quinta-feira, 29 de abril de 2010

Impactos do Eucalipto em Santa Quitéria/MA

ARelatório dos impáctos de agrotóxicos, impactos ambientais e impactos fundiários em Santa Quitéria:

Esse relatório é baseado nas informações colhidas em depoimentos das lideranças das comunidades de Lagoa das Caraíbas, Conceira e Baixão da Coceira, Pólo – Coceira, Alto formoso Pólo Buriti,Roça Velha e Lagoa Seca Pólo Roça Velha.

                                                                          Foto: Arquivo Fórum Carajás

Agrotóxicos:

No pólo Roça Velha e Buriti os relatos são que, entre os meses de Setembro e Novembro de 2009, ouve uma mortandade de pexe em toda a extensão do ria buriti isso jamais tinha acontecido, muitos desses peixes contaminados foram consumidos por pessoas dessa comunidades ribeirnhas, cousando assim um surto de diarreia com alta intensidade. Um agente comunitário de saúde e outras pessoas levaram alguns desses peixes para análise da vigilância sanitária no entanto até o presente momento não foi apresentado um diagnostico mais preciso as lideranças afirmam que isso tem haver com o veneno que é lançado nos campos de soja que estão localizado no pólo buriti e Santa Luzia. Só para lembrar o rio buriti desemborca na lagoa do bacuri em São Bernardo que por sua vez deságua Rio Parnaíba.

No Pólo Coceira os relatos são mais assustadores ainda; para jogar o veneno dessa vez no plantio de eucalipto a empresa contratou a mão de obra local. Aproximadamente metades das pessoas contratadas não suportaram o forte cheiro do veneno e deixaram o suposto emprego, muitos deles que continuaram estão doentes e foram demitidos e estão tendo que se tratar por conta. Mais a gravidade do efeito do veneno não acaba por aí, muitos animais silvestres são facilmente vistos em decomposição por conta do contato com o veneno, outros como o veada fica sego, o mais agravante nisso tudo é que pessoas que não tem conhecimento do assunto estão consumindo esses animais e não acaba por aí os animais domésticos como gado cavalo jumento e porco, tem sido encontrado com facilidade mortos nos campos de eucalipto, muitos deles conseguem chegar em casa mais uma grande parte perde a visão. As pessoas que tem animais estão mantendo os presos.


Situação Fundiária


Comunidade: Famílias Pessoas Situação fundiária: Relação com a empresa

Manoel Quente 6 39 Dentro da área da Suzano Não há reação

Taboca 22 148 Dentro da área da Suzano Plantio de Eucalipto / não há reação

Mundé 11 77 Dentro da área da Suzano Plantio de Eucalipto / não há reação

Baixão da Coceira II 29 153 Dentro da área da Suzano Plantio de Eucalipto / não há reação

