quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

o escritor

Nas extensões narrativas que o escritor escreveu quase não são lidos os nomes daqueles que o ajudaram na sua formação. Afinal como ele chegou aquele lugar ? Para quem ele pediu emprestado o livro ou os livros ? Sua formação lembrava um quadro de Veermer, pintor holandês do século XVII, o pintor do cotidiano burguês. Veermer pintou a moça do brinco de pérola e entregou ao comprador. E somente ele apreciará esse quadro por um certo tempo. mais tarde outras pessoas terão acesso ao quadro. Nesses séculos todos o quadro não mudou porque a pintura detém a prerrogativa de bloquear qualquer intenção ou qualquer possibilidade que venha a alterar a sua forma interna. Via a sua formação como aquele quadro de Veermer em que uma outra pessoa o influenciaria enquanto a maioria se frustraria.

mercado

Circundar o mercado da praia grande entrar nas lojas e verificar os produtos expostos pode levar minutos ou horas. Depende muito de quem comande o grupo de compradores. O que e exposto nas lojas de mais um século de existência não e igual ao que e exposto na parte de dentro. Na parte de fora as pessoas buscam roupas bolsas artesanato comida (almoço) e etc. Na parte de dentro as pessoas buscam comida (tira gosto e almoço), bebida (cerveja e cachaça), outras pessoas e boas conversas. Quanta diferença para o que se vendia há um século. Vendia se nas lojas produtos trazidos do interior do Maranhão como arroz farinha babaçu e etc. Era um grande armazém que aos poucos perdeu o seu impeto inicial. So no comércio do irmão da para intuir o que vinha a ser o comércio da praia grande. Não dá pra voltar no tempo e nem deve se esperar por isso mas o que dizer da experiência de ver Deco dono de um restaurante sentar num banquinho de madeira e descascar mandioca recém comprada? Com certeza ali estava Deco mas também a sua família inteira.

Caminho Grande ou os caminhos da linguagem

Não tinha se dado conta. Caminho Grande se pronuncia em bom português sob bases indígenas. O português e uma língua prolixa ou uma língua de burocratas enquanto que as línguas indígenas são objetivas. Caminho Grande devia ser um caminho utilizado pelos indígenas para rocarem caçarem e para construírem novas moradias no interior da ilha de São Luís. Enfim os portugueses alargaram um pouco o caminho o suficiente para mais gente passar a pé assim como passar também carros de boi e cavaleiros montados em cavalos e mulas. O caminho indígena que antes era apertado folgou e virou "caminho Grande" português. Para quem puder prestar atenção na pintura "independência ou morte" de Pedro Américo tem um caminho que Dom Pedro I com sua comitiva obstaculiza no ato de declarar a independência do Brasil. Os usuários rotineiros do caminho que trafegavam pelas bordas observaram desconfiados ou desconcertados aquela cena bastante incomum de um ato político. Incomum porque se deu num caminho onde se devia seguir viagem e incomum porque se proferiu em português. Os caminhos da linguagem e da política deixam de ter uma estrutura indígena portuguesa e passam a ter uma estrutura somente portuguesa com o lema "independência ou morte".

lembrança

Uma busca por qualquer lembrança de qualquer feitio de qualquer procedência ou qualquer tempo. Em qual década a lembrança de escondeu para que redobrasse o esforço para alcançar lá? Uma lembrança nada específica um tanto quanto genérica do quanto gastara e em que gastara. Afinal comprara aquela revista especializada em rock ou alguém esquecerá em sua casa ? A revista compunha com outra revista uma dupla de revistas especializadas em música. Nessa revista um dos mais prestigiados jornalistas do Bradil escrevia artigos. Não era essa a lembrança que procurava. E sim a lembrança de um nome; Can. Banda alemã de rock progressivo ? Música eletrônica? Uma banda dos anos 70 que desembsrcou no Brasil dos anos 80. E o que essa lembrança importava quarenta anos depois? Importava por outras lembranças com as quais ela se conectava como a do rapaz que conheceu numa padaria e que gravou o tagoo magoo o cd mais importante do Can para ele escutar.

classe média

A classe media descobriu a feira do reviver ou melhor dizendo o interior da feira do reviver. E aí descobrir ela delimita seus espaços. Os donos dos bares/restaurantes devem adorar essa descoberta de gente atravessando os bares de gente perguntando do cardápio de gente em pé esperando uma mesa vagar de gente se aboletando nas messas e por aí vai. Nem sempre a classe media precisa circular basta ligar ou mandar um ZAP para o gerente do bar/restaurante. Mesa reservada. Coitado do cidadão comum que em sua santa inocência achava aquela mesa a melhor e quis se sentar nela. "Não pode. As pessoas que reservaram vao aparecer já já"."Ah tá bom. Desculpa a minha impertinência."

praia grande

A praia grande como ela e hoje e uma construção recente do ponto de vista histórico social. A avenida Beira mar e bem mais recente uma obra do então prefeito Haroldo Tavares nos anos setenta. Perante o mar elas não existem. O mar existe antes das duas. O que realmente existe? Para que bairros como Camboa liberdade fé em deus Brasília do matodouro se erguessem foi preciso aterrar os alagados e afastar aguas do rio anil e do mar. Não em um passe de mágica e sim em horas e horas de trabalho que modificaram mangues e florestas para darem vez e lugar a estruturas físicas que serviam de moradia. Serviam porque o homem que chegava pretendia se mudar com o tempo. Ele estava só de passagem. Engano. Uma casa erguida uma rua aterrada e asfaltada vão formando um bairro com inúmeras casas e ruas que ameaçam a foz onde se encontram o mar e o rio. Numa recente passagem pela zona rural de São Luís um agrônomo se impressionou com o número de estruturas construídas para armazenar combustível. Resultado inexorável do porto de Itaqui que induziu essas construções. Caso o porto do Cajueiro seja construído as comunidades do Taim Rio dos Cachorros o próprio Cajueiro Porto Grande deixarao de existir bem como a foz do rio do Limoeiro e a foz do rio dos Cachorros.

