Os ambientalistas comemoram o desfecho das últimas investigações sobre crimes ambientais que ocorrem no Sul do Estado, que resultou no desmonte da cadeia produtiva do carvão, responsável por alimentar parte das Siderúrgicas de Minas Gerais e na descoberta de um esquema criminoso e gigantesco para devastar o Cerrado e a Caatinga com a colaboração de servidores da Secretaria Estadual de Meio Ambiente- SEMAR e IBAMA.
Um dos crimes foi à grilagem de 114 mil hectares na região, a coincidência é o tamanho da área, o mesmo da Serra Vermelha, onde a empresa JB Carbon vinha produzindo carvão da Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica com licença ambiental fornecida pelo o IBAMA e SEMAR. A polícia descobriu ainda outros casos, entre eles, títulos de terras fraudulentas que eram fornecidos pelos cartórios de Avelino Lopes, Riacho Frio, Parnaguá, Morro Cabeça no Tempo e Curimatá.
Outro inquérito da Polícia Federal do Piauí-PF revela como os elementos envolvidos no esquema desenvolviam o trabalho. Conversa gravada entre empresários e atravessadores mostram que o plano para conseguir terras griladas e licenças ambientais de desmatamento envolvia mais de três milhões em apenas uma negociata. Destes, pelo menos um milhão era destinado a pagar propina nos órgãos públicos, cartórios e magistrados.
Máfia do Carvão
Também já começou a desabar um dos braços fortes da máfia do carvão ilegal destinado as Siderúrgicas mineiras. A polícia e o Ministério Pública da Bahia descobriram que o Piauí, assim como outros estados Nordestinos fazia parte do sistema de compra e venda de carvão vegetal, oriundo da Caatinga e do Cerrado. No último dia 8, o Jornal o Globo divulgou a operação denominada Corcel Negro 2, revelando que o MP e a PF conseguiram desarticular a quadrilha prendendo 36 integrantes.
Segundo o Ministério Público, a quadrilha agia há pelo menos três anos e contava com várias células criminosas, entre elas, algumas atuavam no Piauí. O esquema funcionava de várias formas, entre elas, a exploração de pequenos produtores por atravessadores que incentivam a produção de carvão e o adquiriam por 20% do preço de mercado. Em seguida, eles saiam com a carga portando notas fiscais e o Documento de Origem Florestal-DOFs, falsos. Outra maneira era a venda de terras públicas fraudulentas somente para produção de carvão.
O relatório da PF do Piauí mostra que um dos membros da quadrilha negociou uma área de 800 hectares em Parnaguá, por 200 mil reais e a transformou em 2 mil hectares somente para produzir carvão da mata nativa. Na conversa interceptada pela polícia, o atravessador diz que a licença ambiental para o desmatamento ele pegaria na SEMAR.