Baixão da Coceira I 55 335 Dentro da área da Suzano Conflito: área media 2.200he

Coceira 105 635 Vizinho da Suzano Conflito: área media 1.400he

Santa Maria 33 231 Vizinho da Suzano Conflito

São José 34 204 Dentro da área Suzano Conflito: área medida 735he

Lagoa da Caraíbas 98 588 Vizinho da área da Suzano Conflito: área medida 1.825he

Facão 72 521 Vizinho da área da Suzano Não há reação





Total de Famílias morando no Pólo Total de pessoas

465 famílias 2.931 Pessoas



O . B . S: As áreas que estão medidas foram técnicos do ITERMA, reivindicação das comunidades com o apóio do Fórum em Defesa do Baixo Paranaíba Maranhense tendo a assessoria da Sociedade Maranhense dos Direitos Humanos, essas áreas medidas estão em pleno conflito com a empresa, há processo da empresa contra as comunidades. Toda essa área está dentro do projeto de reflorestamento da Suzano para o plantio do eucalipto, apenas as comunidades que estão com as áreas medidas estão resistindo a destruição da região. Essas famílias não podem ficar desamparadas, o que está acontecendo nesse município precisamente neste pólo, não pode ficar as escuras, vamos tentar dar mais visibilidade, vamos divulgar essa grande violação de Direitos Humanos, que essas famílias estão sofrendo. Já houve várias tentativa de desmatamento por pate da empresa, as comunidades bravamente interviram fazendo barricadas humanas, em um dos processos a juíza deu reintegração de posse, neste dia a polícia se fez presente, mesmo assim as comunidades não se intimidaram e resistiram aos correntões enfrentado até mesmo a polícia. O Centro de Defesa e Promoção dos Direitos da Cidadania de Santa Quitéria entidade integrante do Fórum em Defesa do Baixo Parnaíba Maranhense, hoje no Conselho Estadual dos Direitos Humanos, pede ajuda como também empenho dos Órgãos e Organizações para juntos procurar solucionar esse grande problema e garantir o Direitos da famílias existentes neste pólo. No presente momento mais dois pólos entraram na briga por aquisição de terras mediate ataque dos sojicultores Pólo Pau Serrado e Pólo Buriti.





José de Ribamar de Oliveira Filho

Secretário Executivo do CEDEPRODE

Coordenação do FDVBPM

Almoço em Mangabeirinha, municipio de Urbano Santos

Quanto vale uma Chapada? Os movimentos intensos de caminhões das empresas terceirizadas da Suzano Papel e Celulose nas Chapadas próximas à comunidade de Mangabeirinha, município de Urbano Santos, insinuam que o que vale não é a terra em si e nem o que havia sobre ela e sim o que se enterra dentro dela e o que se puxa pra fora dela. As empresas reflorestadoras como a Suzano e os plantadores de soja pesquisam na internet imagens sobre possíveis áreas para comprar no Baixo Parnaiba e o município de Urbano Santos e suas comunidades extrativistas adoecem com seus rios envenenados como no caso dos rios Mocambo, Boa Hora e Preguiças . O curso “O Cerrado que protege”, organizado pela Associação de Parteiras e pelo Fórum Carajás e financiado pelo Centro de Apoio Sócio Ambiental (Casa), contraiu e descontraiu a comunidade de Mangabeirinha para a prática da alimentação saudável que permite as gestantes uma gravidez rica em vitaminas. A Chapada persiste em frutos como o Bacuri, o Pequi e a Mangaba. Os moradores de Mangabeirinha persistem e os membros do Fórum Maranhense de Segurança Alimentar atestaram isso ao almoçarem galinha caipira e beberem suco de bacuri.

Mayron Régis



quinta-feira, 22 de abril de 2010

RIO PREGUIÇAS : URBANO SANTOS

Na porta da casa do seu Zé Curica, povoado de Mangabeirinha, município de Urbano Santos, a conversa versava sobre reuniões, projetos, publicações e agressões que chegaram a ele, a sua comunidade e ao rio Preguiças por meio de outros indivíduos e por meio de empresas. Um pouco menos de vinte anos atrás, a Paineiras aterrou um trecho onde o rio Preguiças se aconchegava como as pessoas se aconchegam na beira do rio na hora do banho.

As empresas de reflorestamento com eucalipto como a Paineiras, que recentemente se adestrou ao nome de Suzano Papel e Celulose, flagelizam os recursos hídricos como o rio Preguiças ao simplesmente recorrer à captação de suas águas para misturar com veneno que será aspergido nas suas áreas de reflorestamento. O seu Zé Curica citou casos de funcionários das terceirizadas que vergastam áreas próximas a Mangabeirinha e que apresentaram indícios de adoecimento pelo contato com os venenos e pela exposição aos raios solares. Até as mudas de eucalipto mirraram com o excessivo calor na região do Baixo Parnaiba.

