quinta-feira, 15 de dezembro de 2022
o escritor
Nas extensões narrativas que o escritor escreveu quase não são lidos os nomes daqueles que o ajudaram na sua formação. Afinal como ele chegou aquele lugar ? Para quem ele pediu emprestado o livro ou os livros ? Sua formação lembrava um quadro de Veermer, pintor holandês do século XVII, o pintor do cotidiano burguês. Veermer pintou a moça do brinco de pérola e entregou ao comprador. E somente ele apreciará esse quadro por um certo tempo. mais tarde outras pessoas terão acesso ao quadro. Nesses séculos todos o quadro não mudou porque a pintura detém a prerrogativa de bloquear qualquer intenção ou qualquer possibilidade que venha a alterar a sua forma interna. Via a sua formação como aquele quadro de Veermer em que uma outra pessoa o influenciaria enquanto a maioria se frustraria.
mercado
Circundar o mercado da praia grande entrar nas lojas e verificar os produtos expostos pode levar minutos ou horas. Depende muito de quem comande o grupo de compradores. O que e exposto nas lojas de mais um século de existência não e igual ao que e exposto na parte de dentro. Na parte de fora as pessoas buscam roupas bolsas artesanato comida (almoço) e etc. Na parte de dentro as pessoas buscam comida (tira gosto e almoço), bebida (cerveja e cachaça), outras pessoas e boas conversas. Quanta diferença para o que se vendia há um século. Vendia se nas lojas produtos trazidos do interior do Maranhão como arroz farinha babaçu e etc. Era um grande armazém que aos poucos perdeu o seu impeto inicial. So no comércio do irmão da para intuir o que vinha a ser o comércio da praia grande. Não dá pra voltar no tempo e nem deve se esperar por isso mas o que dizer da experiência de ver Deco dono de um restaurante sentar num banquinho de madeira e descascar mandioca recém comprada? Com certeza ali estava Deco mas também a sua família inteira.
Caminho Grande ou os caminhos da linguagem
Não tinha se dado conta. Caminho Grande se pronuncia em bom português sob bases indígenas. O português e uma língua prolixa ou uma língua de burocratas enquanto que as línguas indígenas são objetivas. Caminho Grande devia ser um caminho utilizado pelos indígenas para rocarem caçarem e para construírem novas moradias no interior da ilha de São Luís. Enfim os portugueses alargaram um pouco o caminho o suficiente para mais gente passar a pé assim como passar também carros de boi e cavaleiros montados em cavalos e mulas. O caminho indígena que antes era apertado folgou e virou "caminho Grande" português. Para quem puder prestar atenção na pintura "independência ou morte" de Pedro Américo tem um caminho que Dom Pedro I com sua comitiva obstaculiza no ato de declarar a independência do Brasil. Os usuários rotineiros do caminho que trafegavam pelas bordas observaram desconfiados ou desconcertados aquela cena bastante incomum de um ato político. Incomum porque se deu num caminho onde se devia seguir viagem e incomum porque se proferiu em português. Os caminhos da linguagem e da política deixam de ter uma estrutura indígena portuguesa e passam a ter uma estrutura somente portuguesa com o lema "independência ou morte".
lembrança
Uma busca por qualquer lembrança de qualquer feitio de qualquer procedência ou qualquer tempo. Em qual década a lembrança de escondeu para que redobrasse o esforço para alcançar lá? Uma lembrança nada específica um tanto quanto genérica do quanto gastara e em que gastara. Afinal comprara aquela revista especializada em rock ou alguém esquecerá em sua casa ? A revista compunha com outra revista uma dupla de revistas especializadas em música. Nessa revista um dos mais prestigiados jornalistas do Bradil escrevia artigos. Não era essa a lembrança que procurava. E sim a lembrança de um nome; Can. Banda alemã de rock progressivo ? Música eletrônica? Uma banda dos anos 70 que desembsrcou no Brasil dos anos 80. E o que essa lembrança importava quarenta anos depois? Importava por outras lembranças com as quais ela se conectava como a do rapaz que conheceu numa padaria e que gravou o tagoo magoo o cd mais importante do Can para ele escutar.
