A
primeira reunião não dera certo. Não por causa da chuva, foi pelo contratempo.
Estava quase tudo certo para a reunião do Fórum Carajás no P.A Baixão / Bacaba,
zona rural de Urbano Santos. Os membros do Fórum Carajás conversariam com os
moradores do assentamento naquele dia, com o intuito de ajudá-los através de um
pequeno projeto de galinha caipira financiado pela ONG – “ASW da Alemanha”.
Esses projetos espalhados por toda região do Baixo Parnaíba tem como principal objetivo
fortalecer a renda familiar e a segurança alimentar das famílias camponesas –
principalmente aquelas que vivem próximos às plantações de eucaliptos e soja - vítima
do impacto direto do agronegócio. Visam também dá uma injeção de ânimo naqueles
que lutam pela permanência física e cultural em seus territórios tradicionais,
ou melhor dizendo, os que lutam pela terra. Uma iniciativa muito importante
onde se trabalha com pouco, mas o suficiente para levantar e manter erguida a
bandeira da agroecologia na região. Os desafios são grandes; experiências que
dão certo e as vezes não. A intenção de ajudar os menos favorecidos gera “ciúmes”
em alguns momentos, em algumas situações. Entidades como o Fórum Carajás são
consideradas importantes para as comunidades tradicionais, outra reunião fora
marcada com o mesmo objetivo. Informar aos assentados do Baixão/ Bacaba sobre a
situação da realidade agraria no Brasil. Os problemas de acesso aos projetos
para assentados e assentadas da Reforma Agrária. Conversaríamos sobre a questão
do “Programa Minha Casa Minha Vida Rural”, donde eles tem demandas. É só uma
questão de tempo. Além do Programa “Pronaf Mulher” e Projeto Agroextrativista na Reserva Ecológica separada pelo INCRA –
obedecendo a lei. A Comunidade Baixão dos Loteros tem uma historia voltada para a colonização dessas terras,
assim como a maioria das comunidades tradicionais habitadas por sertanejos há
séculos neste pedaço de chão que é o Baixo Parnaíba maranhense. Quando o Baixão
começou a ser colonizado partiu da construção de um curral para botar gado,
depois veio a casa de fazenda que foi feita por uma das “famílias influentes”.
Conta-se que possivelmente fora um “Quilombo de Negros” escravizados no
passado. Por ficar em uma área estratégica entre a chapada e a mata – por onde
passa um riacho batizado com o mesmo nome do povoado. Ali se desenvolvera a
cultura de criação de gado e a produção de farinha – esta ultima, permanecendo e
transformando o Baixão em um vilarejo
dos mais respeitados na fabricação de farinha de puba em Urbano Santos. Os
conflitos sempre existiram nesta região. O saudoso Nonato Valentim na década de
80 foi um dos líderes da luta pela terra. Período esse um tão pouco difícil por
ser ainda na ditadura militar. Os Camponeses tinham o apoio das Comunidades
Eclesiais de Base - (CEBs), que até
então surgia na historia como um “Novo Sujeito Popular” e orientação
sociopolítica e religiosa da Igreja Católica. A história se contradiz nas
entrelinhas de quem a escreve. Poucos se escreve sobre conflitos fundiários –
muito menos colocando o campesinato como figura importante no cenário político
de transformação social e econômica. Mas na verdade quem assegura o alimentando
na mesa dos brasileiros? Quem protege o pouco que resta das matas e cabeceiras
de rios? Quem está preocupado com a água que abastece as comunidades e as
cidades? A agricultura tem ajudado no entendimento de muitos em saber que a
saída para melhoria de nossas vidas é a conquista, ocupação e produção da terra.
Reunião dera certo – 27/02/2019. Avisava-se com tempo. Apesar da chuva foi
possível uma reunião com os moradores do Baixão dos Loteros. Para melhores
esclarecimentos sobre a vida da comunidade e a parceria de ajudar nesse
processo de solidariedade e esperança.
José Antonio Bastos