quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

ukisses

"A maior volta possível e o caminho mais curto para casa"(James Joyce). Eis um paradoxo. Paradoxos só se sustentam no papel. Normalmente o caminho mais curto e uma linha reta. No entanto não está a se falar de uma cidade qualquer. São Luís e uma cidade sinuosa e marcada pelo improviso em suas avenidas e ruas. Linha reta somente em prédios e casas. As vezes surge inesperada uma curva num prédio como e o caso de um vizinho ao estádio de futebol Nhozinho Santos cuja esquina não e um canto e sim um semi círculo. As linhas retas são funcionais mas as curvas são charmosas. O bairro da liberdade é a própria sinuosidade. Uma das ruas tradicionais gira e não encerra seu trajeto pois continua numa outra rua. Os nomes das ruas pressupõe um pensamento meio diversionista. Uma recebeu o nome Luís Guimarães, uma outra de Gregório de Matos e mais pra frente lê se Epitácio pessoa. Denominava se de Japão o bairro mais abaixo. As brincadeiras de crianças vinham carregadas de paradoxos. E como se escreveu paradoxos se sustentam no papel no asfalto ou na calçada. A amarelinha ou cancão ia do número um ao número nove em forma de quadrado e finalizava no céu sob uma forma de abóboda. Linhas retas conviviam muito bem com semi círculos. As ruas e calçadas amanheciam riscadas de giz pelas crianças que brincavam de pega bandeira cola descola cola ajuda e etc. As ruas dificilmente amanhecem riscadas nos dias atuais. Quem vive da pesca sabe que veleja se de acordo com o vento e a maré. Não há linha reta. O pescador obedece um mapa mental e sentimental construído há décadas ou séculos. Aí vem aquela dúvida será que a empresa contratada para fazer os questionários sócio económicos das comunidades impactadas pela possível implantação de um porto na ilha de Cajual município de Alcântara observará essas sinuosidades da pesca e do transporte marítimo ou os pesquisadores acham isso de menos?

duração

Todo e qualquer livro tem sua duração interna. Ulysses livro de James Joyce se passa no dia de um cidadão comum morador de Dublin cidade da Irlanda no começo do século XX. Por que não dizer várias durações? Voltando a Ulysses pode ser que a pessoa inicie a leitura e leve anos para terminar ou jamais termine. Qual seria a duração interna de um livro que tenha o Maranhão como cenário? Ou uma história que seja extremamente devotada a um pescador e seu ramo de atividade ? A duração interna de um romance se tornou uma peça chave do enredo porque ele precisa parecer crível perante o leitor. Um Permissionário do mercado de peixe na região do portinho centro de São Luís respondia questões sobre comércio de pescado que também diziam respeito a duração de uma viagem. O peixe que ele comprava vinha de Cedral diferente de outros comerciantes que compravam de Cururupu ou da Raposa. Todos os dias, Vans provenientes de Cedral, litoral oeste maranhense, traziam pescadas amarelas, pescadinhas e outros peixes para ele em seu box. O comerciante deve ter um lugar cativo nas Vans. A viagem que antigamente durava dias porque viajavam em barcos, dura poucas horas em carros ônibus e Vans vindos da baixada e no litoral. A duração de uma viagem de barco do litoral para sao Luís permitia que as pessoas pudessem contemplar inúmeras paisagens e pensar na vida o que talvez redundasse em histórias e em livros. O capitalismo encurtou distâncias e o transporte de pescado é a prova disso. As Vans saem carregadas de madrugada e bem cedo aportam no mercado de peixe de São Luís. Como essa duração mais curta afeta a mentalidade das pessoas? Como afeta a percepção das pessoas em relação ao ambiente por onde se movem? A viagem se tornou mais curta em termos porque provavelmente os pescadores consomem o mesmo tempo em suas rotinas de trabalho como consumiam antes. O que mudou não foi o tempo da pesca e sim o tempo do comércio que ficou mais rápido e frenético.

