes artistas. Ummagumma e um dos grandes discos duplos e o grande disco do Pink Floyd. O radiohead no fundo queria fazer um disco duplo referência como ummagumma. Ele fez um disco triplo que e o ápice do rock da música eletrónica do pop do progressivo. E um disco frio da frieza mas também da saudade da perda. E por fim, e um disco que lembra os estudos clássicos de grandes compositores. De música clássica e de jazz. Bach, haeden, miles Davis, John Coltrane e tantos outros.
a historia
A história e duração e a história e permanência. Duração e a jornada por séculos ou milhares de anos. Permanência e o ficar e não querer sair. A história de várias famílias pobres pelo Maranhão e a da permanência o do não desistir do que realizaram no lar na roça e dos laços constituídos. A história de um prédio ou um casarão histórico em São Luís permanece menos pela sua duração de séculos e mais por resistir a deterioração do seu aspecto. Um prédio ou um casarão histórico permanece na mente de uma pessoa quando ela passa várias vezes a sua frente. O conjunto de prédios e casarões da praça de santo Antônio centro de São Luís permanecem com saúde mesmo com muitos séculos na carcunda. Não mantém a feição como foram construídas mas a feição desgastada e envelhecida e íntegra e honesta. Só não deve se deixar deteriorar e desabar porque nem a feição resiste.
todo principio
Todo princípio de dezembro, ele faz seu experimento para descobrir se o inverno será chuvoso ou não. Coloca sal num papel com os nomes dos meses escritos em vários espaços a noite e na manhã seguinte bem cedo pega o papel para ver como o sal se comportou. Se o sal umidificar os meses relativos ao inverno quer dizer que o inverno será bom. Se ocorrer o contrário, quer dizer que o inverno será fraco. Esse experimento e uma das tantas armas que o agricultor possui para se preparar pelo que vem pela frente. E um experimento cujas raízes históricas vem do catolicismo. Ele acontece no dia dedicado a uma santa católica na segunda semana de dezembro. No imaginário popular os santos e santas intercedem pelos desafortunados. Na total carência de informações técnico científicas, há de se precaver de alguma forma. Os modelos da metereologia atendem os interesses das grandes empresas e grandes fazendeiros. Os agricultores familiares buscam seus modelos nos santos e na religião.
perdia de vista
Ele perdia de vista aquele oceano aquela praia e aquela gente que mal se definia por um olhar. Carecia de mais de mil palavras para descrever. Nem conseguia. O seu dicionário era curto comparado com o oceanes daquelas pessoas. Um oceanes de tal largura de tal profundidade e de tal infinitude. Eles saiam para pescar perto e longe. Sururu, sarnambi, pescada, pacamao, caranguejo E etc. Aprende se a pescar como se aprende a falar. Dona Catarina, chamavam na de proprietária de Santa Maria de Guaxenduba porque ela lutava para que o território da resex/quilombo continuasse com os moradores, lembrava dos dias em que se arrastava pela lama para pescar pacamao num lugar não muito perto de onde conversavam olhando para o oceano e para seus netos que brincavam num córrego de água doce. Ela preparou um suculento almoço para aquelas visitas. Não se quer mais nada: pescada e sururu. E muito oceanes. As visitas almoçaram e uma delas notou alguém se movendo por entre as águas do oceano. Élida filha de Dina Catarina decodificou os procedimentos do rapaz a beira mar. "Ele traz sururu dentro da caixa. Deve ter molhado e quando molha fica pesado pra carregar andando pela praia. Melhor empurrar junto com as águas do mar e no ponto certo sai para carregar sobre a areia da praia". Oceanes puro. As visitas queriam entender aquele mundo bem de frente mas queriam entender o mundo deixado pra trás. Durante o trajeto de São Luís para Icatu se esforçaram para decifrar as palavras que formavam a história daquela região. " O que e Icatu? O que e Guaxenduba?". Aquela brincadeira era só pra passar o tempo? Enfim, eles viram o tempo passar na varanda do restaurante de dona Catarina e Élida.
desmatamento novo
E um desmatamento novo?" Desmatamento novo para eles que não percorriam a região dos cocais havia meses. Pelo descampado, o desmatamento contava com meses de intensa atividade e se tornou visível só mais recente. Os caras do agronegócio não brincam em serviço.O desmatamento que eles vislumbraram ficava entre os municípios de Codo e Caxias. Azar que possuía uma imaginação fértil. Passou a imaginar o que os caras desmataram numa rapidez paralisante. Bacuri, pequi, babacu? Que mais? Para plantar soja? Em uma de suas muitas viagens parara em uma barraca a beira da estrada na qual dois homens vendiam mudas de espécies nativas do cerrado. A barraca se inseria no território da comunidade de Buriti Corrente que se tornara assentamento do INCRA graças a coragem dos moradores que peitaram a empresa costa pinto que e proprietária de milhares de hectares e que planta cana de açúcar. Os dois homens indicaram a existência de várias áreas vendidas para produtores de soja e que nelas podia se encontrar vários pés de bacuri e vários moradores. Estes moradores tiveram que deixar essas áreas. Esse seria o caso das famílias de buriti corrente se não houvessem resistido a pressão da costa pinto.
apenas escreva algo
Apenas escreva algo. Algo honesto. Escreva que se perdeu no caminho. Que os caminhos se modificaram ou se moveram com os desmatamentos das Chapadas para os plantios de soja. Ele colhia bacuri de vários tamanhos todos os anos nas chapadas dos seus parentes. Tanto bacuri que juntava gente na safra entre janeiro e abril. Os proprietários brigavam com quem pegava sem pedir permissão. Os que pegavam sem pedir permissão achavam que não faziam nada de mais e nem nada de mal e continuavam colhendo. Nos meses de verão, as pessoas evitavam as chapadas porque elas vertiam secura. Com as chuvas, a feição das chapadas mudava. O número de pessoas aumentava como se não houvesse outro lugar para estarem. Corriam feito ensandecidos para catar bacuri antes dos outros. A questão entre os proprietários de chapada e os catadores de bacuri nunca se resolveu. Quer dizer, resolveu na hora em que os proprietários venderam suas chapadas para os gaúchos derrubarem os bacurizeiros e plantarem soja. Os catadores de bacuri se lamuriam e nada fazem. Afinal, quem venceu a questão?
cada um
Cada um fala como sabe e como pode. Pressionar para que? Com os paciência, a pessoa solta o verbo e fala até o que diz não saber. Não são todos os dias que se acorda de boa vontade para falar com os outros e ouvir palavras da parte deles. "Paz na terra aos homens de boa vontade...". Fica se devendo o contexto dessa passagem da bíblia, mas encontrar homens e mulheres de boa vontade e muito difícil. Deve se contar com sorte e um bom papo. A dona Catarina e a Élida, sua filha, tiveram boa vontade em atende los naquela manhã de segunda feira em seu restaurante a beira do oceano atlântico no povoado Santa Maria de Guaxenduba. Quase uma consulta, por essa razão o verbo atender. Eles as consultariam sobre um possível projeto de hidrogênio verde que poderia se instalar em Icatu. Hidrogênio verde, fracking gás de transição transição energética são termos que entraram de sola na vida das comunidades tradicionais e quilombolas. Eles as consultariam vislumbrando o oceano atlântico. Poucos pessoas o tratavam pelo nome Atlântico. E bom tratar as pessoas e os espaços pelos seus verdadeiros nomes. Daqui a pouco pode ser que queiram mudar os nomes Icatu santa Maria de Guaxenduba por algum nome mais moderno ligado ao hidrogênio verde.
ekes chegavam a noite
Eles sempre chegavam a noite por caminhos que surgiam inesperados entre campos de soja e a vegetação do cerrado. Nos primeiros anos, Vicente de Paulo, agricultor familiar do povoado Carrancas, alertou o que os plantadores de soja gostariam de desmatar mais de três mil hectares nas chapadas do povoado e dos povoados vizinhos. Se a memória não falhou, essa conversa ocorreu no ano de 2011 em frente a casa do Vicente de Paulo e de Dina Rita. Portanto, perfazem doze anos. Muita coisa mudou desde então. Uma das coisas que não mudaram foi a merenda que dona Rita sempre ofertava a eles em suas aparições noturnas. Galinha caipira, carne de gado, arroz, feijão e salada. Por vezes, ela via o tempo passar e não preparava a merenda. Tudo se resolvia com um café e uma farofa de ovo. Essa conversa de merenda veio a tona porque certo dia dona Rita e Vicente de Paulo viajaram para Brejo numa atividade da igreja católica. Como se diz, os amigos ficaram sem pai e nem mãe. Foram procurar a casa de Marcelo na Chapada da Bacaba. Atravessaram a Chapada de Carrancas, do Coruja das Laranjeiras. Tinham em mente um caminho que na prática se deformou as suas vistas. Desmatamentos e tratores revirando o areal para plantar a soja deslocaram os caminhos para outras direções não especificadas. Aquele cenário perdera o sentido para eles e para os moradores que cruzavam os caminhos todos os dias. Tiveram que voltar e dormiram na casa de Sebastiana filha de dona Rita e Vicente. " Tivesse dito preparava uma merenda para vocês", declarou. Sem problema.
Língua e História
Ele lia uma autora russa e um autor norueguês quase ao mesmo tempo. Não em suas respectivas línguas e sim em traduções para o português. Aprender a língua de um povo significa aprender sua história? Os portugueses que vieram morar no Brasil após o descobrimento em 1500 incorporaram os hábitos e as falas dos nativos e disso se valeram para escravizar indígenas e conquistar seus territórios. O que fica desse "aprendizado" das línguas para a história do Brasil e o que desse aprendizado leva em conta a história desses povos? O conto "O homem que sabia falar javanês" de Lima Barreto ironiza bem essa desconexão entre "saber" uma língua ou mais e narrar uma história ou mais. O personagem principal do conto finge saber o javanês e com esse fingimento assume ares de importância perante o cliente que quer contrata ló para traduzir um livro. Ele não se contenta só em fingir.Ele vai narrar a história de seu fingimento em uma língua (português culto) que poucos tinham acesso porque a maior parte da população era analfabeta. Quer dizer, quem aprendia o português no Brasil culto aprendia a mentir. E quando se usa a língua para mentir se desconhece a sua própria história.
segunda-feira, 11 de setembro de 2023
reservas de gás
Supõe se que as reservas de gás natural presentes no subsolo maranhenses e geridas pela empresa Eneva nos municípios de santo Antônio dos Lopes lima campos e capinzal durem de trinta a quarenta anos, um pouco mais, um pouco menos. Nessa suposição há uma dose de achismo baseado em outras experiências de extrativismo mineral que grassam pelo país. A pergunta que não quer se calar: o que ficará para os municípios e para as comunidades tradicionais e quilombolas após esgotarem as reservas? Pelas respostas prestadas por moradores lideranças e gestores públicos não ficará nada e nem os investimentos feitos pelas prefeituras ficarão porque se direcionam para a manutenção dos serviços. Em notícia recente, a Eneva informa que começará a produzir gás natural no campo Gavião Tesoura, no Maranhão. E um informe para o mercado. Não e um informe para a sociedade. Afinal, quem quer saber a localização exata desse poço? Pelo informe, o poço se localiza entre os municípios de Bacabal, São Luiz Gonzaga e Bom Lugar. De repente , os lugares passam a ser nominados por nomes diferentes de suas origens. Afinal, onde fica esse poço? E pelo informe da Eneva tem outros poços na boca da botija para serem ativados. Esses poços passaram por licenciamento ambiental? As comunidades no entorno foram consultadas? Não havia previsão de novos poços serem abertos pelas informações obtidas em Capinzal mas eis que a Eneva vem e resolve fazer funcionar um poço. Agora cabe a sociedade civil investigar onde fica esse poço anunciado e os outros por serem anunciados para avaliar os impactos socioambientais na vida das comunidades e das pessoas.