O seu Zé Curica desposou uma senhora que se tornou parteira. Essa não é uma profissão fácil. Alguns nem acham que seja profissão. A Associação de Parteiras de Urbano Santos quer tirar isso a limpo ou quer se livrar dos preconceitos que cercam as parteiras. Ele se acantonara sobre o projeto “Cerrado que protege” com poucas informações, mas se destacaria de manhã cedo para acompanhar a reunião junto com sua esposa e as outras parteiras. Estas se despacharam de suas comunidades: Surrão, Cajazeiras, Baixa do Cocal e de Mucambo. Em Mangabeirinha, o rio Preguiças as adotaria em seus recantos assim como o Zé Curica e sua esposa as adotaram em sua casa.

Oficina de Agroecologia em Bom Sucesso

Nos dias 11 e 12 de abril foi realizada em Bom Sucesso, povoado quilombola do município de Mata Roma, a oficina arte e agroecologia, o evento que se insere no projeto Arte e Meio Ambiente executado pelo Fórum Carajás em parceria com a APREMA e Fundo Brasil de Direitos Humanos que e teve como propósito incentivar os sistemas agroecológicos usando a música, o desenho e a pintura como dinâmicas . Com a participação de 40 pessoas, a maioria de jovens a oficina iniciou com os/as participantes o desenhando as suas roças. Nas apresentações desse primeiro trabalho foram marcantes as falas sobre prejuízos decorrentes da estiagem prolongada. Em seguida as discussões sobre estiagem e alternativas, e, sobre as chuvas e agricultura familiar foram calorosas. Vale destacar alguns encaminhamentos sobre essas temáticas: que as academias, a SEDAGRO, a delegacia do MDA disponibilize, torne acessíveis dados meteorológicos para que os agricultores possuam replanejar as suas roças e demais sistemas de produção; divulgação e uso de métodos alternativos de armazenamento e gerenciamento da água e, uso de tecnologias que permita o aproveitamento da água na agricultura. Essas discussões aconteceram em sala e aula na roça visitada. O trabalho culminou com início da construção de um viveiro de essências do cerrado. Além das discussões técnicas, do banho no Rio Preto, sábado a noite, os/as participantes tiveram a oportunidade de assistir o ensaio do boi de Bom Sucesso.
Marluze Pastor

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Oficina de Arte e Agroecologia


Programa Arte e Meio Ambiente: estratégia de fortalecimento para jovens rurais no Cerrado Maranhense

Bom Sucesso/Mata Roma (MA), de 10 e 11/04/2010

Abaixo segue alguma imagens ( arquivo Fórum Carajás) sobre a ultima oficina do programa.


   Foto 01 e 02: Vista da  abertura da oficina  e apresentação de participante sobre o roçado

     Foto 03: participantes na discussão sobre agroecologia e o manejo de roçados



Foto 04: Trabalho de campo


             Foto 05: caminho da roça


 Foto 06: participantes atentos as informações durante pratica de campo




Foto 07: Plantio de milho visitado pelos participantes


 

Foto 08: Área cultivada com abobora e melancia






Foto 09: segundo dia de atividades

 Foto 10: Conhecendo e reconhecendo nossos sistemas de produção


Foto 11: Desenhando os sistemas produtivos das comunidades de Mata Roma/MA


Foto 12: desenho de um dos participantes da oficina

  Foto 13: Área de babaçual em Bonsucesso-Mata Roma/MA


Deixamos para o final a dificuldade no acesso a comunidade de Bonsucesso. O carro atolou na estrada!!!

Foto 14: Carro atolado na estrada que liga Chapadinha à Bonsucesso(Mata Roma/MA)



 Foto 15: Estrada "um verdadeiro caminho de águas"




Foto 16: Tempo chuvoso duarante o fim de semana

Este trabalho conta com apoio do Fundo de Direitos Humanos, da ICCO e da Misereor.
Realização do Fórum Carajás com a parceria da Aprema.

