terça-feira, 19 de agosto de 2025

chapada da betania

Chapada da Betânia. Uma terra escondida entre tantas chapadas. Ganhou esse nome em homenagem a uma santa. E uma chapada católica. Antes de receber esse nome, era uma chapada sozinha, sem nome, sem ninguém que a reclamasse e onde se sobressaíam centenas de bacurizeiros. Terra seca. Chapada se conhece pela secura. Como construir uma casa onde não há água pra buscar e com poucos recursos para cavar um poço ? Difícil. Uns não quiseram, outros se atreveram. Aos poucos, ergueram casas, fizeram rocas, coletaram bacuri e formaram uma associação. O iterma agraciou a associação com um título de 380 hectares. A soja, no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, ainda era um fenômeno restrito a pequenas áreas de Cerrado no baixo Parnaíba maranhense. A Chapada da Betânia integrava um grande corpo de Chapada integro que pegava desde a zona urbana de Chapadinha até um pouco antes do município de Afonso Cunha. Uma Chapada rica em bacuri, pequi e babaçu. A integridade não e mais uma qualidade que se abrace nesse mundo devorado pela monocultura da soja.

rua de mao unica

O título de um livro e o primeiro contato que o público tem com uma obra. "Rua de mão única" e o título de um dos livros escritos pelo filósofo judeu alemão Walter Benjamin. Para um livro, o que significa um título como esse ? Ernst Bloch filósofo judeu alemão e um dos principais interlocutores e comentadores da obra de Benjamin classificou "Rua de Mão única" como "bazar filosófico" e "exemplo de pensamento surrealista". Seria possível trazer outros sentidos para "Rua de Mão única", não só para o livro de Benjamin como também sentidos históricos represados ? A totalidade das ruas de São Luís são ruas de mão única. As ruas de mão dupla foram construídas no século XX. Elas são frutos da modernidade. Então a expressão "Rua de Mão única" não diz respeito a uma questão viária como também diz respeito a uma forma de compreender e representar o mundo que prevaleceu em boa parte do século XIX e do século XX

camboa dos frades

Boa parte da culpa dos conflitos sócio ambientais no Maranhão deve ser colocada na conta do Iterma (Instituto de terras do Maranhão) que na maioria das vezes se comporta como um órgão legitimador do agronegócio. A comunidade de Formiga, município de Anapurus baixo Parnaíba maranhense entrou com um pedido de regularização fundiária de mais de 600 hectares desde o começo dos anos 2000. Quem diz que o Iterma regularizou a área total em nome da comunidade? Regularizou uma parte e sobraram mais de 400 hectares de Chapada que a AVB empresa de aço "verde", parceira da Suzano papel e celulose em vários assuntos, quer tomar no grito e na força.

conflitos

Boa parte da culpa dos conflitos sócio ambientais no Maranhão deve ser colocada na conta do Iterma (Instituto de terras do Maranhão) que na maioria das vezes se comporta como um órgão legitimador do agronegócio. A comunidade de Formiga, município de Anapurus baixo Parnaíba maranhense entrou com um pedido de regularização fundiária de mais de 600 hectares desde o começo dos anos 2000. Quem diz que o Iterma regularizou a área total em nome da comunidade? Regularizou uma parte e sobraram mais de 400 hectares de Chapada que a AVB empresa de aço "verde", parceira da Suzano papel e celulose em vários assuntos, quer tomar no grito e na força.

sacola de páes

A famosa sacola dos pães ficava presa por detrás da porta. A famosa sacola dos pães que todos os dias de manhã cedo ele punha sobre os ombros para enfiar pães recém comprados na padaria ou na quitanda. A famosa sacola dos pães que colorizava a vida de cor de rosa. Admitia que se viciara em pães. Se pudesse, deixaria de almoçar para comer pão. Mais do que pão, gostava do trigo. Da sensação que causava na hora de pegar e na hora de comer. Seus parcos recursos economizados num cofrinho foram gastos comprando bolo de trigo com uma senhora abancada na porta de uma escola. Sentada sozinha a espera de um comprador. Quantos compravam o bolo manufaturado por ela? Melhor perguntar quem comprava. O esforço para tirar as moedas do cofrinho era insano. A recompensa, porém, fazia valer a pena.

inegaveç

Inegável que a Suzano papel e celulose sempre manteve relações com as empresas de produção de carvão vegetal em todo o Maranhão. Um breve comentário feito pelo presidente da associação do povoado Formiga município de Anapurus: " Um funcionário da florestal (empresa que presta serviço nas áreas de desmatamento e produção de carvão vegetal) reservou para a comunidade uma área de mais de 600 hectares na chapada porque a Suzano iria enlaçar as chapadas todas, desmatar o cerrado e plantar eucalipto". Como realmente aconteceu em 2010. A Suzano desmatou extensas áreas em Anapurus Urbano Santos e Santa Quitéria para por em prática o seu projeto de mais de 40 mil hectares de eucalipto no Baixo Parnaíba maranhense. Para a comunidade de Formiga a fala do funcionário da Florestal significava um acordo informal e uma chance de escapar dos impactos causados pelo projeto da Suzano. Recentemente, a Suzano arrendou os seus quase 23 mil hectares de eucalipto nos municípios de urbano santos e Anapurus para a AVB empresa de aço "verde" que corta os eucaliptos, produz carvão vegetal em fornos de carvoaria e transporta esse carvão vegetal para Açailândia. Nos últimos meses, a AVB investiu três meses com tratores para se apossar de 400 hectares não regularizados pela comunidade. Não obteve sucesso. Fica claro que o acordo Florestal e comunidade da Formiga não se manteve com a AVB.

matinha dos helenos

Em pouco mais de dez anos, a paisagem mudou radicalmente na chapada do povoado Matinha dos Helenos município de Buriti nos limites com Chapadinha. Daquela vez em 2015, o senhor Tomé e sua esposa Maria receberam vários convidados para almoçarem carne de bode em sua residência. Eles montaram suas bases familiares e afetivas numa baixa colada a um córrego que contribui para a bacia do rio Munim. Nessa oportunidade, descrevia se a Chapada da família de Tome como infatigavel porque o objetivo dele era guarda la a sete chaves para que as empresas de eucalipto ou os plantadores de soja não a destruissem. Aconteceu justamente o contrário, pois os irmãos de Tome venderam suas partes na chapada para os gaúchos. A baixa onde Tome e sua esposa e uma baixa seca a despeito da presença de água. Os plantios de eucalipto haviam cortado a água que não aparecia mais no córrego. Com a retirada dos eucaliptos, a água começou a voltar. O clima em Matinha dos Helenos não ajuda. A pessoa em menos de uma hora quer retornar pelo caminho de onde veio. Mas Tomé e sua esposa recepcionam muitíssimo bem. Passam um café na hora para que bebam bem quentinho. Saem da cadeira para dar lugar e chamam para almoçar arroz, carne de jacu com caldo de abóbora e feijão. E vão contando que pensam em largar a criação de bode porque as chapadas estão todas ocupadas pela soja e pelo eucalipto.