Assunto indústria do gás e eneva
Para cada poço de gás aberto pela Eneva no vale do mearim, compreende uma infra estrutura capaz de transportar o gás natural extraído dos poços para sua fábrica construída no município de Santo Antônio dos Lopes. Imaginem dezenas de pocos incidindo sobre comunidades de lima campos Capinzal pedreiras trizidela do vale e mais recente de Bacabal São Luiz Gonzaga e Bom Lugar. Daqui a algum tempo tempo talvez tenham que imaginar centenas de poços de fracking em boa parte do Maranhão. A produção de gás necessita de uma estrutura adequada para extrair transportar armazenar e beneficiar (a canalização de gás da Eneva para a vale na ilha de São Luís caminha a passos largos) e requer que essa estrutura esteja sob estrita vigilância para assegurar sua segurança e eficiência. E muito improvável que as comunidades tradicionais e quilombolas se aventurem nas áreas dos poços e dos canos da Eneva. O que se ouve da parte das comunidades e que a empresa arrendou dos proprietários e como tal não lhe dizem respeito. Chegam ao ponto de afirmar que caso a Eneva precise abrir novos pocos não colocarão obstáculos. Assim e necessário fazer um inventário de como foi a investida da indústria do gás sobre as comunidades quilombolas e tradicionais do vale do mearim e de como elas ficaram a mercê da OGX e da sua sucessora a Eneva porque esta não cumpre os combinados com as comunidades.
Agricultura familiar e eneva
São muito poucas as chances que as famílias de agricultores familiares e quilombolas tem de conseguir medir forças com os empreendimentos industriais que se instalam no lugar onde habitam. Claro, a intenção dos agricultores familiares e quilombolas não é de medir forças com quer que seja, mas no processo de instalação de um empreendimento como a Eneva em Santo Antônio dos Lopes e municípios vizinhos prevalece uma desproporção em termos de recursos, recursos estes que atraem mão de obra que desfalcara outros setores como o da agricultura familiar. O desfalque se dá em todos os sentidos. Um deles é o de pensar a realidade das comunidades. Não há mais quem deseje uma mudança. O empreendimento e a própria mudança tão sonhada. E fácil para a Eneva mostrar força e representar a mudança. Para os agricultores familiares e quilombolas nunca foi fácil mostrar força. Quanto e o investimento dos governos na agricultura familiar do vale do mearim? Quais são os programas voltados para assistência técnica dos agricultores ? Tem um caso de uma família de agricultores familiares da comunidade quilombola de bom Jesus município de lima campos que por suspeitar da contaminação do solo pelas substâncias químicas liberadas pela Eneva em seu processo industrial resolveu transferir sua roça para bem longe de onde costumava roçar. Ela saiu perdendo porque se viu forçada a essa mudança, mudança representada pela Eneva. A comunidade quilombola de bom Jesus como um todo saiu perdendo também ja que cada vez menos pessoas plantam e colhem seu
rio são francisco
A cada dia se forma um novo mapa na memória das pessoas. Um rio brota e encharca as bordas, mas nada se apaga. Nem o tempo apaga tudo, fica algo nítido no meio do caminho. O rio Itapecuru, o principal rio maranhense, possui mais de sessenta milhões de anos de existência. Como se sabe disso? O que ele pode revelar as cidades por onde passa as comunidades que banha e aos portos que a noite ilumina? "Quanto mais a gente se solta mais fica no mesmo lugar", versos de uma música de Paulo César Pinheiro e cantada por Paulinho da Viola. Conheces as nascentes do rio Itapecuru, mas a sua foz permanece longe do seu campo de visão. Por outro lado, pisaste as águas do são Francisco em sua foz sem nem chegar perto das suas nascentes. A Exxon Mobil quer explorar petróleo na foz do são Francisco entre Alagoas e Sergipe. Para os moradores de resina, comunidade quilombola e tradicional, que vive da pesca e da agricultura, a empresa quer da uma compensação pelos impactos causados pelo empreendimento caso seja instalado. Uma compensação que de verdade verdadeira nunca compensa as perdas sentidas.
jacarezinho
Os interessados (leia se políticos e cia ilimitada) em desmatar o território quilombola de Jacarezinho município de São João do soter quando a Secretaria de meio ambiente do Maranhão suspendeu a licença ambiental devem ter pensado : " isso não vai ficar barato. Vai ter troco. Pode esperar". As elites maranhenses se caracterizam pelo ressentimento pelo revanchismo pela vulgaridade. O troco veio recentemente. Uma tal de família Totel ( o Nome do empreendimento e os guris Totel) começaram a desmatar mais de 1000 hectares e a entupir afluentes do rio Itapecuru no povoado quilombola Bom Descanso vizinho a Jacarezinho. Há uma decisão favorável a comunidade de Bom Descanso mas quem diz que os Totel obedecem e não obedecem porque eles não são os principais interessados. Os principais interessados movem os dedos para continuar os desmatamentos com licenças fajutas da Sema cujos funcionários foram a comunidade e nada fizeram e impedir que a decisão judicial garantindo a posse da comunidade seja executada.
gonçalves dias
Na segunda metade dos anos 2000, o agronegócio da soja se expandira pelo baixo Parnaíba maranhense enfrentando muitos obstáculos. Um desses obstáculos era que parte do estoque de terras da região pertencia a grandes empresas e a grandes proprietários em conflito com comunidades tradicionais e quilombolas. O agronegócio avançou mais em municípios cuja situação fundiária era mais fragmentada como brejo Anapurus buriti e mata Roma. E mais pobres. Com relação aos outros municípios, havia milhares de hectares registrados em nome de grandes empresas e grandes proprietários de terra que planejavam projetos de curto médio e longo prazos que seriam alavancados por grandes investimentos oriundos do estado. Esses investimentos nunca vieram e os milhares de hectares ficaram ociosos. Com isso, as comunidades tradicionais e quilombolas começaram a reclamar a regularização fundiária por parte do estado do Maranhão e a desapropriação por parte do governo federal. Algumas conseguiram seu intento, Santa Quitéria e Chapadinha, os municípios dessas comunidades. A grande maioria reclama que o estado do Maranhão descumpre seu papel de regularizar terras públicas em nome das comunidades. O creditos que se da a desregularizacao fundiária vem do interesse do governo do Maranhão em repassar as terras pertencentes a grandes empresas ao agronegócio da soja que contam com financiamento via estado ou via iniciativa privada. Diferente do agronegócio, a reforma agrária conta com poucos recursos o que dificulta a compra de terras e s regularização fundiária. A concentração de recursos no plantio de soja facilita a grilagem de terras no Maranhão onde se encontra grandes estoques de terras paradas. Grilagem de terras públicas e compra de propriedades e o que se vê na Vila Kauan entre São Bernardo e Araioses onde as comunidades se vêem ameaçadas por grileiros que querem impedi las de fazer suas rocas e na propriedade do empresário Júnior esperança que vendeu mais de mil hectares na região da baixa grande bem em cima de uma das grandes vertentes do município, tributário do rio Parnaíba.
agronegocio
Na segunda metade dos anos 2000, o agronegócio da soja se expandira pelo baixo Parnaíba maranhense enfrentando muitos obstáculos. Um desses obstáculos era que parte do estoque de terras da região pertencia a grandes empresas e a grandes proprietários em conflito com comunidades tradicionais e quilombolas. O agronegócio avançou mais em municípios cuja situação fundiária era mais fragmentada como brejo Anapurus buriti e mata Roma. E mais pobres. Com relação aos outros municípios, havia milhares de hectares registrados em nome de grandes empresas e grandes proprietários de terra que planejavam projetos de curto médio e longo prazos que seriam alavancados por grandes investimentos oriundos do estado. Esses investimentos nunca vieram e os milhares de hectares ficaram ociosos. Com isso, as comunidades tradicionais e quilombolas começaram a reclamar a regularização fundiária por parte do estado do Maranhão e a desapropriação por parte do governo federal. Algumas conseguiram seu intento, Santa Quitéria e Chapadinha, os municípios dessas comunidades. A grande maioria reclama que o estado do Maranhão descumpre seu papel de regularizar terras públicas em nome das comunidades. O creditos que se da a desregularizacao fundiária vem do interesse do governo do Maranhão em repassar as terras pertencentes a grandes empresas ao agronegócio da soja que contam com financiamento via estado ou via iniciativa privada. Diferente do agronegócio, a reforma agrária conta com poucos recursos o que dificulta a compra de terras e s regularização fundiária. A concentração de recursos no plantio de soja facilita a grilagem de terras no Maranhão onde se encontra grandes estoques de terras paradas. Grilagem de terras públicas e compra de propriedades e o que se vê na Vila Kauan entre São Bernardo e Araioses onde as comunidades se vêem ameaçadas por grileiros que querem impedi las de fazer suas rocas e na propriedade do empresário Júnior esperança que vendeu mais de mil hectares na região da baixa grande bem em cima de uma das grandes vertentes do município, tributário do rio Parnaíba.
segunda-feira, 31 de julho de 2023
Santa Helena
A cidade de Santa Helena na baixada maranhense sediou o Encontro Regional dos Pescadores Artesanais dos estados do Maranhão, Piauí e Pará. Um dos objetivos do encontro foi elaborar uma lista de reivindicações que serão entregues ao governo federal principalmente no tocante a infra estrutura. A pesca artesanal segue sendo um setor pouco atendido por políticas públicas não só do ponto de vista de políticas materiais como também de produção de conhecimento. A pesca é uma das principais fontes de alimentos no mundo e no Brasil. Mas os rios e o oceano continuam recebendo esgotos, resíduos industriais e lixos e vendo sua vegetação ao redor ser desmatada para dar lugar a empreendimentos industriais imobiliários ou agrícolas. O Fórum Carajás esteve presente e explanou sobre o projeto do porto de Alcântara que caso ocorra destruirá a biodiversidade nessa região e por conseguinte a pesca artesanal nos municípios litorâneos, inclusive São Luís e sobre pequenos projetos que comunidades de pescadores podem acessar para comprar freezers, barcos a motor, remos, redes, e para transportar sua produção, como no caso do edital que o @fundocasasocioambiental acabou de lançar para os povos da Amazônia.