Fotos e Texto: Fórum Carajás
www.forumcarajas.org.br

domingo, 18 de abril de 2010

A lição entre os bacurizeiros

Foto: Fórum carajás



Nenhum outro lugar apascenta a alma como o leito do rio Preguiças. As comunidades extrativistas do Baixo Parnaíba aguardam o expressivo instante para o banho providencial. Os adultos asseiam as crianças que teimaram em vigiar os passos. Na primeira tarde, antes do curso “O Cerrado que protege”, o agricultor familiar Zé Curica, ex-presidente da associação de Mangabeirinha, descerrou parte da Chapada que jazia em disputa entre a associação e os parentes dos associados. Um ex-vereador e ex-presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Urbano Santos demarcou uma área como posse e vendeu para a Suzano. Essa área corresponde a duzentos hectares de Chapada e nela a comunidade leciona a coleta de bacuri entre dezenas de bacurizeiros.


Por: Mayron Régis


http://www.forumcarajas.org.br/




O Cerrado que protege

Faltou pouco para as chuvas se ausentarem por completo. As comunidades extrativistas de Urbano Santos perderam seu arroz, mas a mandioca resistiu. A comunidade de Mangabeirinha seria o local onde aconteceria o curso “O Cerrado que protege”, projeto da Associação das Parteiras de Urbano Santos, financiado pelo Centro de Apoio Sócio-Ambiental. No dia em que as parteiras se deslocariam para a comunidade chovera muito. A dona Teresinha se responsabilizara pela aquisição de mantimentos e por “amolar” as demais parteiras que moravam espalhadas pelos interiores de Urbano Santos e que deveriam se aprontar em tempo para a viagem. Um pouco mais de uma hora demanda a viagem da sede até a comunidade de Mangabeirinha. Ela se localiza á beira do rio Preguiças. Mais adiante os plantios de eucalipto protagonizados pela Suzano. A primeira etapa do curso “O Cerrado que protege” envergaria a segurança alimentar como tema principal.

Mayron Régis

A cobra sucuruju no rio Preguiças

A cobra sucuruju prefere os ambientes “sujos” do rio Preguiças, município de Urbano Santos. O senhor Nonato, motorista das viagens para o povoado de São Raimundo, obedece a seus instintos e em vez de banhar dentro do rio se limita à água que os moradores bombeiam dos poços. Num dos banhos no rio Preguiças, a conversa girou sobre os efeitos benéficos que pequenos projetos de R$10.000 a R$20.000,00, financiados por fundos sócio-ambientais, exercem sobre as comunidades. Tentou-se prever como seria caso cada comunidade do Baixo Parnaíba fosse contemplada com um recurso para desenvolver atividades de capacitação. Os participantes do curso em Boa União obtiveram vários resultados e um deles aparece com a consciência de que a produção de pescado no rio Preguiças diminuiu. Um outro bem menos esperado: suculentas histórias de pescador e de caçador que, certamente, vicejam aos montes nas pontas de línguas de todos ali.

Mayron Régis

sábado, 17 de abril de 2010

Reforma agrária em São Bernardo

DECRETO DE 15 DE ABRIL DE 2010

Declara de interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural denominado "Fazenda Bacuri/Magú", situado no Município de São Bernardo, Estado do Maranhão, e dá outras providências.

O Presidente da República, no uso das atribuições que lhe conferem os arts. 84, inciso IV, e 184 da Constituição, e nos termos dos arts. 2º da Lei Complementar nº 76, de 6 de julho de 1993, 18 e 20 da Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964, e 2º da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993,

DECRETA:

Art. 1º Fica declarado de interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural denominado "Fazenda Bacuri/Magú", com área registrada de dois mil, seiscentos e noventa e nove hectares, trinta e oito ares e cinquenta centiares, e área medida de três mil, vinte e sete hectares, sessenta e cinco ares e vinte e um centiares, situado no Município de São Bernardo, objeto do Registro nº R-2-214, fls. 11, Livro 2-B, do Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de São Bernardo, Estado do Maranhão (Processo INCRA/SR-12/nº 54230.002167/2009-77).