faca a coisa certa

Uma coisa é certa. Ou quase certa. A sociedade maranhense se mostra avessa a estudar e compreender as relações sócio económicas que a regem. Em uma mensagem enviada pelo ZAP, um professor, respondendo a um texto que problematizava o comércio do pescado no Maranhão, perguntou " e os caminhões do Mateus que transportam o pescado da baixada para as suas lojas?". O que há de mal nisso, alguém pode indagar. Nenhum mal sob a ótica do mercado, mas diz muito sobre como as riquezas do estado do Maranhão vao de uma região a outra sem que a sociedade receba o mínimo de informação. Outro caso e o de caminhões que transportam cascas de côco babacu da região do baixo Parnaíba para uma cervejaria onde gerarão energia térmica. O quanto os municípios e as comunidades ganham com esse vai e vem de riquezas e uma pergunta que deveria ser feita.

longe demais das capitais

Não pescava, mas provar um peixe ou um marisco ou um crustáceo fazia o abrir mão de qualquer outro prato. Um peixe cozido na panela, frito na frigideira ou assado na grelha. Um peixe embrulhado na bananeira, provou uma vez para nunca mais. Interessava lhe tanto a prova o deguste como as histórias que circundavam a pesca a coleta e o tratamento do peixe do sururu e do caranguejo. Caranguejo era menos afeito. Muito trabalho pra pouco resultado. Nunca escreveria "Timoneiro" música do disco Bebadosamba de Paulinho da Viola gravado em 1996. Suas aptidões literário musicais não chegavam a tanto. Compreendia a letra e o ritmo e essa compreensão fazia o escrever. Trecho da letra : " a rede do meu destino parece a de um pescador/quando retorna vazia vem carregada de dor". E um sambao. Paulinho da Viola pretende sempre a excelência em suas composições. A música e a letra simbolizam a ligação entre a pesca (cotidiano) o mar ( a narrativa) e o artista (interprete/compositor). A rede que retorna vazia vem carregada de dor, canta Paulinho da Viola. O pescador que joga sua rede sobre o mar pretende arrastar centenas de peixes para alimentar sua família e para obter um dinheiro. O artista joga sua rede sobre as narrativas que o antecederam para escrever sua própria narrativa e conseguir notoriedade. Para o pescador uma pescaria frustrante resulta em miséria e fome. Para o artista uma narrativa sem sal resulta numa obra desengonçada. A música timoneiro e o disco Bebadosamba levaram anos para serem gravados. O tempo que Paulinho levou propicia uma excelente analogia entre o tempo do pescador/artista e o tempo do mar/natureza. O tempo de um se atrelava ao tempo do outro. Um tempo veio e apartou os dois tempos anteriores. Eis o tempo da mercadoria.

timoneiro

Não pescava, mas provar um peixe ou um marisco ou um crustáceo fazia o abrir mão de qualquer outro prato. Um peixe cozido na panela, frito na frigideira ou assado na grelha. Um peixe embrulhado na bananeira, provou uma vez para nunca mais. Interessava lhe tanto a prova o deguste como as histórias que circundavam a pesca a coleta e o tratamento do peixe do sururu e do caranguejo. Caranguejo era menos afeito. Muito trabalho pra pouco resultado. Nunca escreveria "Timoneiro" música do disco Bebadosamba de Paulinho da Viola gravado em 1996. Suas aptidões literário musicais não chegavam a tanto. Compreendia a letra e o ritmo e essa compreensão fazia o escrever. Trecho da letra : " a rede do meu destino parece a de um pescador/quando retorna vazia vem carregada de dor". E um sambao. Paulinho da Viola pretende sempre a excelência em suas composições. A música e a letra simbolizam a ligação entre a pesca (cotidiano) o mar ( a narrativa) e o artista (interprete/compositor). A rede que retorna vazia vem carregada de dor, canta Paulinho da Viola. O pescador que joga sua rede sobre o mar pretende arrastar centenas de peixes para alimentar sua família e para obter um dinheiro. O artista joga sua rede sobre as narrativas que o antecederam para escrever sua própria narrativa e conseguir notoriedade. Para o pescador uma pescaria frustrante resulta em miséria e fome. Para o artista uma narrativa sem sal resulta numa obra desengonçada. A música timoneiro e o disco Bebadosamba levaram anos para serem gravados. O tempo que Paulinho levou propicia uma excelente analogia entre o tempo do pescador/artista e o tempo do mar/natureza. O tempo de um se atrelava ao tempo do outro. Um tempo veio e apartou os dois tempos anteriores. Eis o tempo da mercadoria.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