mercado
Nunca e bom fazer declarações taxativas daquele tipo que você leva pro resto da vida mas que e tentador e. Já pensou ser lembrado. Não sei quem falou isso há muito tempo. O mercado da praia grande e o principal prédio do centro histórico de São Luís. Tem outros prédios mas a função que exercem e muito específica. O mercado da praia grande extrapolou sua função específica de alimentar o povo que trabalha nas repartições públicas o povo que vem dos bairros da cidade e o povo que vem da baixada. Está se falando da parte interna do mercado porque a parte externa que e a parte mais velha supre outras necessidades do ser humano maranhense e ser humano exótico que são o artesanato vestuário temperos e etc. Não dá pra vê a baixada do mercado uma pena mas a baixada percorre o mercado todos os dias. Boa parte dos seus consumidores ou vem da baixada ou trafegam por ela. Ela compõe o repertório das conversas presentes e não presentes. Um representante de vendas puxava conversa com seu vizinho de bar. "Sou de Cururupu. Ando por aí tudo. Na rampa onde aportam os barcos em Alcântara vi uma gurijuba. Botei o pé em cima e falei pro pescador. agora e minha. O pescador quis resistir. Essa tem dono. Não desistir. Foi em cima veio em baixo. consegui convencer o indivíduo. E ele cobrou trinta reais. Se fosse em São Luís pagaria cem". Esse tipo de prosa só se tem na baixada e no mercado da praia grande.
o labirinto
Se fosse possível pisar para trás e rever cada passo dado. Uma viagem no tempo? Nem pensar. O tempo escorreria como sempre, pelas mãos. "O tempo está passando", quantas vezes o gênio da lâmpada proferiu essas palavras em O sítio do picapau amarelo!!! Passando pra onde ? Onde ele foi que não se viu? O Brasil avançou séculos em menos de algumas décadas e esse avanço proporcionou conquistas vitórias em termos materiais. E o Brasil avança formando labirintos de monoculturas e de infraestrutura cujo centro e cujo minotauro ficam invisíveis. O conhecimento e a cultura são formas de desvendar o labirinto. No lançamento da campanha de educação ambiental no município de Buriti Edivan militante do MST cita Olavo Bilac poeta parnasiano dos séculos XIX e XX. O poeta a pedido de um amigo escreve um anúncio de venda de uma propriedade. Escreve com sentimentos e entrega o anúncio. Reencontram se dias mais tarde e o amigo revela que decidiu não mais vender a propriedade porque o anuncio fez o ver a imensa riqueza que tinha em mãos. A citacao a Olavo Bilac ajuda a questionar a pressa do agronegócio em desvendar o labirinto brasileiro e serve para rever o que o município de Buriti baixo Parnaíba maranhense perdeu e manteve de biodiversidade nos mais de vinte anos da instalação da monocultura da soja. Sugeriram ao Vicente de Paulo agricultor familiar que fizesse o mapeamento das espécies florestais nos seus 150 hectares de cerrado. Ele pegou um susto "tarefa difícil. Tem espécie que eu não sei o nome e nem a serventia. Mas tem bacuri pequi goiaba araçá cajá carambola juçara caju manga abacate aroeira barbatimao limão laranja Paraíba ipê e muitas outras
chapada
Na maioria das vezes as mulheres do Baixo Parnaíba maranhense sobem as chapadas para circularem os bacurizeiros e coletarem os frutos que caem diariamente em grande quantidade todos os dias de chuva. A chuva é uma aliada dos extrativistas em suas investidas e sondagens pelas Chapadas. Dessa vez, as mulheres da Vila chapéu ou Veredão assentamento do INCRA entre Chapadinha e Afonso Cunha subiram a chapada para impedir que os tratores da GMB Investimentos realizassem seu intento de derrubarem toda a Chapada, principalmente os bacurizeiros. Nessa chapada assim como em outras amontoam se bacurizeiros pequizeiros e babacuais, espécies que sustentam as mulheres e suas famílias por vários meses do ano. Principalmente o bacurizeiros cuja safra de frutos dura cinco meses e cuja polpa é vendida e revendida para vários mercados no Maranhão como para mercados de outros estados. A venda e a revenda garantem um fluxo de renda para as comunidades que poucas vezes se vê o ano todo. A oposição das mulheres de crianças e de alguns homens do Veredão ao desmatamento da GMB decorre da consciência adquirida de que sem bacuri a comunidade perde mais de 50% da sua renda anual.
bacuri
Em toda a flora, não há espécie comparável ao bacuri. Para se chegar a essa conclusão, bastaria lembrar do sabor da fruta. A lembrança e inevitável. Qualquer pessoa passa por ela. Só que essa lembrança para existir precisa de outros elementos. Precisa da chuva que se derrama no mês de janeiro o que provoca a queda do fruto sobre a Chapada. O fruto e alvo de suas lembranças como e de outras tantas pessoas que vivem nas redondezas.Costuma se brincar que na época da safra de bacuri as chapadas se engarrafam de tanta gente coletando o fruto
memorias postumas de bras cubas
Quem leu Memórias póstumas de Brás cubas de Machado de Assis deve se lembrar da célebre passagem em que Brás Cubas vê um ex escravo seu que alforriara agredindo um negro. A agressão se devia a desobediência do negro as ordens do seu dono, o ex escravo. Raimundo Faoro constata em uma análise dessa passagem que Machado de Assis critica uma sociedade que aceita a ascensão social desde que dentro de uma prática escravagista. Nessa análise, pode se acrescentar um outro elemento. Memórias póstumas e um romance de desilusão. A elite brasileira, representada na figura de Brás Cubas, chegou a acreditar que apenas uma carta de alforria resolveria o problema da escravidão. Machado de Assis desdiz isso. Para ele por mais cartas de alforria assinadas tudo continuaria como dantes porque a escravidão se entranhara em todas as classes sociais. Neste instante, sobre a mesa do juíz de Chapadinha, encontra se um pedido de interdito proibitório contra 11 trabalhadores rurais do povoado Vila chapéu assinado pelo advogado do empresário paulista Gustavo Mareto da empresa GMB Investimentos que planta soja. A comunidade de Vila Chapéu assim como a comunidade vila Borges viveram por anos na base de um sistema quase escravista administrado pela família Lyra de latifundiários. O INCRA em 2010 desapropriou a fazenda Veredao que pertencia aos Lyra e entregou aos trabalhadores rurais. Qual e a conexão de Memórias póstumas de Brás cubas e Gustavo Mareto ? O empresário paulista ao pedir o interdito proibitório de 11 trabalhadores rurais porque eles impediram o desmatamento de centenas de bacurizeiros quer um retorno ao tempo da escravidão seja a escravidão do século XIX seja a escravidão moderna do século XX. E uma forma de intimidação o que ele também fez com relação a Vila Borges. Atualmente restou algumas centenas de hectares de bacuri para a Vila Borges devido aos desmatamentos da GMB Investimentos. Esses desmatamentos decorrem de licenças ambientais que a secretaria de meio ambiente do Maranhão concede sem observar os direitos ao território a mobilidade e ao meio ambiente das comunidades tradicionais.
a farmácia
O que se aprende em sala de aula e que para escrever literatura seria se necessita de um bocado de imaginação e outro bocado de mentira. Reparação, romance do escritor inglês Ian McEwan, tem como eixos centrais a mentira como prática social e a ilusão como representação estética. Fica se perguntando o quanto há de verdade nas reformas executadas pelo governo estadual no que se convencionou chamar de Centro histórico de São Luís. Centro histórico seria o espaço para onde as histórias convergem e onde elas se centralizam. Nada mais mentiroso afinal o centro de São Luís (deixemos de lado esse papo de centro histórico) vem se esvaziando economicamente e socialmente há bastante tempo. O que deve resistir ao esvaziamento são as histórias antes da sua monumentalizacao iniciada no governo Cafeteira. Numa data imprecisa, existia dentro da feira um pequeno comércio respeitável conhecido pelo nome de Farmácia. Neste pequeno comércio respeitável gerido por pequenas pessoas adoráveis vendia se bebida da boa e cada pessoa que por lá passava assinava uma folha de frequência. César Teixeira, um dos maiores compositores da música maranhense e que acredita ser Sousandrade o maior escritor da literatura local, foi um dos seus assíduos frequentadores. A Farmácia existiu e o César Teixeira e uma testemunha dessa época assim como Deco experiente gerente de um bar /restaurante que acompanhava a conversa. Pode ser que a cada reforma uma parte dessa história seja apagada e outra colocada no lugar como muitos querem, mas até o final das reformas nada e definitivo, ainda bem
segunda-feira, 19 de junho de 2023
o capitalismo
O capitalismo e uma construção histórica da humanidade. Quer dizer ele não nasceu num passe de mágica e nem por graca divina. As vezes ou quase sempre a humanidade esquece que o capitalismo nasceu a partir de suas necessidades e nesse esquecimento busca opções como a religião em momentos de crise económica social e ambiental. Um desmatamento e um fato histórico que quase nunca e lembrado porque desmatamentos sempre houveram na história. A humanidade se vale do desmatamento para abrir espaco e construir numa direção. O problema é que o desmatamento parece não ter fim. E a perspectiva de não ter fim e a histórica. O filme a história sem fim do alemão Wolfgang pertensen cabe bem nessa ideia. O seu Raimundo morador do povoado anaja município de Pastos bons começou a intuir que o desmatamento na chapada ao redor do seu povoado não teria fim porque os tratores entravam nas bordas quase na área de proteção permanente. Mais de seis mil hectares entre os municípios de pastos bons paraibano e sucupira para plantar soja. Pelo tamanho o IBAMA deveria ter sido consultado e pelo número de municípios afetados audiências deveriam ter ocorrido. Nem uma coisa e nem outra. A Sema como sempre se comporta feito uma ostra. Nada contra as ostras. Tudo contra a Sema.
o gaucho
Nem todos os plantadores de soja que vêm ao Maranhão podem receber o nome de gaúchos. A indústria de soja começou pelo Rio grande do sul e veio pegando agricultores do Paraná São Paulo mato Grosso mato Grosso do sul minas gerais para seu usufruto. A denominação gaúcho se deve em parte a identificação do rio grande do sul com a soja. Essa denominação foi mais forte. Tem gaúcho que faz questão de pôr ao lado do seu nome essa denominação. É o caso de Sidney gaúcho secretário de esporte de Brejo município do baixo Parnaíba maranhense. E um gaúcho e um ser grosseiro. Taxou o movimento quilombola de Brejo e Buriti que defendem o cerrado de movimento "passa fome". Esse Sidney gaúcho e o mesmo que ordenou um ataque a moradores da comunidade taboquinha município de Buriti. De questão em questão, os gaúchos comprovam a fama de autoritários e intolerantes. Houve um caso de um deles que queria ser atendido antes de todos no cartório de Brejo. A funcionária respondeu que havia outras pessoas à frente. O que ele disse "odeio essa cidade. Aqui só vou ao hotel onde me hospedo e ao cartório para pegar certidões negativas que garantam meus financiamentos
mero acaso
Por um mero acaso, ficou sabendo que o compositor popular Joãozinho Ribeiro fundaria uma biblioteca no centro histórico de São Luís. Uma biblioteca não e somente e nem meramente um espaço para guardar e emprestar livros. Ela para desespero das bibliotecárias e um espaço de pegar emprestado e não devolver, um lugar de pesquisa, de simples leituras de conversas de estudos de escrevinhar de passar as horas os dias e de esperar por alguém. Vez ou outra, graças a biblioteca a realidade propriamente dita da lugar a literatura. Saco das Almas, um nome genial segundo um amigo leitor. Saco das Almas ou das Armas, seguindo uma perspectiva histórica de que essa região toda foi palco da balaiada. Se a realidade abre espaço para literatura também abre para a história. História e literatura se aparentam. O seu Claro e um nome genial e foi uma pessoa genial que lutou contra a compra e venda de terras no território quilombola de Saco das Almas. Parte dessas áreas vendidas virou plantio de soja e os sojicultores querem desmatar mais. Por receberem diversas ameaças os quilombolas se reuniram sobre a Chapada sob a proteção dos bacurizeiros para denunciar os desmatamentos. Saco das Almas abarca áreas dos municípios de Brejo e Buriti, baixo Parnaíba maranhense. Por diversas vezes o nome de seu Claro foi mencionado como um mentor dessa luta. Quem sabe ou quem o sabe que seu Claro saiu das páginas de um cordel de um conto de um romance de um ensaio de um poema para se tornar um personagem histórico do movimento quilombola maranhense? Os quilombolas brincavam e cantavam toadas de bois que remetiam a encenações executadas por seus antepassados nessa biblioteca a céu aberto que e o cerrado.