Art. 2º Este Decreto, independentemente de discriminação ou arrecadação, não outorga efeitos indenizatórios a particular, relativamente a áreas de domínio público constituído por lei ou registro e a áreas de domínio privado colhido por nulidade, prescrição, comisso ou ineficácia operada exclusivamente a benefício de qualquer pessoa jurídica de direito público, excetuadas as benfeitorias de boa-fé nelas existentes anteriormente à ciência do início do procedimento administrativo, excluindo-se ainda dos seus efeitos os semoventes, as máquinas e os implementos agrícolas e qualquer benfeitoria introduzida por quem venha a ser beneficiado com a sua destinação.

Art. 3º O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, atestada a legitimidade dominial privada da mencionada área planimetrada, fica autorizado a promover a desapropriação do imóvel rural de que trata este Decreto, na forma prevista na Lei Complementar nº 76, de 6 de julho de 1993, e a manter as áreas de Reserva Legal e preservação permanente previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, preferencialmente em gleba única, de forma a conciliar o assentamento com a preservação do meio ambiente.

Art. 4º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 15 de abril de 2010; 189º da Independência e 122º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Guilherme Cassel

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Minsitério Público do Piaui questiona licenciamento da Suzano

Na audiência também foram discutidos os benefícios e malefícios causados pela monocultura do eucalipto. Ao fim, o Secretário Estadual do Meio Ambiente, Dalton Macambira, comprometeu-se a fiscalizar adequadamente os processos. Estavam presentes na audiência o Procurador de Justiça Hosaías Matos de Oliveira, os Promotores de Justiça Francisca Sílvia Reis, Cláudio Soeiro e Denise Aguiar, a equipe técnica da SEMAR, a assessoria técnica do CAOMA e dois representantes da Suzano.

O Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente (CAOMA) promoveu uma audiência pública na manhã de ontem (12) para tratar das licenças ambientais expedidas para a empresa Suzano. O Ministério Público Estadual havia se mostrado insatisfeito com a condução dos processos de licenciamento. A Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMAR), responsável pela expedição das licenças, não estaria cumprindo todos os ritos legalmente estabelecidos para concedê-las. A Promotora de Justiça Denise Costa Aguiar, coordenadora do CAOMA, constatou que a Suzano não tinha fornecido estudos ambientais detalhados, conforme ditam os regramentos.


quinta-feira, 15 de abril de 2010

Ofício Bom Sucesso. municipio de Mata Roma/MA

Ao Excelentíssimo Senhor Ministro da SEPPIR

A Excelentíssima Senhora Secretária SEIR

A Senhora Delegada do MDA no Maranhão,


As/os representantes das comunidades e organizações abaixo, reunidas no 2ª oficina do Programa Arte e Meio Ambiente desenvolvido pelo Fórum Carajás e APREMA, no povoado Bom Sucesso, município de Mata Roma, preocupados/as com o andamento do projeto Centro de Capacitação e Resgate da Cultura Quilombola, selecionado pelo Colegiado do Território do Baixo Parnaíba para ser implantado no Território (inclusive no Povoado Quilombola Bom Sucesso) através do PORIF/MDA, preocupadas com as pressões, de setores alheios a agricultura familiar e a cultura afromaranhense, para que reduzir o tamanho e consequentemente o valor do projeto, bem como, pressões para a não implementação, solicitam de Vossa Excelência o apoio no sentido da aprovação do projeto, célere, como proposto pelas comunidades, a fim de possa contribuir com o resgate de expressões da cultura e com a formação das comunidades quilombolas e outras, especialmente os jovens do Território do Baixo Parnaíba

Na certeza do apoio encaminhamos uma síntese do projeto para conhecimento e colocamos a senhora Enilda Alves da Silva. da APREMA como nossa representante, para as informações que se fizerem necessárias.