observador

Um observador privilegiado da cidade de São Luís principalmente do centro e da periferia e um pouco menos do subúrbio. Ele observa a cidade de sua casa na Camboa e das ruas dobráveis do centro de São Luís. Existe a Camboa grudada a liberdade ao diamante ao canto da fabril ao monte castelo e ao rio Anil. Uma Camboa inesquecível que se enchia de água e lama. Existe a Camboa dos Frades comunidade litorânea de pescadores a beira da baia de São Marcos cercada pela termelétrica e pela Suzano Papel e Celulose. Camboa lugar de pesca como alguns moradores do monte castelo não se cansavam de verbalizar. O litoral de São Luís era dedicado a pesca antes da entrada de grandes empreendimentos industriais e portuários. A Suzano Papel e Celulose vem mexendo seus pauzinhos para remanejar a comunidade de Camboa dos Frades e assim instalar um terminal portuário como pretendia fazer com a comunidade do Cajueiro. O observador privilegiado consome todos os dias peixe e juçara um hábito adquirido nos tempos em que vivia em Icatu com a família. Caso os empreendimentos industriais e portuários tenham êxito em seus propósitos de instalação de projetos, pescar no litoral de São Luís será cada vez mais um assunto para poucos.

medo

Do que você tem mais medo ? De um rio ou de um oceano ? A grota que antecede a comunidade quilombola de Jacarezinho município de são João do soter reavivou a memória de um quilombo em Porto Rico litoral oeste maranhense. Igualzinho, nas palavras de Beto, pescador do Taim, comunidade de pescadores em São Luís capital do Maranhão. Cuspido e escarrado, na verborragia popular. Uma grota leva a outra grota. Um barco navega para lugares inacreditáveis. Quanto leva de São Luís a Cururupu de barco? " Leva doze horas. O irmão de Rejane transporta mercadorias para os comerciantes das ilhas de Cururupu antes de parar em Cachoeira, onde mora", respondeu Beto. Por que aquela grota em Jacarezinho o fazia recordar daquele quilombo em Porto Rico depois de tanto tempo? Beto participara da mobilização para a criação de uma reserva extrativista em Porto Rico processo que se encontra parado nos órgãos federais responsáveis. "E uma região rica em ostra", revelou Beto. O medo de água doce ou salgada nasce com o homem. E um medo originário. A água pode parecer pouca mas logo vem a mente os seres inimagináveis que lá vivem.

domingo, 6 de novembro de 2022

A day in the life

Beatles e a porta de entrada para a modernidade musical. Inesquecivel o dia em que a globo transmitiu Yellow Submarine na sessão da tarde lá pelos idos dos anos 80. Se seus pais deixassem voce ficar a frente da televisão, era possivel que a Globo tivesse mericordia com os mortais e transmitisse algum filme bom e o acervo de filmes da emissora é um dos maiores do mundo. Yellow submarine é uma animação, um filme surrealista, uma sátira juvenil, blá blá blá. Como ficou a cabeça de uma criança após assistir esse filme sem nenhuma mediação de adulto? Tão impactante quanto foi assistir a animação de Cronicas de Narnia tambem na infancia talvez na sessão da tarde que fornecia material bom para crianças jovens e adultos. Yelow submarine não foi prduzido pelos Beatles, mas prenunciava muito do que seria a modernidade dos anos 60 e indicava muito o que fora a modernidade nos anos anteriores principalmente das entre guerras. A musica nos anos 60 galgou um espaço nunca antes visto em termos de musica popular e os beatles tem uma responsabilidade enorme nesse galgar de espaço.

sábado, 5 de novembro de 2022

A imaginação

Vá por mim vá por ti vá se embora vá pro diabo que te carregue vá pelo amor de Deus cá com a roupa do corpo vá com fome vá com a barriga cheia vá com água até os joelhos vá de braçadas vá desarrumado vá com sono vá com a roupa do corpo vá antes da chuva vá e tranque a porta vá pelos ares vá de bico seco vá pela sombra. Não podia saber e nem tinha como.o seu ramo de negócios obrigava a ficar muito tempo sentado. Pouco conversava e isso limitava a sua subjetividade. Queria reter a sua imaginação entre quatro paredes e tirar o mínimo possível dela todos os dias para sobreviver. Quanta ilusão. Naum podia saber e nem tinha como que alcançaria outro destino em terras distantes. A imaginação se infiltrou e desfez a construção que construirá por anos em seu modesto planejamento individual. Por incrível que pareça a imaginação não foi embora. Ela foi construindo vários pequenos mundos por cada pequeno caminho que passasse.

Chuva de montão

A chuva de um jeito ou de outro é inesperada. Inesperado que ela caia, inesperado a quantidade que cai e inesperado o lugar onde ela se destina. A empregada o avisara que a lua estava passando e que corria o risco de chover muito no inicio de novembro. Planejara uma ida a parnarama e são joao do soter, respectivamente, comunidades quilombola de cocalinho e jacarezino. Cada ida traz a essas comunidades traz uma novidade ou mais de uma. A novidade dessa ida foi que choveu forte da noite do dia 3 de novembro para a manhã do dia 4 de novembro. Em Cocalinho, Nonata havia dado noticia de duas chuvas boas. Nonata declarara saudades dele que sempre lhe enviava mensagem. “pensei que tivesse esquecido de mim”. Chegando a casa dela para doar mudas de ipê e açai, ela abraçou com força explicitando o tamanho da saudade. E só fazia tres meses que ele estivera em sua casa. Não importa o tempo que passe, o que importa é a falta que se faz. No caminho para Jacarezinho, a chuva corria meio solta e meio travada. Uma grota que secara totalmente começava a encher e uma poça de lama em frente a ela exigia cuidados. Entrar errado pode atolar o carro. Achavam que a chuva não seria suficiente para encher a grota. Mês de novembro se chover chove pouco e rapido. Dormiram em Jacarezinho e pela madrugada viram o quanto estavam errados. A madrugada toda foi pe da agua se prolongando pela manhã. O que tinha para se fazer? Domrir de rede e almoçar na casa de dona Maria, viuva do lider quilombola Edvaldo. Assentado o almoço pegaram a estrada. Tirando uma ou outra erosão a corrida seguiu na maciota e na boca da botija a grota encheu de tal forma que carro nenhum se atrevia a atravessa-la. Os motoqueiros se atreviam a atravessar pela ponte empurrando as suas motos. Eles se decidiam por voltar e dormir em Jacarezinho ou buscar outro caminho. Pensavam na estrada que levava a Buriti Corrente que podia não ter recebido muita chuva. E não é que tiveram sorte. Enhuma grota solapada pela agua e chegaram no assentamento Buriti Corrente. Lembrou-se da empregada e de quanto ela estava certa na sua previsão metereologica.