terça-feira, 6 de junho de 2023
fica chateado
"A gente fica chateado, mas tem que agradecer por chuvas". Lula sobrevoou e visitou as áreas alagadas pelo rio Mearim no inverno de 2023 a convite do governador Carlos Brandão. Ao tratar dos efeitos da chuva, lula fez um contraponto entre o sentimento do cidadão solidário as comunidades afetadas e o sentimento do cidadão consciente de que a chuva e a que menos tem culpa nessa história. Brandão convidou lula somente para ouvir a sua solidariedade ou esperava um compromisso mais sério do tipo "precisamos de grana"? De qualquer forma, Brandão gastou um cartucho com o sobrevoo de Lula que ele poderia ter gasto em outra ocasião. E qual seria essa ocasião? Sabe se que o governo do Maranhão pretende oferecer num futuro não muito próximo ou um futuro tão tão distante dois projetos de infraestrutura para receber aportes do BNDES que são o porto de Alcântara e a ferrovia Alcântara/Acailandia. A melhor ocasião seria "lula faz um favor de vir ao Maranhão que eu quero te mostrar uns projetos vantajosos". Quem sabe nesse dia Brandão chega no ouvido de Lula e conte uma outra história "Deixa eu te contar um segredo os dois projetos vão afetar diversas comunidades quilombolas ribeirinhas assentamentos povoados vao afetar a pesca de água doce e de água salgada e etc. Como e que nos faz ? Não temos nenhuma experiência em lidar com esse público e com esse negócio de meio ambiente".
seus proprios tempos
As comunidades tradicionais e quilombolas tem seus próprios tempos. Deve ter escutado ou lido essa frase não sei quantas vezes. Escutou a como se fosse um exercício de defesa. As comunidades tradicionais e quilombolas se agarrando a um tempo imemorial intocável e irrefletido. A comunidade quilombola Vista Alegre município de Alcântara dista mais de sessenta quilómetros do Cujupe onde o ferry boat ancora para os passageiros descerem e seguirem viagem. A comunidade sofreu uma ação de reintegração de posse por parte do Centro de lançamento de Aeroespacial de Alcântara que derrubou as estruturas de uma pousada familiar que ficava na parte alta da praia. Olhando aquela praia de um dos pontos altos da praia, pergunta se quem foi que disse que o centro e dono da Vista Alegre? Com relação ao tempo. As comunidades quilombolas e tradicionais fazem parte de um tempo que infelizmente e o tempo da tecnologia militar da informação do consumo e da urbanização desenfreada.
a historia dos intelectuais
Um dia quis escrever a história dos intelectuais do município de Urbano Santos. Um caminho natural para um jornalista que vivia no município de conversa com agricultores militantes sociais professores poetas e políticos. Pensar a história de um município a partir de seus intelectuais resultaria em uma nova visão a respeito desse município. uma pena que não tenha levado o pensamento adiante porque descobriria uma Urbano Santos incomum e inusual, fora da órbita das oligarquias e das empresas de reflorestamento com eucalipto. O pensamento de escrever a história dos intelectuais não teve prosseguimento em urbano Santos mas de alguma forma o pensamento se encontrou com seu duplo no município de Guimarães, baixada maranhense e local de nascimento de Urbano Santos no século XIX. Em uma conversa com o secretário de turismo do município ficou de sabendo que além de Urbano Santos, Maria Firmina dos reis, sotero dos reis e Sousandrade também nasceram no município. Incrível que um município tenha contribuído com a história do estado do Maranhão e que ninguém tenha se dado conta disso e se proposto a investigar esse assunto.
os barulhos
Há tipos de transporte para todo tipo de carga e para todo tipo de pessoa. As carroças puxadas a burro típicas dos anos 80 davam chance a homens com nenhuma ou pouca escolaridade de conseguirem exercer um ofício por menos valor que auferisse. Por ser um ofício de gente pobre e negra, sentia na pele o preconceito. Um deles era caso um jovem não quisesse estudar ou saísse muito mal na escola os pais diziam que seria um carroceiro no futuro. Pensava se que era uma profissão sem futuro pela modernização do transporte, pelo aumento na renda das pessoas pelas políticas compensatórias pelo acesso a educação e etc. Engano. Os cruzamentos nas grandes cidades proporcionam a visão de uma cidade que quase não se vê mais. Tudo parara e tudo silenciara a rua do sol em frente ao sindicato dos bancários na tarde de sábado. Uma hora se ia ao portão. Virava se o rosto para a direita e para a esquerda. Vinda de não sei aonde numa desabalada carreira uma carroça cruzou a rua do sol pela rua das flores. Foi desse jeito, o centro de São Luís se fechara contudo a carroça transitava por ele como num espaço aberto.
tipo de transporte
Há tipos de transporte para todo tipo de carga e para todo tipo de pessoa. As carroças puxadas a burro típicas dos anos 80 davam chance a homens com nenhuma ou pouca escolaridade de conseguirem exercer um ofício por menos valor que auferisse. Por ser um ofício de gente pobre e negra, sentia na pele o preconceito. Um deles era caso um jovem não quisesse estudar ou saísse muito mal na escola os pais diziam que seria um carroceiro no futuro. Pensava se que era uma profissão sem futuro pela modernização do transporte, pelo aumento na renda das pessoas pelas políticas compensatórias pelo acesso a educação e etc. Engano. Os cruzamentos nas grandes cidades proporcionam a visão de uma cidade que quase não se vê mais. Tudo parara e tudo silenciara a rua do sol em frente ao sindicato dos bancários na tarde de sábado. Uma hora se ia ao portão. Virava se o rosto para a direita e para a esquerda. Vinda de não sei aonde numa desabalada carreira uma carroça cruzou a rua do sol pela rua das flores. Foi desse jeito, o centro de São Luís se fechara contudo a carroça transitava por ele como num espaço aberto.
celso borges
Celso Borges escreveu um livro que pode ser considerado um memorial. Numa cidade que e vista como um memorial a céu aberto um escritor compor um livro que se quer uma releitura dessa memória e conseguir e uma façanha. Todos sabem que a memória falha e qualquer escrito baseado na memória e falho. O livro de Celso Borges sobre "Lances de Agora", composto e interpretado por Chico Maranhão, e um dos discos mais importantes da música maranhense. Onde foi parar a memória com essa informação? Bem o Lances de Agora e um livro das memórias de Chico Maranhão e onde a memória falha a técnica do escritor a sustenta. Esse foi o teor de uma conversa com Celso Borges no terraço do Sebo do Arteiro conversa que aconteceu em boa parte pela ação de Arteiro. Comentara com este da qualidade do livro mas que faltara uma critica do disco escrita por Tinhorao crítico musical que a publicara no Jornal do Brasil. O livro cita o texto de Tinhorao sem o publicar. Desse comentário nasceu a conversa. Um dia para não esquecer.
gostaria
Gostaria de pensar que a grande maioria das pessoas viaja a passeio e para travar conhecimento com outras culturas. Essa e uma visão romântica e ingénua muito centrada nos séculos XX e XXI. Joseph Conrad, escritor de língua inglesa e nascido na Polónia do começo do século XX escreveu Lord Jim como uma forma de responder a pergunta o que faz os homens aceitarem seus destinos ou suas missões. A inspiração do livro veio a partir da visão de um homem vestido todo de branco e que se locomovia pelo porto de Bombaim, cidade da Índia, que nessa época integrava o império britânico. Na região do Baixo Parnaíba de vez em quando se cruza com seres exóticos vindos de outros estados focados em desenvolver seus projetos sociais e económicos nem que seja a custa da existência dos nativos. Nem precisa especular como Conrad fez em Lord Jim. Só ouvir as conversas alheias que subentende o que está em jogo. Num desses hotéis da vida, um casal conversava no corredor sob a escuridão noturna. 200 hectares, o teor mais preciso. E pelo sotaque, o casal provinha do sul. No dia seguinte, o mesmo casal papearia com um senhor sobre negócios agricultura terra e etc. Os gaúchos dificilmente conversam com os nativos a não ser que seja para convence los a venderem suas terras. Mais de dois séculos de Pecuária arroz trigo soja eucalipto e outras culturas podem levar determinadas regiões do sul do Brasil a inviabilidade. Por isso cada vez mais se vê sulistas no cerrado maranhense.
alcantara e guimaraes
Fica se pensando o quão difícil era navegar de Guimarães a Alcântara numa época de barcos a vela de tempestades repentinas de grandes distâncias e de instintos como guias. Fica se pensando o quao mais difícil se tornava a viagem a medida que a chuva engrossava em plena baía de cuma e não se enxergava nada, apenas água vinda por cima e vinda por baixo. De certo que nessas horas a mais sábia providência era procurar uma embocadura para passar a chuva. Dependendo dela se demorar os tripulantes resolviam dormir com os sentidos no amanhecer. Melhor ancorar em águas seguras do que soçobrar em águas revoltas. Escrito isso, fica se sabendo que Sousandrade escritor maranhense nascido em Guimarães possuía seu próprio barco o qual ele mantinha próximo a baía de cuma. Ele usava o barco para o levar até Alcântara onde se hospedaria no casarão herdado do pai. Uma boa incursão pela cidade seria descobrir o real endereço dessa casa para fotografar e raciocinar como vivia Sousandrade entre Guimarães e Alcântara.