o caminho mais curto

"A maior volta possível e o caminho mais curto para casa"(James Joyce). Eis um paradoxo. Paradoxos só se sustentam no papel. Normalmente o caminho mais curto e uma linha reta. No entanto não está a se falar de uma cidade qualquer. São Luís e uma cidade sinuosa e marcada pelo improviso em suas avenidas e ruas. Linha reta somente em prédios e casas. As vezes surge inesperada uma curva num prédio como e o caso de um vizinho ao estádio de futebol Nhozinho Santos cuja esquina não e um canto e sim um semi círculo. As linhas retas são funcionais mas as curvas são charmosas. O bairro da liberdade é a própria sinuosidade. Uma das ruas tradicionais gira e não encerra seu trajeto pois continua numa outra rua. Os nomes das ruas pressupõe um pensamento meio diversionista. Uma recebeu o nome Luís Guimarães, uma outra de Gregório de Matos e mais pra frente lê se Epitácio pessoa. Denominava se de Japão o bairro mais abaixo. As brincadeiras de crianças vinham carregadas de paradoxos. E como se escreveu paradoxos se sustentam no papel no asfalto ou na calçada. A amarelinha ou cancão ia do número um ao número nove em forma de quadrado e finalizava no céu sob uma forma de abóboda. Linhas retas conviviam muito bem com semi círculos. As ruas e calçadas amanheciam riscadas de giz pelas crianças que brincavam de pega bandeira cola descola cola ajuda e etc. As ruas dificilmente amanhecem riscadas nos dias atuais. Quem vive da pesca sabe que veleja se de acordo com o vento e a maré. Não há linha reta. O pescador obedece um mapa mental e sentimental construído há décadas ou séculos. Aí vem aquela dúvida será que a empresa contratada para fazer os questionários sócio económicos das comunidades impactadas pela possível implantação de um porto na ilha de Cajual município de Alcântara observará essas sinuosidades da pesca e do transporte marítimo ou os pesquisadores acham isso de menos?

expansão da soja

E interessante observar que a expansão da soja no Baixo Parnaíba maranhense e em especialmente o município de urbano Santos foi retardada por décadas em parte pela concentração de terras exercida pela Suzano Papel e Celulose. A saída da Suzano do Baixo Parnaíba que mal ou bem respeitava a legislação ambiental deu cobertura a entrada do agronegócio da soja que nem mal e nem bem respeita legislação ambiental e costumes de comunidades tradicionais e quilombolas. Os plantadores de soja não deixam nada em pé como se vê nas áreas próximas a Comunidade tradicional de Cajazeiras municipio de Urbano Santos. Uma diferença entre a Suzano e os plantadores de soja: grana. A Suzano e uma empresa conhecida mundialmente e como tal tinha que cumprir a legislação ambiental social e de negócios. As denúncias contra ela e foram várias rapidamente eram divulgadas. Afora isso tinha se uma imagem de uma empresa que não queria compartilhar seus lucros com a sociedade local. Com relação aos plantadores de soja e grileiros de ocasião, eles são vários. Uma hora vem um. Outra hora vem outro. Ameacam, coagem, intimidam, provocam. Tudo para conseguir o que querem. E quanto as denúncias, a sociedade fecha os olhos por conta da alta valorização em dólar da soja nos mercados internacionais o que garante superávit primário para o Brasil.