Riacho Estrela ( Mata Roma/Anapurus): Arquivo Fórum Carajás
Nem a senadora Kátia Abreu, que dedilha cordas e mais cordas de instrumentos narcisísticos para exaltar o papel olímpico do agronegócio, faz caso quando a sociedade batalha por seus direitos naturais em relação ao meio ambiente, afinal até figuras como a senadora fazem parte de algum ambiente, se bem que nem a senadora saiu de seu ambiente movediço e nem o ambiente movediço saiu dela.
Os dias de desserviço público no senado reforçaram nela, como só acontece em certas pessoas, a volúpia pelo descrédito na agricultura familiar e a volúpia pelo crédito público para o agronegócio em seu estado e em outros estados em que ela mete o bedelho. Nesse e em outros pontos, a mídia cerra fileiras com a senadora e com as olimpíadas do agronegócio. Ou seria agronegócio olímpico? A mídia sempre abre vagas no imaginário do coletivo, seja ele social - econômico ou mesmo de transporte, para esses exemplares máximos da conveniência e do oportunismo.
Dois casos interessantes que valeriam a pena analisar a contento seriam a mitificação de Fernando Collor de Mello, enquanto era governador de Alagoas, e Roseana Sarney, enquanto era deputada federal, no começo dos anos 90. Por uma trama do Olimpo, a ascensão de Fernando Collor rumo ao estrelato da presidência da república bate de frente com o então presidente José Sarney, pai de Roseana. Essa ascensão contou com a cumplicidade dos meios empresariais do sudeste brasileiro que viam nele um espécime político eco-distante das práticas tradicionais da classe política.
Anos mais tarde, a família Sarney daria o troco na forma do impeachment de Fernando Collor de Mello. A então deputada Roseana Sarney granjeou apoio político-popular para a campanha e virou a musa do impeachment o que pavimentou sua eleição em 1994 para o governo do Maranhão. O espaço concedido aos dois pela mídia resultou em favores econômicos. Não só para a mídia.
Enquanto favoreciam grupos econômicos, a agricultura familiar ia pra cucuia. No caso do Maranhão, a então governadora Roseana Sarney extinguiu a Emater e deu incentivos para a implantação de projetos de monoculturas em todas as regiões. Foram criados vários assentamentos no município de Barreirinhas, mas logo depois os abandonaram à própria sorte.
No primeiro semestre de 2010, o município de Barreirinhas vive um momento de conflito extremo entre assentados e plantadores de soja que compram áreas de assentamento estadual de maneira irregular. O senhor Luis Macedo, funcionário do Iterma, incentiva os assentados a venderem suas áreas e estamos mais uma vez no governo Roseana Sarney que promove o turismo nos Lençóis Maranhenses e promove o desmatamento para os plantios de soja e para os plantios de eucalipto da Suzano.
Caso os governos federal, estadual e municipal investissem uma merreca sequer nas áreas de reforma agrária o Maranhão produziria mais arroz, feijão, milho e frutas nativas. No programa “Territórios Livres Baixo Parnaíba”, as organizações aprovaram vários projetos demonstrativos em Urbano Santos, Mata Roma e Santa Quitéria que gastam menos de R$25.000. Esses projetos fazem a diferença.
Mayron Régis, assessor Fórum Carajás