comer peixe
Berlin Alexanderplatz, obra prima do modernismo alemão escrita por Alfred Doblin em 1929. Os anos 20 na Alemanha se encaminham para o nazismo. Os anos 20 no Brasil se encaminham para o golpe liderado por Getúlio Vargas em 1930. A opção fascista cai como uma luva nas mãos de uma elite que procura evitar a ascensão das esquerdas. Alfred Doblin em seu livro captou bem o clima que comprime a sociedade alemã e que a conduz ao autoritarismo. No caso do Brasil houve algum escritor que tenha dotado sua narrativa de uma análise premonitória do que se tornaria o Brasil com o golpe? Sérgio Buarque de Holanda cita Doblin em uma de suas críticas literárias. Mera citação ou Sérgio Buarque compreendeu bem o substrato ideológico social que vinha a público com o nazismo? O nazismo foi um fenômeno social econômico mas sobretudo um fenômeno histórico. Que eventos na história da Alemanha contribuíram para o surgimento do nazismo ? E que eventos na história do Brasil contribuiram para o surgimento do getulismo e de outros populismos? A obra de Sérgio Buarque de Holanda de maneira enviesada reflete essa história pouco contada
berlin
Berlin Alexanderplatz, obra prima do modernismo alemão escrita por Alfred Doblin em 1929. Os anos 20 na Alemanha se encaminham para o nazismo. Os anos 20 no Brasil se encaminham para o golpe liderado por Getúlio Vargas em 1930. A opção fascista cai como uma luva nas mãos de uma elite que procura evitar a ascensão das esquerdas. Alfred Doblin em seu livro captou bem o clima que comprime a sociedade alemã e que a conduz ao autoritarismo. No caso do Brasil houve algum escritor que tenha dotado sua narrativa de uma análise premonitória do que se tornaria o Brasil com o golpe? Sérgio Buarque de Holanda cita Doblin em uma de suas críticas literárias. Mera citação ou Sérgio Buarque compreendeu bem o substrato ideológico social que vinha a público com o nazismo? O nazismo foi um fenômeno social econômico mas sobretudo um fenômeno histórico. Que eventos na história da Alemanha contribuíram para o surgimento do nazismo ? E que eventos na história do Brasil contribuiram para o surgimento do getulismo e de outros populismos? A obra de Sérgio Buarque de Holanda de maneira enviesada reflete essa história pouco contada
sergio buarque de holanda
Quem quer escrever algo de relevante em temos de História do Brasil deve ler Sérgio Buarque de Holanda. Ora, pois, ele não e recomendado por essas placas? Recomendar e uma coisa. Aceitar e outra bem diferente. No caso do Brasil, nem se recomenda e nem aceita com facilidade e docilidade. São raras as exceções, e claro, que a vem a ser às recomendações para as provas de vestibular. Sabes o caminho do Sebo, da livraria, do amigo com cara de intelectual. Vai atrás. Os livros de Sérgio Buarque de Holanda nunca foram recomendados para nada. Nem para o curso de agronomia (raízes do Brasil) para o curso de Teologia (visões do paraíso), psicologia (homem cordial) e geografia ( caminhos e fronteiras). Tirando o deboche, Sérgio Buarque deveria ser recomendado porque ele escreve sobre o Brasil ou o Brasil paulista pré independência com o maior discernimento e com a maior presteza que um escritor possa ter. Além disso, Sérgio Buarque escreve sobretudo sobre a cultura indígena. No Brasil o que havia era a cultura indígena e a cultura mestiça.
o que se le
O que se lê ? O que e ler? Ler de tudo um pouco. Bula de remédio, enciclopédia, revista em quadrinhos, Bíblia sagrada, folheto de igreja. Caçava gravuras de batalhas nos livros e muitas vezes os abria ao contrário. Os parentes anos mais tarde brincavam com essa história para se ler o cerrado de forma correta veja o que existe debaixo do solo. O cerrado e um bioma cujas árvores crescem mais para baixo do que para cima. Elas criaram uma rede de comunicação de raizes pela qual conversam seus assuntos. O que elas conversam ? Os centímetros que cresceram ano passado. A quantidade de água que pingou no lençol freático. As tentativas de grilagem de terras e desmatamento como a da empresa JSV geração empreendimentos imobiliária oriunda do Espírito Santo que quis entrar no território da comunidade Baixão dos Loteros em Urbano Santos. E claro que a comunidade não deixou. Mas tem quem queira que a comunidade deixe. O Paulo do cartório de Urbano Santos defende que a comunidade faça um acordo com a empresa.
licenças ambientais
Nos dias 25 e 26 de janeiro de 2022 o então secretário de meio ambiente do estado do Maranhão Diego Rolim estava em seus últimos dias a frente do órgão. Carlos Brandão assumiria a governadoria no lugar de Flávio Dino que faria campanha para senador da república. Espera se que um gestor de um órgão nesses dias faça uma avaliação de suas realizações. No caso da Sema, todo cuidado é pouco porque realizações podem estar associadas a licenças ambientais dadas de forma indiscriminadas. O então secretário Diego Rolim e seu adjunto Júlio Portela nos dias 25 de janeiro e 26 de janeiro assinaram a licença única ambiental e a autorização de supressão vegetal de processos abertos pela Manchester Agroindustrial em 2018 na Sema para desmatar mais de 500 hectares no município de Buriti e plantar soja nesses hectares. Para cada procedimento há um processo. O processo de licença única ambiental só pode ser analisado a partir do momento em que supressão de vegetação e concluída e o empreendedor envia um relatório ao órgão ambiental. Mas... O secretário e seu adjunto assinaram primeiro a licença única e no dia seguinte, como assim no dia seguinte, assinaram a autorização de supressão de vegetação. Se isso não for irregularidade num órgão que deveria primar pelo respeito a coisa pública não se sabe o que isso e. Parece queima de estoque. Estou de saída e vamos liquidar as terras públicas. Vai lá secretário. O pior é que o secretário e seu adjunto autorizaram desmatamento e plantio de soja em mais de 500 hectares de puro cerrado preservado. Alguns dos últimos remanescentes de cerrado do município de Buriti.
historia da ocupaçãp
Para uma história da ocupação há várias histórias de desocupação. Caso prevaleça uma possível ocupação da ilha do Cajual no município de Alcântara, quantas famílias de Quilombolas desocuparão suas terras para dar lugar a um porto? Acalentava uma história da ocupação do rio anil como uma releitura da história de São Luís. Uma paródia, por assim dizer. Um drama. O rio Anil e outros tantos rios deram suas contribuições fartas ao surgimento e ao crescimento de São Luís. Uma história inexplorada ? Se for possível que nesse estágio atual algo continue inexplorado. Tudo já foi explorado de pouco a muito. Um rio uma chapada um babaçual. Uma hora a exploração esgota e esgota se. Propor uma história da ocupação do rio anil pressupõe uma história da desocupação. Os vários galpões erguidos e fechados ao longo da margem tem muito a revelar. Desocupar para nada produzir. O que será da desocupação de Alcântara e das comunidades quilombolas da ilha do Cajual?
os meus matos
Um pouco antes das seis da manhã, ele pressentiu movimentos pela casa. "A senhora vai a feira?""Sim, vou. Não posso ficar sem meus matos""Preciso ir?"" Seria bom". A feira a bem da verdade não era uma feira como se costuma dizer. Umas barracas se disciplinavam sobre a calçada de um desses órgãos da agricultura familiar. Reparou que a maioria dos clientes transparecia idade avançada. "0s meus matos" couberam em uns três sacos plásticos e dariam gosto a comida durante a semana. Essas palavras "os meus matos" constituíam prova de quanto o maranhense descendia da cultura indígena e de que essa cultura aflorava imperturbável. Como na feira, a pessoa vai rapidinho na memória e saca alguma expressão que sirva aos seus propósitos. Essas expressões dificilmente se falam de forma aberta para todos ouvirem. Por receio de incompreensão do grupo social a que se pertence. A sociedade de maneira geral detesta histórias que envolvam questões sociais. O Marcelo, morador do povoado bacaba município de Buriti e descendente de indígena requereu 50 hectares de chapada junto ao Iterma. As empresas Interalli e Manchester Agroindustrial desmataram os 50 e mais 450 hectares. Não sobrou nada. O Marcelo denunciou o desmatamento dos "matos" dele e a resposta dos órgãos foi a de praxe "mande seus dados". Uma resposta diferente porém veio da secretaria de meio ambiente de Buriti " não foi encontrada nenhuma autorização de uso e ocupação do solo assinada por essa administração. E possível que as empresas estejam utilizando autorizações inválidas que passaram do prazo. Isso e usual". A secretaria de meio ambiente de Buriti ficou de oficiar as empresas pedindo toda a documentação.
forma de ler
A sua forma de ler e escrever era imprevisível. Lia por temas e um dos seus temas favoritos era cidade e tudo que se relacionava a ela. Seguia no Instagram um jornalista e historiador que entrevistava historiadores em seu programa na rádio. Certo dia, entrevistaria a historiadora Rafaela Basso que escrevia sobre alimentação em São Paulo do século XVII. Por conta do post, foi atrás dos livros e a leitura levou o a Sérgio Buarque de Holanda. Escrever ia no mesmo caminho. Ficara sem fazer nada e passou a se perguntar porque o navio que transportava o poeta Gonçalves Dias em sua viagem de volta para São Luís vindo da Europa tomara o caminho beirando o litoral de Guimarães na segunda metade do século XIX. E nessa decisão se deu o naufrágio do barco na baía de Cuma entre Guimarães e Alcântara com a morte do poeta Gonçalves Dias. Dessa especulação a mente se revirou em direção ao projeto do porto de Alcântara ou melhor projeto do porto na ilha do Cajual município de Alcântara. Que provavelmente a sua construção se dará na porção da ilha mais próxima de Alcântara e mais próxima do alto mar.
o eterno retorno
Fala se muito do ataque do agronegócio as comunidades tradicionais mas pouco se fala do ataque do agronegócio ao direito de exercer a posse da terra por parte dessas comunidades. O direito de exercer a posse pode estar no coletar de bacuris nas Chapadas das comunidades Vila Borges e Vila Chapéu. Essas comunidades coletavam bacuris nessas chapadas havia décadas e resistiram a várias investidas do agronegócio. Infelizmente não tiveram a menor chance de resistir no momento em que um empresário de São Paulo escudado por documentos fraudulentos desmatou centenas de hectares. Os documentos obtidos por esse empresário negaram o direito dessas comunidades ao exercício da posse. O exercício da posse e um direito que um indivíduo ou uma comunidade consegue por morar naquela ou viver daquela área por seus próprios meios. As comunidades tradicionais e quilombolas são antes de tudo posseiros. O assassinato do seu Edvaldo, liderança do território quilombola Jacarezinho, município de São João do soter, não foi desvendado mas se sabe que os grileiros ordenaram porque a atuação do seu Edvaldo ia no sentido de organizar as posses dos moradores numa grande posse. Caso o trabalho dele continuasse, as posses seriam regularizadas e tituladas em nome das comunidades e para o agronegócio isso e impensável. O agronegócio só aceita regularização da posse se for para entrar no mercado de terras.
fala se muito
vFala se muito do ataque do agronegócio as comunidades tradicionais mas pouco se fala do ataque do agronegócio ao direito de exercer a posse da terra por parte dessas comunidades. O direito de exercer a posse pode estar no coletar de bacuris nas Chapadas das comunidades Vila Borges e Vila Chapéu. Essas comunidades coletavam bacuris nessas chapadas havia décadas e resistiram a várias investidas do agronegócio. Infelizmente não tiveram a menor chance de resistir no momento em que um empresário de São Paulo escudado por documentos fraudulentos desmatou centenas de hectares. Os documentos obtidos por esse empresário negaram o direito dessas comunidades ao exercício da posse. O exercício da posse e um direito que um indivíduo ou uma comunidade consegue por morar naquela ou viver daquela área por seus próprios meios. As comunidades tradicionais e quilombolas são antes de tudo posseiros. O assassinato do seu Edvaldo, liderança do território quilombola Jacarezinho, município de São João do soter, não foi desvendado mas se sabe que os grileiros ordenaram porque a atuação do seu Edvaldo ia no sentido de organizar as posses dos moradores numa grande posse. Caso o trabalho dele continuasse, as posses seriam regularizadas e tituladas em nome das comunidades e para o agronegócio isso e impensável. O agronegócio só aceita regularização da posse se for para entrar no mercado de terras.