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Região dos Cocais uma perspectiva

A região de Caxias é uma região de tansição de Cerrado floresta amazonica caatinga e mata de cocais. Dá se uma forte presença de babaçuais e por isso essa região e muito conhecida pelo nome região dos Cocais. É bom comentar a importancia do coco babaçu para a economia local e para a economia das comunidades de zona rural. Do coco babaçu, obtem-se varios sub produtos como o azeite e o mesocarpo que é uma farinha bastante nutritiva. São ass comunidades tradicionais e quilombolas que manejam os babaçuais e principalmetne as mulheres negras pobres. É bastante comum escutar-se que uma mulher foi ou mais de uma mulher foram com os filhos quebrar coco babaçu e assim retirar o azeite de coco babaçu a fim de vender nos comercios locais ou consumir em suas casas. Essa riqueza e incalculavel como qualquer riqueza advinda da floresta. Não se tem dados precisos do tamanho dos babaçuais no Maranhão e essa riqueza esta sendo dizimada pelo avanço do agronegocio da soja que vem se instalando na região já algum tempo através da articulação de empresários paraguaios com proprrietários de terra e grileiros que agem de maneira livre por todo o territorio. Suspeita-se que tem angu nesse caroço ou que por debaixo do discuro da soja esteja o discurso do trakking que é a extração do gás de chisto. Abriram um poço experimental na comunidade de Curicas, municiio de Caxias. A comunidade de Curicas começou a se organizar para requerer a posse do territorio com auxilio do seu Edvaldo, liderança da comunidade quilombola de Jacarezinho, territorio com mais de cinco mil hectares cujo processo de regularização encontra-se mais adiantado comparado com outras comunidades. O seu Edvaldo auxiliava não so Curicas como tambem a comunidade de Bom Descanso. No final de abril, seu Edvaldo foi assassinado e passados seis meses as investigaçõe não revelaram os mandantes. Os mandantes são desconhecidos mas os motivos se entrelaçam com as ações do seu Edvaldo em prol das comunidades e contra os desmatamentos tanto isso e verdade que dias depois do assassinato um grileiro usando uma licença ambiental e uma decisão judicial começou a desmatar areas de babaçuais de Jacarezinho e ao desmatarem os babaçuais aterravam o igarapé da comunidade. Por conta de várias mobilizações, a licença ambiental foi suspensa pela secretaria de meio ambiente do estado do Mranhão. No entanto, outras comunidades da região de Caxias estão em situaçao pior que Jacarezinho por não terem apoio politico e assessoria juridica pois o numero de comunidades quilombolas reconhecidas e por reconhecer chegam a quase cem e cada comunidade quilombola compreende uma area territorial de no minimo mil hectares de floresta e areas agriculturavei. A agricultura é uma questão ainda nao devidamente debatida quando o assunto e avanço do agronegocio/traking. Na area desmatada em Jacarezinho os quilombolas plantavam mandioca e outras culturas como feijão. Se o desmatamento não tivssse sido impedido essas pessoas ficariam sem roça e a farinha junto com o babaçu e outras culturas, é uma das bases da agricultura familiar. Sem area para plantar mandioca os quilombolas deixam de fazer aquilo que vinham fazendo por seculos. A farinha e o babaçu garantiram a sobrevivencia dessas comunidades que viviam sem qualquer apoio governamental. Dentre tantos desafios e obstaculos é necessario espaços de articulação e dialogo para as comunidades quilombolas e tradicionais poderem agregar conhecimento e informação sobre o que lhes espera.

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Quando se e jovem

Quando se e jovem, o que menos se quer é algo que demande concentração. Concentração bastava a dispendida na escola. Queria gastar seu tempo com jogos de fliperama e revistas em quadrinho. Só que em determinado momento se anseia por mais nas artes do desperdicio de tempo. O tempo é ouro, assim o dizem, portanto queria experimentar as formulas quimicas do ouro e outros minerios. Não precisava ser um grande experimento que levasse tempo para assumir uma forma. Podia ser a literatura e ainda por cima podia ser a poesia. Setnia-se mais proximo da prosa se bem que ela exigia muita concentração. Escolheu a poesia e relegou a prosa ao canto. O que podia ser que melhor que a poesia? Na verdade ele queria se soltar mais e as palavras providenciariam isso. Começou a ler Rimbaud Baudelaire, Poe, Gregoorio de Matos, geração Beat e tantos outros. Notou que com o passar do tempo fugia de leituras rapidas e superficiais. O primerio grande livro que comprou foi Arte Moderna de Giulio Carlo, critico marcista de arte, que a companhia das letras publicou em 1994. Não era literatura. Era um misto de historia, filosofia e critica de arte. No mesmo ano, leu Viagem ao Fim da Noite do escritor frances Louis Ferdnand Celine. Esse sim literatura e uma baita literatura, uma prosa que ele não experimentara antes nem em sonho. Por essas leituras e tantas outras que viriam a seguir se concentrava mais nas leituras que fazia e nos textos que escrevia.