classe média
A classe media descobriu a feira do reviver ou melhor dizendo o interior da feira do reviver. E aí descobrir ela delimita seus espaços. Os donos dos bares/restaurantes devem adorar essa descoberta de gente atravessando os bares de gente perguntando do cardápio de gente em pé esperando uma mesa vagar de gente se aboletando nas messas e por aí vai. Nem sempre a classe media precisa circular basta ligar ou mandar um ZAP para o gerente do bar/restaurante. Mesa reservada. Coitado do cidadão comum que em sua santa inocência achava aquela mesa a melhor e quis se sentar nela. "Não pode. As pessoas que reservaram vao aparecer já já"."Ah tá bom. Desculpa a minha impertinência."
praia grande
A praia grande como ela e hoje e uma construção recente do ponto de vista histórico social. A avenida Beira mar e bem mais recente uma obra do então prefeito Haroldo Tavares nos anos setenta. Perante o mar elas não existem. O mar existe antes das duas. O que realmente existe? Para que bairros como Camboa liberdade fé em deus Brasília do matodouro se erguessem foi preciso aterrar os alagados e afastar aguas do rio anil e do mar. Não em um passe de mágica e sim em horas e horas de trabalho que modificaram mangues e florestas para darem vez e lugar a estruturas físicas que serviam de moradia. Serviam porque o homem que chegava pretendia se mudar com o tempo. Ele estava só de passagem. Engano. Uma casa erguida uma rua aterrada e asfaltada vão formando um bairro com inúmeras casas e ruas que ameaçam a foz onde se encontram o mar e o rio. Numa recente passagem pela zona rural de São Luís um agrônomo se impressionou com o número de estruturas construídas para armazenar combustível. Resultado inexorável do porto de Itaqui que induziu essas construções. Caso o porto do Cajueiro seja construído as comunidades do Taim Rio dos Cachorros o próprio Cajueiro Porto Grande deixarao de existir bem como a foz do rio do Limoeiro e a foz do rio dos Cachorros.
observador
Um observador privilegiado da cidade de São Luís principalmente do centro e da periferia e um pouco menos do subúrbio. Ele observa a cidade de sua casa na Camboa e das ruas dobráveis do centro de São Luís. Existe a Camboa grudada a liberdade ao diamante ao canto da fabril ao monte castelo e ao rio Anil. Uma Camboa inesquecível que se enchia de água e lama. Existe a Camboa dos Frades comunidade litorânea de pescadores a beira da baia de São Marcos cercada pela termelétrica e pela Suzano Papel e Celulose. Camboa lugar de pesca como alguns moradores do monte castelo não se cansavam de verbalizar. O litoral de São Luís era dedicado a pesca antes da entrada de grandes empreendimentos industriais e portuários. A Suzano Papel e Celulose vem mexendo seus pauzinhos para remanejar a comunidade de Camboa dos Frades e assim instalar um terminal portuário como pretendia fazer com a comunidade do Cajueiro. O observador privilegiado consome todos os dias peixe e juçara um hábito adquirido nos tempos em que vivia em Icatu com a família. Caso os empreendimentos industriais e portuários tenham êxito em seus propósitos de instalação de projetos, pescar no litoral de São Luís será cada vez mais um assunto para poucos.
medo
Do que você tem mais medo ? De um rio ou de um oceano ? A grota que antecede a comunidade quilombola de Jacarezinho município de são João do soter reavivou a memória de um quilombo em Porto Rico litoral oeste maranhense. Igualzinho, nas palavras de Beto, pescador do Taim, comunidade de pescadores em São Luís capital do Maranhão. Cuspido e escarrado, na verborragia popular. Uma grota leva a outra grota. Um barco navega para lugares inacreditáveis. Quanto leva de São Luís a Cururupu de barco? " Leva doze horas. O irmão de Rejane transporta mercadorias para os comerciantes das ilhas de Cururupu antes de parar em Cachoeira, onde mora", respondeu Beto. Por que aquela grota em Jacarezinho o fazia recordar daquele quilombo em Porto Rico depois de tanto tempo? Beto participara da mobilização para a criação de uma reserva extrativista em Porto Rico processo que se encontra parado nos órgãos federais responsáveis. "E uma região rica em ostra", revelou Beto. O medo de água doce ou salgada nasce com o homem. E um medo originário. A água pode parecer pouca mas logo vem a mente os seres inimagináveis que lá vivem.
Assinar:
Postagens (Atom)