acumulaçao primitiva no maranhao
Acumulação primitiva no Maranhão
O Maranhão mantém traços característicos de outras épocas em plena atualidade. Um desses traços e o da acumulação primitiva do capital por parte da elite. Saliente se nessa capacidade de acumulação primitiva a incapacidade do estado do Maranhão em promover o desenvolvimento a partir dos seus próprios meios. Depende de iniciativas de fora para quem sabe angariar fundos. A região da baixada maranhense litoral oeste é uma das regiões onde se encontra maior concentração e diversidade de pescado e mariscos do Brasil. Esse fato não é nenhuma novidade, mas quantos milhões foram investidos para dinamizar a pesca no litoral maranhense? Como se encontra a infra estrutura de portos pesqueiros nos municípios? O governo do Maranhão vem com uma história de incentivar a construção de um porto em Alcântara com a finalidade de exportação de produção agrícola e mineral do oeste maranhense. Olha ai a acumulação primitiva. Retira se do solo as riquezas e exporta se ate esgotar em pouco tempo. A acumulação primitiva do capital pela cultura do café gerou a semana de arte moderna de 1922. A acumulação primitiva do agronegócio e da mineração no oeste maranhense vão gerar o que a não ser a destruição das comunidades tradicionais e quilombolas e de seus modos de produção e de convivência social e humana ?
a sema e a ostra
O capitalismo e uma construção histórica da humanidade. Quer dizer ele não nasceu num passe de mágica e nem por graca divina. As vezes ou quase sempre a humanidade esquece que o capitalismo nasceu a partir de suas necessidades e nesse esquecimento busca opções como a religião em momentos de crise económica social e ambiental. Um desmatamento e um fato histórico que quase nunca e lembrado porque desmatamentos sempre houveram na história. A humanidade se vale do desmatamento para abrir espaco e construir numa direção. O problema é que o desmatamento parece não ter fim. E a perspectiva de não ter fim e a histórica. O filme a história sem fim do alemão Wolfgang pertensen cabe bem nessa ideia. O seu Raimundo morador do povoado anaja município de Pastos bons começou a intuir que o desmatamento na chapada ao redor do seu povoado não teria fim porque os tratores entravam nas bordas quase na área de proteção permanente. Mais de seis mil hectares entre os municípios de pastos bons paraibano e sucupira para plantar soja. Pelo tamanho o IBAMA deveria ter sido consultado e pelo número de municípios afetados audiências deveriam ter ocorrido. Nem uma coisa e nem outra. A Sema como sempre se comporta feito uma ostra. Nada contra as ostras. Tudo contra a Sema.
quarta-feira, 12 de abril de 2023
as aguas que atolaram os tratores
As pessoas podem não se aperceber mas suas vidas são reguladas diariamente pela força e pelo ritmo das águas. Basta um pouco de água no lugar e no momento certos para tudo sair fora do planejado. Os funcionários da Bomar e da Terpas planejaram tudo direitinho. Chegariam de madrugada a comunidade do Baixão dos Rocha, municipio de São Benedito do rio preto, expulsariam os moradores e derrubariam suas casas. Não contavam nesse planejamento com a astúcia das águas. Os tratores atolaram numa passagem de água e não puderam ser retirados. E bem capaz que se os funcionários das duas empresas tivessem desatolado os tratores, alguém afirmaria que não havia provas da participação das duas empresas. E alguém a dizer tal feito podia ser o prefeito de São Benedito o governador do estado e etc. Como os tratores ficaram atolados havia uma prova de que duas empresas ordenaram a derrubada de casas na calada da noite. As imagens dos tratores circularam pela mídia o que causou comoção em setores que geralmente não se comovem e nem se dignam a sair de seus escritórios para ver a realidade das comunidades quilombolas e tradicionais do Maranhão. As autoridades competentes se dignaram a verificar in Loco o acontecido. Da verificação surgiu um número mágico. 357 hectares que a justiça determinou que o Iterma regularizasse em nome da comunidade do Baixão dos Rocha. Como assim 357 hectares se a comunidade luta por 600 hectares e quem sabe 1400 hectares de terras públicas que as duas empresas desmataram e plantaram soja? A destruição das casas valeu de que mesmo se quem ganhou mesmo foram as duas empresas e não a comunidade que viu seu pleito ser desfigurado?
rio mearim
A gente fica chateado, mas tem que agradecer por chuvas". Lula sobrevoou e visitou as áreas alagadas pelo rio Mearim no inverno de 2023 a convite do governador Carlos Brandão. Ao tratar dos efeitos da chuva, lula fez um contraponto entre o sentimento do cidadão solidário as comunidades afetadas e o sentimento do cidadão consciente de que a chuva e a que menos tem culpa nessa história. Brandão convidou lula somente para ouvir a sua solidariedade ou esperava um compromisso mais sério do tipo "precisamos de grana"? De qualquer forma, Brandão gastou um cartucho com o sobrevoo de Lula que ele poderia ter gasto em outra ocasião. E qual seria essa ocasião? Sabe se que o governo do Maranhão pretende oferecer num futuro não muito próximo ou um futuro tão tão distante dois projetos de infraestrutura para receber aportes do BNDES que são o porto de Alcântara e a ferrovia Alcântara/Acailandia. A melhor ocasião seria "lula faz um favor de vir ao Maranhão que eu quero te mostrar uns projetos vantajosos". Quem sabe nesse dia Brandão chega no ouvido de Lula e conte uma outra história "Deixa eu te contar um segredo os dois projetos vão afetar diversas comunidades quilombolas ribeirinhas assentamentos povoados vao afetar a pesca de água doce e de água salgada e etc. Como e que nos faz ? Não temos nenhuma experiência em lidar com esse público e com esse negócio de meio ambiente
quarta-feira, 15 de março de 2023
oficial de justiça
No dia 23 de fevereiro de 2023, o oficial de justiça de Buriti Joaquim Almeida da Silva Filho realizou uma inspeção judicial numa área de 150 hectares que se encontra em disputa ambiental jurídica e social no povoado Carrancas envolvendo o senhor Gabriel introvini plantador de soja e o senhor Vicente de Paulo agricultor familiar. Pelo que consta no processo, a última distribuição se deu em fevereiro de 2022 quando os advogados dos introvini pediram ao juiz que garantisse a posse do terreno. Subtende-se que a inspeção aconteceu mais de um ano após a solicitação dos advogados. Nesse transcorrer de tempo aconteceram muitas coisas e uma delas foi que a Vara Agrária concedeu uma liminar de manutenção de posse favorável ao Vicente e desfavorável ao Gabriel introvini. Perguntar não ofende: por que o oficial de justiça realizou uma inspeção judicial de um caso que não e mais de competência do juiz de Buriti? Por que o Vicente de Paulo não foi comunicado da inspeção? Por que o oficial de justiça em sua narrativa trata Vicente de Paulo e sua família como invasores? Esse é um termo perjorativo e quem geralmente usa são os grandes proprietários. Pelo visto o oficial assumiu o discurso do proprietário. Se a inspeção judicial foi feita para favorecer o plantador de soja ela incorreu num efeito contrário pois todas as fotos tiradas pelo oficial demonstram a posse de Vicente de Paulo e de sua família enquanto que os Introvini não tem nenhum benefício.
em movimento
Pode não se evidenciar mas quase tudo se movimenta mesmo a noite. O gado comia o capim a beira do rio Itapetininga povoado Paricatiua resex Itapetininga município de Bequimão. Em razão da noite escura ouvia se apenas o quebrar do capim e o morder dos animais. Eles sentiam necessidade de botar sal na boca. O sal que se grudara no capim do peixe boi devido as águas do mar que encharcavam a beirada do rio. Desse jeito o gado se criava. O dono soltava os animais que iam atrás de comida. A necessidade de se alimentar tira o animal da sua zona de conforto e o impele a vagar por caminhos incomuns e tortuosos. Quase certo que esse rebanho descendia de bois puxadores de carros de antigas fazendas de proprietários do século XIX. Os carros de boi transportavam cana de açúcar para os engenhos moerem e fabricarem açúcar cachaça e outros produtos. Por décadas municípios do litoral oeste maranhense como Alcântara Bequimão Guimarães forneceram alimentos para a cidade de São Luís. Pescados mariscos frutas carne gado e porco, galinha caipira, açúcar arroz, babacu, abasteciam mercados feiras pequenos comércios restaurantes e residências da capital maranhense. De tanta fartura , chegou se a formular a ideia de que essa região representava representava um pequeno "paraíso" ou um pequeno "refúgio" dentro da estrutura agrária maranhense. Sem grandes conflitos, os moradores podiam caçar pescar rocar tirar madeira construir casa na terra dos outros que tudo ficava bem e por isso mesmo. Uma hora a conta chega e o mercado capitalista quando quer cobra caro. O mercado está de olho gordo no que a região tem de mais precioso. A relação com a água, seja doce ou salgada. A construção de um porto na ilha de Cajual em Alcântara e de uma ferrovia entre Alcântara e Açailândia com o intuito de escoar a produção de grãos e os produtos da mineração podem acarretar danos incomensuráveis a qualidade e a quantidade da água doce da qual se serve a população e a pesca já que a ilha de Cajual e um grande berçário de várias espécies de peixes
porto de alcantara
Em qualquer lugar, tem que se saber entrar. Esse não e o caso da secretaria de meio ambiente do estado do Maranhão que entra sem pedir licença e da licenças ambientais sabe Deus como. Chegar de qualquer jeito leva a bordoadas: "vende teu peixe e vai te embora". O preço da pescada amarela tá caro e vai ficar mais caro ainda se depender dos projetos do governo do Maranhão para a região de onde se extrai a maior quantidade de peixe no litoral maranhense. Governo do Maranhão iniciou as tratativas para a construção de um porto na ilha do Cajual em Alcântara. O governo do Maranhão e a empresa responsável grão pará (reminiscências de um passado glorioso) foram chegando e cercando as comunidades quilombolas que vivem na ilha do Cajual. Será que as comunidades quilombolas e a sociedade de Alcântara apreendeu absorveu e compreendeu o que é receber um porto em seu território? Provável que não. Dando uma dimensão do problema. Como qualquer iniciativa de infraestrutura, um porto precisa de grandes áreas para a sua instalação. E inevitável que comunidades localizadas por perto acabem desaparecendo pelos impactos que as obras causem. Os responsáveis pelo projeto do porto e o governo do Maranhão informaram corretamente as comunidades antes delas darem seu aval a construção? Difícil.
paragrafo
Escreva um parágrafo sobre o almoço ocorrido em buriti, rapaz. Para alguém que mal sabia passar um café e fritar um ovo esse pedido quase ordem soou irónico ou surreal. Escrever que serviram a galinha caipira como prato principal ? Se for isso tá escrito. Da pra divagar um pouco tipo o caminho percorrido pelas chapadas de Buriti. Um caminho divagante onde para se perder custa pouco. Pela segunda vez em quae dez anos, alguns abençoados lhe convidaram para comer galinha caipira no povoado Marajá. A família que o convidara disputava uma área de chapada com os vizinhos. Essa confusão se arrastava por longos anos e sem nenhuma previsão de encerramento. Suspeitava se que a fazenda palmeira bancava o advogado dos vizinhos. Sabe como e. Plantador de soja que favorece alguém não e porque seja bonzinho e sim porque quer algo mais na frente. Nós municípios de Buriti e Mata Roma três grupos empresariais devoram as Chapadas com seus plantios de soja: fazenda Europa fazenda Palmeira e família introvini. Elas se especializaram em plantar mas também se especializaram em destruir o Cerrado com a cara mais lavada possível como se fosse a coisa mais natural. No almoço rolou uma caipira no leite de coco babacu daquelas de lamber o beiço. De sobremesa rolou uma melancia cujos pedaços mal cabiam na boca de tão grandes. A chapada do povoado Marajá fora grande outrora e reduzira se a pequenos fragmentos cobiçados pelas empresas de soja e pela interalli, responsável pelos desmatamentos.