sábado, 29 de outubro de 2022

Independencia ou morte

O duocentenario da proclamação da independencia, pelo menos, possibilitou a publicação de um grande livro “O sequestro da independencia: uma historia da construção do mito de sete de setembro” escrito por Carlos Lima Junior Lilia Schwartz e Lucia Stumpf. Tambem em 2022 se omemora o centenario da semana de arte moderna de 1922 e um livro que analisa o modernismo do começo do seculo XX é o Modernidade em Preto e Branco de Rafael Cardoso. A proclamação da independencia em 1822 e a semana de arte moderna de 1922 não sao fatos isolados. Sucederem no estado de São Paulo depoe muito a respeito dos projetos da elite brasileira para o Brasil que no caso de 1822 ainda nao era um pais e no caso de 1922 era um pais que pouco sabia de si e de outros. Os dois eventos descortinam o quanto de inocencia ingenuidade e de apatia imperavam na vida social politica em um seculo e revela uma sociedade completamente desprovida de construções esteticas que dessem relevo a sua historia. A grande obra pictorica que emoldurara o sete de setembro só será pintada em 1888 pelo pintor Pedro Americo. Quer dizer o fato historico de maior relevancia da historia de um pais jovem só veio a ganhar uma representação bem estruturada do ponto de vista estetico depois de 60 anos. Quanto mais tempo um fato historico demora para ser representado mais o artista que o pintará terá que apelar para a fantasia e o sete de setembro de Pedro Americo em boa parte evidencia ser uma obra fantasiosa dentro de um esquema romantico realista. Por que Pedro de Alcantara, que ainda não era Dom Pedro I, resolveu proclamar a independencia do Brasil num trecho de sua viagem de São Paulo a Rio de Janeiro se ele podia esperar alguns e proclamar a independencia na sua chegada ao Rio junto com seu ministerio, sua familia e o povo brasileiro? Quem analisa a obra de Pedro Americo percebe e destaca a falta de povo ou melho dizendo aparece um caboclo guiando um carro de boi e um cavaleiro. Com relação a semana de arte moderna de 1922, o que muitos resslatam é o seu carater de independencia da produção intelectual e cultural brasileira com relação a produção intelectual de outros paises. Não há uma obra pictorica dos modernistas que abertamente declare a independencia . Abertamente não, pois a independencia seja ela politica ou estetica pode estar nos detalhes. A independencia promovida por artistas como Tarsila do Amaral está na escolha dos temas e as formas geometricas que ela pinta para representar esses temas. A pintura de Tarila do Amaral que melhor demonstra essa talvez seja A negra de 1923 na qual é representada uma mulher negra. Tomando por base as referencias esteticas de Tarsila, a Negra é uma fragmentação da realidade ou uma fragmentação da forma como se apreende a realidade. O que esta representado não é uma mulher negra ou uma imagem que se tem de uma mulher negra. O que está representado é uma mulher negra cuja imagem foi se esmaecendo na memoria de tarsila esse esmaecimento da imagem dessa negra se deve ao processo economico e social. Tarsila não quer evitar esse processo, ela quer sorve-lo e quer dar um outro tratamento antes que ele complete o seu trabalho de esmaecimento. Ao esmaecer aquela imagem deixa de ser memoria e vira historia Talvez a grande indpendencia proposta pelos modernistas mais do que a independencia das forma e do tema talvez seja a independencia da memoria com relação a historia

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

O desespero de dona Maria, moradora de Mata de Legua

Nessa historia de viajar não era nada incomum que pusessem os pes em alguma comunidade antes de por os pes na sede do municipio. A verdade e que quando se fala em viajar para um municipio isso inevitavelmente leva a conclusão que a hospedagem se dará num hotel com o minimo de conforto e quase sempre essa oferta so acontece na zona urbana. Ainda tem se em mente uma zona rural completamente esquecida em termos de infraestrutura e em termos de sociabilidade. Quer se crer que o principal motivo de uma viagem não é o conforto e sim a necessidade de conhecer outras realidades, outros ambientes e outros grupos sociais. É facil estudar um livro de geografia ou de historia escrito por alguem que não se sabe quem é. O livro chega pronto e quem discordará do que tem lá escrito ? O dificil mesmo é o proprio individuo escrever sua historia e sua geografia em condiçoes de pobreza ou extrema pobreza como se verifica em inumera situações vividas por comunidades tradicionais e quilombolas na zona rural do Maranhão. “O que se vê não se via, o que crê não se cria...”(Medo, Titãs). Seu Antonio Carlos vive desde os cinco anos de idade num lugar conhecido por Mata de Legua que fica entre Chapadinha e Codó e comprou 150 hectares para si e para sua familia ja tem mais de duas decadas. “o senhor gosta mais de comer arroz ou farinha? Gosto tanto de um como de outro. Mas qual desses dois combina melhor com um peixe frito capturado no rio Guará? Ah claro que é a fainha”. Eles se referiam a um peixe (piaba ou piranha) que a sua esposa Dona Maria havia servido para duas pessoas que não comiam sarapatel de bode. Era ela quem pescava, era ela quem coletava o coco babaçu, era ela quem preparava o almoco e era ela quem brigava com o senhor Luis Macedo e com seu gerente que se apossaram de parte de seus 150 hectares. Num dia em que ela estava fora de casa o Luis Macedo craidor de gado e residente em Teresina chegou na sua casa e procuoru conversa com seu Antonio. “ cade os seus amigos da igreja? Quais são os nomes deles? Não sei. Pois fique sabendo que não tenho medo de padre e nem de pastor. E voce esta aqui sozinho.” O senhor Luis Macedo fazia perguntas a respeito de uma comissão que visitara a casa do seu Antonio e nessa comissão estavam representantes de ong’s e ex secretario de segurança publica do marahão que escutaram as denuncias de coação, intimidação e grilagem de terras. A conversa inciada pelo Luis Macedo foi uma forma de intimidar o seu Antonio atraves da palavra. Não precisa ser explicito. Basta dizer as palavras certas que vão remoer a pessoa. Por conta dessa situação toda, a dona Maria no auge do desespero gravou um audio e enviou pela internet. A noticia do audio caiu no ouvido do capataz que disse a dona Maria que o senhor Luis Macedo em geral er bom mas tambem sabia ser ruim. Outra ameaça. O que se sabe é que a familia do seu Antonio e de dona Maria está restrita a uma area bem menor do que aquela de seu direito