Povoado Bom Sucesso, município de Mata Roma, 11 de abril de 2010

domingo, 11 de abril de 2010

A Suzano e os vendedores de Chapada

A Suzano sabe como funcionam as coisas no Maranhão. Assim como Eike Batista recebeu de Eliezer Batista, seu pai, um mapa com as riquezas minerais existentes no subsolo do Brasil, o governo do estado do Maranhão em tempos não tão remotos abonou a Suzano com um mapa das terras públicas no Baixo Parnaíba. A comunidade de Bracinho deteve os tratores da empresa antes que entrasse em suas áreas de Chapada. Depois de uma denuncia apresentada pelo Fórum Carajás, a matriz da empresa ligou para o seu escritório e escatitou com os funcionários do tipo “nem conseguem desmatar uma área”. A política de responsabilidade social foi enviar a assistente social para distribuir presentes. No curso em Boa União, a comunidade de São Raimundo informou da sedução que a empresa exerce sobre parte dos moradores do Bracinho tentando convencê-los a vender parte da área e em troca dotariam a área de estrada. A associação impediu o negócio. Um gaúcho ofereceu R$150.000 e perguntou: “Vocês sabem qual é o tamanho dessa Chapada? São 4.000 hectares. Eu compro três mil e legalizo pra vocês mil hectares”. O olho gordo cresceu e parte da comunidade criou uma nova associação apenas para vender a terra. Aí os moradores vendem parte da Chapada e iriam coletar bacuri na parte dos outros moradores.

Mayron Régis

Licenciamento ambiental para áreas destinadas para reforma agrária

comunidades.mda.gov.br/o/3550448

ALGO MUDA NO BAIXO PARNAIBA

Durante os quatro primeiros meses do ano as comunidades agroextrativistas do Baixo Parnaíba com maestria se atravancam pelas Chapadas como os ramos de árvores jovens nas áreas de capoeira. Quando acabar a safra de bacuri, depois de abril, as comunidades puxam os seus sacos de volta para casa. Com o recurso da venda saldam as dívidas e compram algo que falta. Nos oito meses seguintes somente uma expedição sondaria o invariável no interior dessas comunidades. Nada varia. Tanta inércia petrificou as folhas dos cadernos em que as crianças anotam suas aulas. O prefeito decidiu que a prefeitura não assistirá mais as comunidades em educação. Para a prefeitura, o mato engole as comunidades e por isso não manda professor.

Até anos atrás os bacuris se gastavam nas Chapadas. O agronegócio da soja e do eucalipto veio e empurrou as comunidades para porções menores de extrativismo. A colheita de bacuri ano após ano submerge graças aos desmatamentos para os plantios de monoculturas e para as serrarias e graças à derrubada do fruto ainda verde. O Centro de Direitos Humanos de Santa Quitéria forneceu dados sobre a safra de bacuri. Ela diminui progressivamente.

A comunidade de São Raimundo, município de Urbano Santos, destampa algo que vivia parado. A comunidade empatou o desmatamento de sua área de Chapada para o plantio de eucalipto e requereu a vistoria pelo Incra para a criação de um assentamento agroextrativista. No Baixo Parnaíba, como no Cerrado sul-maranhense, o agronegócio barra a desapropriação de terras para fins de reforma agrária. O caso de São Raimundo desarruma a lógica prevista para o município de Urbano Santos de privilegiar o agronegócio e deseducar as populações.

Entre os dias sete e oito de abril de 2010, aconteceu mais uma etapa do projeto Comunidade Tradicional e a Sustentabilidade do Extrativismo do Bacuri em Urbano Santos, financiado pela CESE e pela ASW. A Suzano, como visita constantemente a página do Fórum Carajás, inteirou-se em parte sobre o projeto para descobrir o que rola em São Raimundo. Nessa etapa, que a comunidade de Boa União sediou, o senhor Alberto Cantanhede, membro do Centro de Apoio a Pesca Artesanal do Maranhão, ciciou em doze horas sobre quais são as potencialidades da região. Alguém afirmaria da antemão que o bacuri viria em primeiro lugar. Mas não. O que veio foi a pesca, o babaçu e o artesanato de buriti. Depois da eleição foi a vez de começar a matutar projetos. Para essas comunidades os meses pós-safra de bacuri não se deitarão em berço esplêndido.