Acabou sendo mais que um parágrafo sobre um almoço
domingo, 5 de março de 2023
juçara
Quem toma juçara deve saber que ela só aceita poucos acompanhamentos. Farinha seca farinha dagua açúcar carne seca peixe seco e por aí vai. Se não sabe procure saber porque essa é uma informação preciosa capaz de evitar intoxicação alimentar. Como dizem, juçara e quase um almoço. Um almoço que a tarde vira uma merenda e a noite vira um jantar. Por décadas, tomava se juçara em casa ou alguma festa numa tigela copo xícara. Onde coubesse a juçara a farinha e o açúcar tava de bom tamanho. Originalmente, um hábito de famílias pobres que colhiam os frutos subindo na jucareira e amassavam para tirar o suco ou compravam em vendas simples construídas em mercados ou feiras. Quanto mais a floresta Amazônica fica pra trás menos juçara tem. Não se sabe o tempo que faz, mas o município de Chapadinha e atendido por uma franquia que vende produtos a partir da juçara e nesse caso pouco importa o acompanhamento. Granola, leite condensado e o escambau. Os paraenses chamam isso de heresia. Paraenses chamarem algo de heresia e quase uma piada. E o povo mais herético do Brasil. Chapadinha e um município predominante de Cerrado com algumas manchas de floresta Amazônica da qual faz parte o ambiente da Juçara os brejos e os alagados. A produção de juçara no município e incapaz de fornecer o suficiente para esse tipo de empreendimento portanto a manufatura vem de outras regiões. A quantidade expressiva de fregueses na Acaiteria a noite comprovaria que os chapadinhenses há muito tempo ou abandonaram o hábito de tomar juçara em casa ou se encantaram com a ideia de tomar juçara em um ambiente consumista. Entre hábitos tradicionais e modernos a sociedade consome um produto com a cara da Amazônia com uma cobertura industrial. contudo, as referências da juçara não são apenas geográficas. As referências também são histórico sociais. Histórias de pobreza humilhações e fartura. O consumo como qualquer ato humano e contraditório.
milho verde
Menos se espera, ouve se "milho verde, milho verde". Um senhor de moto subia a rua paralela oferecendo milho para quem quisesse comprar. De onde viria aquele milho? A entonação da voz sinalizava para algum lugar há muito esquecido. Em outra ocasião, um outro senhor subira a sua rua e pronunciara "sururu, sururu". Tão raro escutar sururu e muito mais raro escutar milho verde. Os vendedores vinham de longe e carregavam consigo essas lonjuras de preferência pela manhã. Por conta do "milho verde", o "sururu" retornara a sua memória que ficara entreaberta da última vez em que quase fotografara o vendedor. Hesitara e por fim desistira da foto. A voz vinda de longe expande mais a memória do que uma simples foto.
escritores
Para os escritores maranhense Nascimento Moraes e Astolfo Marques a data mais importante para os maranhenses se reportava a abolição da escravatura em 13 de maio de 1888, mais importante até que a proclamação da república em 15 de novembro de 1889 por Deodoro da Fonseca. A província do Maranhão ao longo da história foi especialista em dar provas que mudanças de regime nunca foram seu forte. O Maranhão aderiu a independência em julho de 1823, quase um ano depois do grito de Ipiranga. Essa demora, segundo dizem, passa pelo fato de que a economia maranhense negociava direto com Portugal assim como os filhos da elite maranhense iam estudar em Lisboa. Em termos econômicos a independência representou uma perda considerável para o Maranhão. Claro que essa perda não poderia ser verbalizada descaradamente. Nessas circunstâncias, a melhor forma de escancarar a insatisfação da elite maranhense perante a independência e a sua perda económica seria construir fatos estéticos e literários que forçassem uma superioridade em relação ao restante do Brasil. Atenas brasileira, melhor português falado, capital fundada por franceses e segundo melhor carnaval do Brasil?!!! O que e isso senao uma forma simbólica de compensar uma perda material.
o dia
Ele separaria um dia e este dia o levaria ao povoado Coceira, município de Santa Quitéria, palco de tantas lutas e tantas conquistas socioambientais. Estava certo disso e tão certo que imaginava como o receberiam. Saudades tamanhas que mal cabem em abraços e palavras. Sabia o nome de todos eles, os cabeças, aqueles que comandaram a resistência contra o avanço dos tratores da Suzano Papel e Celulose e de Gilmar Locatelli sobre as Chapadas marcadas por infinitos bacurizeiros. A Suzano partiu e o Gilmar não deu mais as caras. Tirar os grileiros como Chico Zulmira vira com o tempo. Sabia os nomes de todas as lideranças de Coceira Baixão da Coceira Lagoa das Caraíbas São José que conseguiram a regularização fundiária. Deixa quieto. Melhor guardar no coração. Fala se muito de resistência da parte das comunidades, mas a maior resistência e frente ao tempo e o que ele faz com as pessoas. O tempo faz esquecer. E preciso então citar um nome entre tantos. Seu Veríssimo falecido recentemente, liderança fantástica de Coceira. Ele posou para uma foto e nessa foto ele está inesquecível. Com as pernas cruzadas e a mão segurando o rosto envelhecido. Se não fosse por ele e por outras lideranças a Coceira estaria hoje com eucaliptos nas portas das casas e sem safra de bacuri. Atualmente, a safra de bacuri no Coceira chega a 80 toneladas.
Suzano grila cinco mil hectares em Urbano Santos
Um conhecido apelou para sua imaginação: "Mayron tu nem sabes. Pedalava pela cidade quando topei com um fragmento de Cerrado perto do centro de Chapadinha." Recordava do nome dele, Ayres, e da sua profissão, economista, mas não se recordava em qual circunstância se conheceram. Era a mesma coisa com livros. Quantos livros comprara e ao ler e gostar se martirizava "por que foi mesmo que comprei?" O livro "Microcosmos" de Cláudio Magris fora desse jeito. Comprara por alguma razão, guardara na estante e ao le lo com gosto se esquecera da razão por completo. A razão por recordar o conhecido e a sua pedalada pelo cerrado sabia. As áreas de Cerrado no Baixo Parnaíba maranhense se reduziram por conta da soja e do eucalipto. Quem quiser ver Cerrado em grandes extensões terá que sair de Chapadinha e entrar em Urbano Santos mais precisamente povoado de Jucaral. Mais de 100 famílias moram nesse povoado há mais de um século e vivem da agricultura familiar e do extrativismo do bacuri. Várias vezes requereram ao Iterma a regularização de seu território e órgão nunca se dispôs a realizar o trabalho. Ultimamente a Suzano papel e celulose tem reinvidicado a posse de mais de cinco mil hectares o que pega Jucaral todos os santos bebedouro cutia gorda Guariba gorda e laranjeiras. A Suzano reivindicar a posse de cinco mil hectares e muita cara de pau. A posse e um instrumento que favorece o pequeno agricultor e não uma grande empresa. A Suzano quer os cinco mil hectares para vender a empresa AVB que tem a primeira usina siderúrgica de carbono neutro do mundo em Acailandia. O que a Suzano está fazendo e grilagem de terras o que ela sempre fez seja em Urbano Santos Santa Quitéria Anapurus Brejo São Bernardo e etc. Grilar terras públicas em seu nome. Mais de 40 mil hectares foram desmatados nos anos de 2009 e 2010 para que ela plantasse eucalipto. A Suzano pretende vender as áreas de eucalipto e as áreas de Cerrado para serem virarem carvão.
Um porto na Camboa
Que incrível. Quem passa pela camboa nem sonha que ali foi um dos portos mais movimentados e mais importantes da cidade de São luis em tempos pretéritos. As pessoas viajavam de Alcantara, enfrentando as mares os ventos, tempestades e a noite escura, em barcos a vela e desembarcavam num porto na foz do rio Anil com suas cargas de alimentos que entregavsm aos familiares ou aos comerciantes. Uma carga que não entregavam eram seus sonhos e ideais. A cidade de Alcantara foi a cidade mais importante do Maranhao em determinado momento da historia. Produzia açúcar e algodão e exportava para os Estados Unidos. Essa relevância econômica se comprovava no número de senadores de alcantara na época do império. Foram cinco senadores. Alcântara fornecia quase todo alimento para a cidade de São Luis. Como a cidade de Alcantara perdeu relevância na economia e na politica maranhenses? E como isso e pouco debatido. A perspectiva da construção de um porto na Ilha do Cajual traz em seu bojo a promessa de retomada econômica e social de uma região que foi esquecida e ainda e pelas eltes maanhenses. A retomada é a isca que as elites jogam para ver se a sociedade engole o projeto da construção do porto.
O porto do rio anil
Um amigo lhe pediu que o ajudasse a conseguir o livro memorias póstumas de Bras Cubas, livro de machado de assis que deveria ler para poder responder eventuais perguntas numa prova. Esse amigo morava longe, em santa quiteria. Para atender o pedido, a pessoa que pensou e correu atras foi o amigo dono de um sebo literário. Pensou nesse sebo porque vivia nele, conversando sobre politica e literatura. Ao ser consultado, o dono do sebo respondeu que naquele momento o livro estava em falta. E o amigo de Santa Quiteria, espremido pelo tempo, queria saber se conseguira o feito. Por sorte, o dono do sebo adquiriu o livro por aqueles designios divinos que não ousava perguntar porque os segredos dos deuses dos sebos devem ser bem guardados. Pegou o livro e o carregou ate em casa. Observou que os livros de romace de Machado de Assis lera todos, mas não comprara nen hum. Lera todos emprestados. Era um tempo que não comprava livros. A edição que comprara para o amigo era bonitinha. Deu vontade de comprar um para si. Uma hora, compra-se. Veio a mente a seguinte questão: como a sociedade brasileira se relaciona com seu passado, visto que memorias póstumas é um livro escrito por um morto que narra a sua morte para depois passar a narrar fatos de sua vida? E bom fazer perguntas desse tipo, pois um dia antes de pegar o livro no sebo dialogava com os vizinhos em torno da historia de um porto que ficava perto do lugar onde morava. Nunca ouvira falar de um porto ali perto. O porto segundo o comunicaram pertencia a uma fabrica de beneficiamento de babaçu e nela trabalhavam todos do bairro. Se havia um porto e nele aportavam barcos, a maré subia pra peste e nela se banhavam as crianças e os jovens que desciam as ruas em busca do famoso rio anil.
bibliotecas
Em toda a sua vida, ele teve contato com poucas bibliotecas particulares em comparação com o contato que teve com as livrarias, mas foi do acesso a essas bibliotecas que obteve as mais fortes emoções. O acesso as bibliotecas particulares lhe conferiu emoções nunca antes sentidas porque requereu uma grande dose confiança da parte do dono. Por alguns instantes deixaria de escrever biblioteca particular para escrever coleção particular que e a expressão mais apropriada para o que será abordado. Um professor de matemática, seu nome era João Berto, ambos moravam na Liberdade, sabia do seu apreço pela obra de Agatha Christie e que gostaria de ler o máximo possível de livros da autora. Por essa razão lhe apresentou um amigo professor, morador da avenida principal da liberdade, e a sua coleção completa de Agatha Christie. Sentiu se abismado na presença de tantos livros. Um abismo que o levava a um labirinto de leituras da qual nunca sairia. A princípio, sair para onde ?