domingo, 23 de outubro de 2022

Me chame de qualquer coisa menos Bolsonaro

O melhor inteprete de Bob Marley, assim falou Frederico ou Federa, durante uma sessão de sinuca dele com Alan num bar simples de beira de avenida no caso a estrada da Vitoria que antes de ser uma avenida asfaltada desempenhara a função de estrada de ferro que trazia o trem de Teresina a São Luis. Nada a discordar da tese de Fedra, tudo a concordar. Falando de interpretes por que não pensar em Dalton Trevisan como o grande interprte da canalhice brasileira? E o que a intepretação de Gilberto Gil tem a ver com a interpretação de Dalton Trevisan? Aparentemente nada. O que liga as duas interpretações e o singelo fato de que resolvera escrever um conto onde figurasse o bar e o jogo de sinuca. Fazia um tempo que finalmente concluira que não tinha nenhuma aptidão para o jogo de sinuca, diferente dos amigos Federa e Alan e do rapaz que vendia as fichas do jogo e abria as garrafas de cerveja. O rapaz era filho do dono do bar e incumbia-se bem do manejo do taco. Notava-se o convencimento em cada movimento e em cada tacada. Ganhou várias partidas do Federa e do Alan. Para que não se sentisse o cara foda, começou se a sacanear com ele chamando – de Bolsonaro. Qualquer coisa “ei bolsonaro”. “Me chama de qualquer coisa, menos Bolsonaro”. No final, eles o chamaram para agradecer a gentileza de permitir que tocasse varias musicas de rock na caixa de som do bar. Com relação a ideia do conto, ela surgiu no momento em que um homem negro entrou no bar, pediu uma cerveja e ficou de costas para a entrada. A luz vinda da rua incidiu sobre ele. Tinha-se o cliente, os jogadores de sinuca e a estrada da Vitoria ao fundo.

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

O verme de Memorias Postumas de Brás Cubas

Não chega s ser algo extraordinario. Todo mundo passou por isso um dia. Por que ler determinado livro tão envelhecido que não diz nada as gerações mais novas? Por que ler Machado de Assis? Por que ler Raul Pompeia? Seria mais sabio propor aos jovens que lessem autores modernos do que propor que lessem essa velharia. Como qualquer forma de arte, a literatura precisa de um certo tempo para escolher os seus favoritos e esse tempo para os meros mortais nem sempre esta a disposição deles. A dedicatoria que Machado de Assis escreveu em Memorias Postumas de Bras Cubas foi destinada ao primeiro verme que roeu Bras Cubas. Nada mais fora do tempo humano do que um verme roer os restos mortais de um individuo. O que Machado de Assis quis dizer é que o verdadeiro reconhecimento requer um pouco de morte ou seja a verdadeira literatura so e reconhecida em seu valor real apos a morte de todo o entorno que motivou sua construção. Reconhecer que a literatura para permanecer viva depende da morte é contraditorio. Se Machado de Assis tivesse vivido muito mais do que viveu e escrito muito mais do que escreveu a recepção de sua obra seria a mesma? Provavelmente não porque a pessoa escreve, pinta, reflete sobre a realidade e etc porque quer evitar a morte ou quer evitar pensar na morte. E a sociedade só tera a dimensão concreta da sua obra a partir da sua morte porque nesse momento ela roerá os escritos em sentido digurado é claro para peneirar o que realmente importa ou não.

domingo, 16 de outubro de 2022

O aniversario de dona Rita

A idade de dona maria rita se aproximava dos setenta anos e seu aniversario no mes de outubro não poderia passar desapercebido. As filhas resolveram comemorar com um almoço na sua casa construida em cima da Chapada do povoado Carrancas, municipio de Buriti. Ao longo de quase treze anos, a dona Rita, esposa de Vicente de Paulo, pequeno proprietario de terras que resiste a pressão do agronegocio da soja faminto por novas areas de Cerrado para derrubar e plantar a monocultura, sempre recebeu bem as visitas e adotou uns dois que vinham a sua casa para jantar e dormir nas redes que Vicente estendia no meio da sala e nos quartos. Ulm desses filhos adotivos era o agronoomo Edmilson Pinheiro, super secretario do municipio de Bequimão e colaborador do Forum Carajas, que começou a andar por Carrancas em 2014/2015 assessorando o jornalista Mayron Régis, na epoca assssor do Forum Carajas. Edmilson com a cara de bom moço que possuia conquistou Dona Rita que perguntava assim que não o via no carro “Seu Edmilson não veio?”. Não só Dona Rita, o Vicente de Paulo e os demais membros da familia recebiam muito bem as visitas que vinham de São Luis, Bhia, Espirito Santo, São Paulo, \holanda, Alemanha e etc. Como eles viviam ameaçados pela familia Introvini e seus capangas, essas visitas de representantes de ONGs, movimetnos sociais, igreja catolica contribuiam para fortifica-los. O convite para o almoço do aniversario de Dona Rita era irrecusavel portanto se confirmou a presença. No dia seguinte a chegada, o Vicente de Paulo comentou que o Alberto, que igual a ele possuia uma area de 150 hectares entre Chapada e Baixão a beira do rio Preto, desejava que o Forum Carajas assessorasse ele na area de meio ambiente e produção como fizera com a familia do Divino e Francisca, a qual ele destinara cinco hectares para construirem uma casa e criarem seus animais, e com o proprio Vicente. A noticia que o Alberto gostaria do apoio do Forum Carajas causou uma imediata surpresa porque de uma outra propsota da instituição ele se mostrara desconfiado quanto as reais intenções. Ficou de responder se queria ou não o apoio e nunca respondera. Pois depois de dois anos, ele viu que a coisa era seria mudou de ideia. Melhor para ele.