Mayron Régis, assessor Fórum Carajás

terça-feira, 6 de abril de 2010

As Chapadas e os bacuris

O homem vê a arvore e só vê a madeira e seus potenciais supra-econômicos como o carvão vegetal e a celulose. Um homem só representando uma empresa. O nome desse homem será varrido da memória assim como o nome da empresa. Ela compra terras com inumeráveis promessas, para que as pessoas a reconheçam em qualquer esquina. Só que a esquina muda, as pessoas mudam e o clima muda. Com a compra efetuada, obter-se-ão as licenças para desmatar a Chapada e seus portentosos bacurizeiros. Um documento assinado por um funcionário da secretaria de meio ambiente pouco afeito ao contato e pouco afeito a distâncias. A sua assinatura vale milhares de hectares de Cerrado ainda em pé. Os pés balançando seus frutos. Os pés que os modificam. O homem que vê a árvore e os frutos. Ele recolhe os frutos do chão. O chão onde seus familiares moram. O chão que ele pisa. O chão, que sem bacuris, o expulsará mais cedo ou mais tarde.

Quando o homem caminhar pela Chapada em qual árvore ele se encostará? Qual árvore estenderá sua sombra sobre seu corpo o protegendo do sol? Quem o alimentará em sua caminhada, afinal os bacuris que caiam no chão ano após ano simplesmente não caem mais por mais que chova bem? O que salva da expansão da fronteira agrícola sobre as áreas de Cerrado do Baixo Parnaiba? Talvez, a memória do sabor dos bacuris em cima de um caminhão para vender em algum centro urbano ou as jornadas por sobre as Chapadas antes que elas virassem carvão.

Para Alberto Manguel de "Os Livros e os Dias".

Mayron Régis

segunda-feira, 5 de abril de 2010

*Operação Corcel Negro resulta em 44 autos de infração e 35 caminhões apreendidos*

O Núcleo de Fiscalização da Superintendência do Ibama no Maranhão concluiu na manhã desta segunda-feira (5/4) o balanço dos resultados da Operação Corcel Negro, realizada entre os dias 22 de março e 1º de abril nos municípios de Açailândia, Amarante do Maranhão, Chapadinha, Urbano Santos, Brejo, Arapurus, Tuntum e São Benedito do Rio Preto. Foram apreendidos no estado 35 caminhões de carvão, expedidos 44 autos de infração e embargadas 32 empresas transportadoras, totalizando um valor de R$ 5.095.161,50 em multas. Atuaram em parceria com os fiscais do Ibama o Batalhão de Policiamento Ambiental e a Polícia Rodoviária Federal, com estratégias que iam desde barreiras fixas e móveis ao longo das principais rodovias que cortam o estado do Maranhão, além de vistorias a empresas siderúrgicas. No geral, 83 empresas foram notificadas, possuindo prazo máximo até o fim desta semana para apresentar documentações pendentes, caso contrário também serão autuadas. A operação tinha como objetivo o monitoramento a fim de combater a exploração e o transporte ilegal de carvão vegetal. A extração ilegal do carvão vegetal está entre os principais fatores de desmatamento dos Biomas do Cerrado, Caatinga e Amazônico. Estiveram à frente da operação em nível nacional a Coordenação Geral de Fiscalização Ambiental (CGFis) e a Coordenação Geral de Emergência Ambiental (CGema), ambas da Diretoria de Proteção Ambiental (Dipro) do Ibama, sob a supervisão do Ministério do Meio Ambiente – MMA. A operação foi pensada de modo a agir de forma preventiva nos pontos mais críticos do país no que se refere aos destinos finais do carvão (siderúrgicas) e na incidência de acidentes rodoviários com cargas perigosas, sendo que o carvão é o produto mais envolvido nesse tipo de acidente, representando 22% do total. A maior incidência de infrações no Maranhão referiu-se à falta da licença de operação para transporte de carga perigosa (LOTCP).
ASCOM/Ibama