As margens dos rios e manguezais
Da lama ao caos o disco/CD mais importante da música brasileira em 40 anos. Gravado pela banda recifense Chico Science e Nação zumbi em 1994, exatos trinta anos do golpe militar. Quem tiver interesse em listar as palavras mais frequentes nas letras de Chico Science encontrará lama caos rios pontes pontes overdrives caranguejo mangue/manguezais Josué samba maracatu fome cidade recife e etc. Nenhuma dessas palavras se impunha no discurso das músicas. A presença dessas palavras provocava uma ruptura no aparato discursivo utilizado tradicionalmente na música brasileira. Da lama ao caos título do disco/CD era uma ruptura porque lembrava mais um título de banda de heavy metal do que um grupo nordestino. O título de um discos do Sepultura e Caos A.D. Boa parte das palavras que Chico Science expôs em suas músicas eram sumariamente evitadas. A narrativa de Da Lama ao Caos se caracterizava por refrescar a memória do público da existência dessas palavras que a rotina capitalista foi apagando. Pode parecer inacreditável, mesmo uma palavra como rio era pouco ouvida em músicas a não ser claro que pense em rio de janeiro. "Rios pontes e overdrives" a terceira faixa de Da Lama ao Caos não cita de que rio ponte e overdrives está se tratando. Ausentar nomes garante um ar de universalidade quase inacreditável a obra. E claro que a universalidade de Da Lama ao caos e bem maior que isso. Os rios que Chico deixa de citar sao o Beberibe e o Capiberibe. Ele conhecia os rios e ouviu várias vezes seus nomes. Devia passar perto deles constantemente. Quer se crer que o sujeito social presente em Da Lama ao Caos "o homem coletivo sente a necessidade de lutar"(monólogo ao pé do ouvido) e como se fosse aquele fugitivo da história do Brasil que se depara com um grande fluxo de água e e incapaz, por ser de muito longe, de nomea lo e de saber onde está.Da lama ao caos e o disco daqueles que vieram de longe e que se viram obrigados a ocupar as margens dos rios mangues cidades e etc. Ao ocuparem deram suas próprias visões a uma história pouco contada
chuva
Choveu o que não tava escrito. Choveu o que não tava no Gibi. Até onde sabia, chove muito no carnaval e quem reclamar vai perder tempo. Indagava se porque saira de casa ao ver a chuva cair de com força pelas ruas e pelos telhados das casas. Existe algum lugar melhor para ficar durante uma chuva ? Se estivesse em casa, ficaria deitado a escutar o barulho da chuva. Pois bem, um amigo o convidara para tomar umas cervejas no bar da baixinha. A baixinha que realmente era baixinha, verdade seja dita. Bebiam cerveja, a baixinha não, no domingo de carnaval e o amigo escutava sambas enredos do carnaval maranhense. O samba enredo da Império Serrano soava mais coerente. Essa escola de samba nascera na década de 60 e afixara se no monte castelo. Nesses tempos, as partes menos nobres do bairro cobriam suas casas de palha e ao menor sinal do trem Maria fumaça São Luís-Teresina os moradores se armavam com baldes de água para apagarem as cinzas antes que causassem incêndios. A linha férrea Sao luis -Teresina subsiste em sonhos e lembranças. Da mesma forma, subsistem os portos e galpões de empresas de beneficiamento de babacu as margens do rio anil. Pronunciar o nome de alguma família dona desses galpões acarreta lembrancas em que os barcos desciam o rio Mearim e subiam o rio Anil para descarregarem suas cargas de babacu que seriam transformadas em óleo nas fábricas existentes e vendidas nos comércios de São Luís e outros municípios. O babacu que rapidamente seria descartado pelas elites maranhenses para dar lugar a soja como principal item de produção e exportação da economia do Maranhão.
areias
Povoado Areias, município de Buriti. O André introvini plantador de soja compra 200 hectares de chapada das maos de um posseiro entre 2018 e 2019. A compra/venda surpreendeu em termos várias pessoas porque quem vendeu por várias vezes afirmou que gostaria de regularizar a terra em seu nome o que auxiliaria e muito a sua família e seus parentes. Pelo que se viu não era bem assim e que o seu projeto era ganhar dinheiro. O negócio parecia tão resolvido que quem vendeu pegou o dinheiro e tirou pra Afonso Cunha onde comprou um terreno. Logo se viu que não pois o André introvini mandou avisar os parentes de quem vendeu o seu propósito de derrubar a chapada e tudo o que havia deles nela. Dois moradores ao saberem da história foram se a ver com o Introvini em seu escritório só que ele não se encontrava. Deixaram um recado: esperariam os seus tratores para ver se tinha coragem mesmo de derrubar. André introvini não pagou pra ver e os moradores que eram irmãos cercaram todos os duzentos hectares porque detinham os documentos verdadeiros da terra e quem vendeu se utilizou de documentos forjados em cartório. O André introvini saiu perdendo duas vezes: pagou e não recebeu.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2023
praias de sao luis
Morar nas praias de São Luís mais cedo ou mais tarde trará problemas. Uma imensidão de casas e prédios erguidos ou por erguer ( quem não enxerga?) nas praias e nos corredores de tráfego que as interligam necessitam de algo que os mantenham. E uma casa a dúzia delas ou um milhar só se mantém através da água. Pergunte a quem quiser se e fácil morar na praia. Quanto mais prédios e quanto mais casas forem construídos mais água será necessária e indispensável para tudo numa região caracterizada por pouca água potável disponível no subsolo. E quanto mais água e necessária e indispensável mais ela e puxada do subsolo inviabilizando o lençol freático.
camarao
Que o senso comum vigorou por muito tempo e insiste em vigorar. Que viver a beira da praia e para poucos sortudos. Que comer bem e comer camarão. Que zona rural e igual em qualquer lugar. Um jogo de futebol um show de pagode e uma rodada de cerveja divertem os mais exigentes. Que o brasileiro (homem) nasce sabendo jogar bola e que brasileiro (homem e mulher) nasce sambando. O senso comum e a média e o brasileiro gosta de uma média. O mito do homem cordial desenvolvido por Sérgio Buarque de Holanda. O que se esconde por detrás do mito ? Um senso comum atualizado revela que fotos tiradas em lugares bem diferentes revelam o quanto a pessoa e viajada e que viveu momentos felizes. Nada mais próximo do senso comum achar que fotos revelam a verdade recondita de quem as tirou. A verdade difere e muito do que aparece no dia a dia. A verdade e que não se nasce sabendo futebol e nem samba e que quanto mais o tempo passa menos se saberá. Que se come camarão ou outro prato nós restaurantes chiques das praias num domingo para que no restante do mês se coma o que tiver pela frente. O que se vê pela frente? Ou o que se vê através do mito de um estado rico em recursos naturais atraente para estrangeiros? Que se divertir pode ser mais interessante que futebol cerveja ou pagode só que diversão para a maioria das pessoas preferem ficar em casa assistir novela jantar as sobras do almoço e dormir cedo.
bairro de fatima
Silvana as pessoas aqui no Bairro de Fátima ainda catam consomem e comercializam caranguejos?""Catar comer e comercializar o que se estão desmatando e destruindo tudo pela frente. Agora mesmo estão construindo casas dentro do rio das Bicas atrás do Parque dos Nobres. Desse jeito não se resolve o problema das enchentes no Bairro de Fátima Coroado e Coroadinho". Quer dizer a destruição dos manguezais e do rio das Bicas tanto agrava a perda da biodiversidade (caranguejo siri sururu peixe e etc) como agrava a situação dos alagamentos nos bairros. "engraçado eu lembro de descer da Redenção em direção ao Coroado a fim de catar caranguejo na lama mas não lembro das palafitas", comentou Silvana. O apagamento da memória e tanto um resultado do envelhecimento como também um resultado da apropriação dos recursos naturais por parte do ser humano.
cedral
Escrever história e destacar a importância dos pequenos eventos perante os grandes. A história da baixada ocidental se compor de uma sequência de pequenos eventos histórico sociais que rapidamente são esquecidos e que não formam um quadro razoável do todo. Uma das razões dessa incompletude e que a natureza se mostra imponente. Quilômetros e quilômetros de praias em Cedral e pouca gente a princípio. A natureza segue intocável e a presença humana segue o rastro de outras presenças extintas. Pouco mudou da época do escritor Sousandrade final do século XIX e comeco do século XIX nascido em Mirinzal. Os portos nos quais Sousandrade embarcou ou desembarcou desapareceram ou permaneceram vilas de pescadores flutuantes a beira dos manguezais. Os pescadores prenderam suas existências ao ir e vir da maré, das conversas entre cortadas de amigos e dos beijos e abraços nos filhos e na esposa esperançosos do que a pescaria traz. A obra de Sousandrade revela a desesperança presente nessa vida marítima e praiana com muitos pescadores e nenhum leitor para quem possa narrar o que escreve.
sousandrade
Sousandrade nasceu em Alcântara Guimarães ou Mirinzal ? Mirinzal que um dia foi Guimarães e Guimarães que um dia foi Alcântara, então qualquer documento em que figure o nome de Sousandrade deve fazer menção a uma data e a um ano em que a baixada ocidental maranhense se fechava toda em torno de Alcântara e de seu nome. Pelas pesquisas que professores e outros interessados fizeram na internet, Sousandrade nasceu numa fazenda em Guimarães no século XIX. Pela pesquisa feita nas ruas de Mirinzal, Sousandrade nasceu nessa cidade ou se não nasceu o povo de Mirinzal sente como se o escritor fosse de lá pois o farol da educação recebeu o seu nome e o portal da cidade estampa assim para dispensar comentários : "Mirinzal terra de Sousandrade". Por falar em farol da educação, por que não escrever a única política pública expressiva de preservação e conservação de livros do estado do Maranhão e que se encontra abandonada? Você se dá conta que o estado pouco ou nada avançou nos últimos anos nessa política pública específica.
Assinar:
Postagens (Atom)