sábado, 15 de outubro de 2022

Nina Rodrigues e a mandioca

Nina Rodrigues, antropologo e medico legista, considerou a possibilidade de pesquisar a cultura da mandioca no Maranhão, seu estado natal. A elite maranhense, uma formulação generica que pouco revela, não gostou nenhum pouco de tal ideia e escorraçou Nina Rodrigues do Maranhão, afinal a mandioca era uma comida de pobre e a elite maranhense do começo do seculo XX educava seus filhos como se fossem europeus ricos e não descendentes de indigenas e negros. Onde ja se viu querer denegrir a imagem do Maranhão? Caso nina rodrigues tivesse pesquisado a cultura da Mandioca onde ele teria chegado? Com certeza, onde a elite talvez não quisesse que ele chegasse. A elite maranhense não queria se expor e não queria que expusessem a verdade que ela continuadamente escondia em seus casarões e suas fazendas pelo minterior do estado, onde viviam as pessoas que consumiam a farinha de mandioca. Era o que havia para elas comerem acompanhada de algo que podia ser carne ou podia não ser nada ou quase nada. quase nada que pode ser uma xicara de café. Quantas familias maranhenses iniciam o dia com uma vasilha de farinha e uma garrafa de café sobre a mesa uma combinação que elas imaginam dará conta das suas necessidades diárias de nutrição? Impediu-se que Nina Rodrigues realizasse sua pesquisa naquele tempo, embora ninguem seja dono de nada por muito tempo e embora ninguem seja dono do tempo. Em qualquer situação e a quaquer tempo, faz-se pesquisa. O senhor Joao Fernandes, morador do quilombo Cuba, convidou um pessoal de São Luis que acabara de conhecer para almoçar em sua casa. O almoço se detinha em tres pratos principais: os peixes pescados no rio Pindaré, arroz e a farinha seca. Bem possivel que com o declinio da cultura do arroz no Maranhão o arroz servido fosse industrializado. A farinha provinha da comunidade e passado um ano desse almoço resta evidente o quanto comer peixe de pequeno porte pescado nos rios ou lagoas maranhenses complementa o consumo de farinha. Se não fosse o consumo de peixe associado ao consumo de farinha, as comunidades da zona rural do maranhão estariam em piores condições do que elas se encontram quando o assunto é segurança alimen tar.

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Megalomania e barbarie no agronegocio da soja

Nos erguemos Balsas e se quisermos podemos deruba-la. Essa frase megalomana de um plantador de soja do municipio de Balsas, sul do Maranhão, comparece junto com outras tantas frases grosseiras numa serie de audios de zap em que ele indignado ataca o povo de Balsas por ter dado a vitoria no primeiro turno ao candidato do PT Luis Inacio Lula da Silva que disputa a presiencia da republica com o atual mandatario. O pano de fundo das agressões a população de Balsas foi a vitoria de Lula, mas as agressões partiram da parte desse plantador de soja em primeiro lugar em razão da declaração do voto de um colaborador de uma empresa de agronegocio. Este colaborador declarou seu voto em Lula o que levou a um grupo de empresarios do agronegocio da soja pedir a sua demissão o que a empresa atendeu alegando ser uma empresa desbravadora e que defende um pensamento de direita. Os plantadores de soja cometeram crimes das mais variadas especies e a empresa cometeu crime ao demitir o colaborador por declarar seu voto em Lula. Os crimes estão previstos em lei e cabe ao ministerio publico do trabalho investigar e dencunciar os envolvidos. E quanto ao crime de megalamonia cometido pelo plantador de soja ? A megalomania desse plantador de soja de tão indecente chega perto da megalomania de Nero, imperador romano, que ordenou o incendio de Roma e que esse incendio seria sua grande obra. Afora a sua megalomania que é uma caracteristica de pessoas mediocres, o plantador de soja expõe a barbarie que é hisorica e tipica do agronegocio brasileiro que agredi qualquer um que se atreva a contesta-lo.

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

O ritmo do café

Beber agua varias vezes ao dia. Virou um habito. A preocupação com o se hidratar veio recente. No auge da juventude, especiliazara-se em tomar cafe o tempo todo. Continuava desse jeito; so incluira entre um cafe e outro um copo de agua. O cafe se tornara uma exelente companhia nas horas de trabalho. Permanecer acordado altas horas requeria muita resistencia e o cafe ajudava. Não importava onde, pedia um cafe, uma folha de papel e uma caneta para desenhar letras de uma ponta a outra da folha do caderno. Percebera que o cafe o estimulava com a escrita e com a ordenação das ideias. Se sentia muito grato ao café e as pessoas que atendiam o seu pedido. “Se o senhor puder espere, faço um café rapidinho”, inumeras vezes escutara essa frase de Dona Rita, esposa de Vicente de Paulo. É claro que ele esperaria. Enquanto dona Rita fervia o café, ele solicitava uma folha e uma caneta ao rei Arthur neto de donta Rita que prontamnte atendia o pedido e trazia o material. Começava a escrever e notava que o rei Arthur nparava alguns minutos a sua frente e investigava sua feição tentando desvendar o que tanto escrevia. Sentia-se compromissado com aquele garoto que vira com alguns meses de idade gordinho e mexendo numa melancia na sala de estar da sua avó. Rei Arthur crescera desinteressado pelos estudos porem aquele ar de investigação que assumia sobre o que escrevia despertava a suspeita que o garoto desejava algo a mais para si.

domingo, 9 de outubro de 2022

Da lama ao caos e o capital de marx

Esse tipo de muisca traz ensinamento. Timoneiro nunca fui que não sou de velejar o leme da minha vida deus e quem faz govenar... nao sou eu quem me navega quem me navega e o mar e ele quem me carrega como se fosse leva. A musica de Paulinho da Viola que ela começara a ouvir. Paulinho da viola e o acumulo do samba carioca. É o principe do samba. Timoneiro não é um acumulo do samba. Ele é um acumulo de um samba que foi adquirindo uma face de acordo com cada epoca. Ele vai encontrar uma definição para o samba de Paulinho da Viola. Para o samba de Chico Science e Nação Zumbi ele encontrara. Da lama ao Caos e Afrociberdelia discos de Chico Science e Nacção Zumbi eram o O Capital de Marx transfigurado em musica.

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Conversa de doido

O dia se adiantava pela manhã. Desceu na avenida com nome frances e pensou na venda de uma senhora que vendia cafe, suco salgado e bolo. Pediria um suco e um salgado ou somente um suco? Precisaria ser rapido, pois a reunião marcada no orgão de reforma agraria estava prestes a se iniciar. Um amigo o convidara a participar da reunião cujo proposito se mantinha na direção de esclarecer duvidas no que diziam respeito a um assentamento da reforma agraria criado na decada de noventa por decreto assinado no governo Fernando Henrique Cardoso. Trinta anos de criação e ainda pairam duvidas referentes a area na qual o assenamento se insere e o numero de familias beneficiadas pelo assentamento. No ditado popular quem duvida perde a vida, no traquejo do cotidiano quem duvida ganha a chance de rever processos de decadas e abocanhar milhares de hectares de terra pare vender a um interessado que pode ser uma empresa do agronegocio ou uma empresa de interesses imobiliarios ou de turismo. O municipio de Morros e permeado por varios cursos de agua e o nome do assentamento é Rio Pirangi então dá para especular que se uma parte do assentamento for desafetada por alguma razão é claro que quem se apossar dessa area está interessado em agua. A reuniao era para debarer com o Incra a situação do assentamento e cobrar um posicionamento do orgão. Dava tempo para tomar um suco antes da reuniao. A vendedora anunciou que havia bacuri e maracuja. Seus sucos mais amados e enquanto a vendedora servia escutava a conversa dela com dois sujeitos. Estes defendiam a tese de que o presidente Bolsoanro não tinha culá da morte de setecentas mil pessoas durante a pandemia e que era de onde o virus tinha vindo no caso a China. Eguas que doideira os caras realmente acreditam nessa locuura. Se ele não estivesse ouvindo duvidaria caso alguem lhe contasse. “Melhor se adiantar do que se meter nessa conversa de doido. Daria mais resultado, pensou”.

terça-feira, 4 de outubro de 2022

dias de heroismo

Deu-se conta que as ruas não eram mais as mesmas. O cancao que brincara com outras crianças na infancia de pular e pular em uma perna só de quadrado em quadrado como que sumira das vistas. As crianças não mais desenhavam suas brincdeiras no asfalto das ruas. Se não se enganava para brincar o cancão se desenhava tres quadrados na vrtical, dois na horizontal, um na vertical e dois na horizontal e terminava com um meio circulo. Os itens necessários da brincadeira se resumiam a um giz para o desenho e uma pedra para jogar nos quadrados. Um desenho simples para uma brincadeira coletiva. Puxava-se uma linha de um lado ao outro da rua para separar as equipes que disputariam o pega bandeira. A equipe colocava uma bandeira na sua parte da rua e a equipe adversária tinha como objetivo pegar a bandeira e traze-la para seu lado. É claro que antes de atravessar a linha com a bandeira o corredor deveria se esquivar dos seus aversários que caso o segurassem levariam-no para tipo uma masmorra invisivel de onde seria solto no fim da brincadeira. O mais corajoso, o mais rápido e o mais ágil conseguia penetrar na linha adversária, pegar a bandeira e traze-la consigo, mas esses dias de heroismo e de coragem infantis e juvenis ficaram para trás.

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Marcelo e a Chapada de sua familia

Marcelo era o nome dele. Morava na Bacaba, povoado de Buriti. Tantas vezes passara por esse povoado, povoado pequeno comparado com outros povoados daquele municipio, sem que o visse. Anos mais tarde o Marcelo o convidaria para festejos ao redor do povoado e almoços em sua modesta casa interiorana. Por detras de sua casa e das outras, o riacho Feio se movia. Não sabia precisar a distancia do povoado para o riacho, afluente do rio Munim. Em tempos de inverno vigoroso, o riacho transbordava e prenchia a parte alta de um jeito que se podia pescar. Quem contara essa extravagancia não fora Marcelo e sim o Vicente de Paulo, morador do povoado Carrancas, que trouxe seu nome a baila em alguma das conversas que tiveram no terreiro de sua casa. Vicente de Paulo vivia em conflito com a familia Introvini por 150 hectares e o Marcelo lhe dava certa assistencia individual em questões relativas a terra. Este vira de uma hora para outra a vegetação do Cerrado ser substituida pela soja trazida pela fazenda Europa em parceria com a empresa Interallis. Restava uma boa parte do Cerrado na Chapada que o Marcelo se interessara em requerer. As empresas começaram a enfiar placas como testemunhas de suas intenções de desmatarem a Chapada que cabia a familia do Marcelo. Ele as arrancou. Para comprovar a posse, ergueu sozinho uma Choupana emplena Chapada que as empresas derrubaram. O importante e que a Chapada continua inteira e que o Marcelo entrou com um pedido de regularização fundiaria no Iterma.

sábado, 1 de outubro de 2022

O amigo e o avô

No encontro da rede alerta contra o deserto verde, no sul da bahia, um militante do MST manda uma pergunta para um grupo de militantes sentado sob a copa de uma árvore: “Onde está Winnie Overbeck? Foi com ele que aprendi o termo deserto verde”. (termo designado para grandes plantios de monocultura de eucalipto e outras espécies). Passaram-se anos semque a rede alerta se reunisse e o Winnie de origem holandesa andava mais pela África mesmo residindo em Vitoria, mas esses dois fatos em nada impediram que o militante doMST se recordasse do Winnie e recordasse como um bom companheiro que deve ser lembrado constantmente para não cair no esquecimento. O esquecimento é uma tarefa natural da mente humana. Esquece-se de pessoas e acontecimentos e outras pessoas e outros acontecimentos brotam naquele lugar. Seria possivel gravar e quem sabe relembrar tudo que se viveu e todas as pessoas com quem se viveu? Tinha tudo para não pensar no seu avô, o senhor Lidio Brito, que fora o primeiro prefeito da cidade de Dom Pedro, municipio maranhense Tinha tudo porque não chegara a ve-lo e nem chegara trocar duas palavras que seja com ele, pois morrera anos antes do seu nascimento. Ficava se perguntando os porques da escolha do seu avô para o cargo de prefeito intrino de Dom Pedro e como ele se saira no cargo. Essas perguntas fazem a diferença tanto quanto outras. Ninguem vem do nada. ninguem é unico.

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Acumulação e escrita nos Cerrados maranhenses

O que se lê é que a escrita nasceu da necessidade de listar as propriedades. Retira se dessa afirmação que acumular materialmente e escrever (conhecimento) a andam juntos. Difícil não concordar quando se vê os interiores pelo Maranhão a fora onde a acumulação material por parte dos fazendeiros possibilitou aos seus filhos estudarem. Bem diferente dos filhos dos agricultores familiares que ou não estudaram ou estudaram em escolas públicas precárias. Está se falando de acumulação material e escrita do ponto de vista capitalista mas conversando com Vicente de Paulo agricultor familiar de Buriti pressente se outras formas de acumulação e de escrita vicejando pelos Cerrados do Maranhão. A Vara Agrária do Tribunal de Justiça do Maranhão manteve Vicente e sua família na posse de 150 hectares nas chapadas do povoado Carrancas município de Buriti numa disputa entre Vicente e a família Introvini de plantadores de soja. Com essa decisão a única acumulação com que Vicente se preocupa e a das espécies do Cerrado crescendo tranquilamente e a única escrita com que ele se preocupa e aquela que seus netos escreverão daqui por diante a partir da sua história.

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Vem pra Cuba

Queria ir pra Cuba no mar das antilhas. Se fosse possivel, iria de barco. Desse jeito, conheceria o que ainda não conhecera do litroal maranhense, boa parte do litoral da região norte brasileira e enveredaria pelo oceano atlantico. O que encontraria pela frente? Muito dificil que realmente acontecesse. Cade a pratica nautica? Cade o barco? Cade a tripulação? Cade o recurso para comprar mantimentos e combustivel? Enfim, colocaria pra adormecer um pouco o seu sonho de navegador e de descobridor das Antilhas. Conversara anteriormente com amigos que ou desejavam fazer a viagem ou que a fizeram varias vezes. Quem dera chegar esse dia. Podia, pelo menos, que visitara outra Cuba, no centro oeste maranhense, municipio de Santa Inês. A visita ocorrera pelo motivo que a comunidade quilombola de Cuba lutava para impedir o desmatamento de sua reserva floresta ou o que restara da floresta amazonica após decadas de derrubadas para plantio de capim e criação de gado. Dessa visita, ficou a amizade da Aflisia que sempre lhe informava da situação do quilombo. Da ultima vez que conversaram, ela comentou da situção do quilombo Frangai, no municipio de Rosário, litoral leste maranhense e bacia do rio Itapecuru. Uma amiga e moradora do quilombo revelou que surgira um conflito no quilombo. Ele jamais ouvira qualquer mencão a esse quilombo em Rosário. Cada vez mais, as comunidades quilombolas maranhenses vem se tornando conhecidas pela sociedade não por sua historia e sim pelos conflitos que enfrentam nos ultimos anos e não são poucos os conflitos. Nota-se um movimento vindo de parte da sociedade que gera conflitos internos nas comunidades quilombolas e comunidades rurais em todo o Maranhão. Um movimento insinuante que procura atrair setores divergentes ao projeto desenvolvimentista apregoado como redentor.

domingo, 25 de setembro de 2022

o maniaco

Virara um maniaco por livros. Nada do tipo que comete os piores crimes para obte-los. Nenhum assassinato, nenhum roubo. Cometera crimes sim, mas dos tipos menores. Pegara um livro por emprestimo na biclioteca comunitaria de uma cidade pequena do interior do maranhao. Quem em Buriti lê Lawrence Sterne? Quanto preconceito. Nem ele tampouco conseguiu ler em tres anos ou quatro anos que pedira emprestado junto com um livro do jornalista maranhense Francisco Oliveira. Este ultimo sim lera bastante porque o jornalista escreve sobre literatura e arte de maneira geral. Ensaios que intelectuais brasileiros adoram escrever e escrevem na maioria dos casos.no caso de Sterne, uma das referencias de Machado de Assis, o leitor deve ter uma certa paciencia com as longas frases e com os efeitos digressivos que o autor confere a narrativa. Alem desse caso, existem outros que não ha nenuma intenção de ficar com o livros e sim a preguiça de procura-los entrea bagunça da biblioteca. O mais facil de achar talvez seja a biografia de Noel Rosa e é uma senhora biografia tanto do ponto de vista do tamanho como do ponto de vista do conteudo. Quem lhe emprestou fora um senhor misto de dono de bar antiquario e bibliotecario. Primeiro perguntou ao senhor se venderia, a resposta foi nao. Perguntou se poderia emprestar a ele, a resposta foi sim. Começou a ler em casa e a preguiça prevaleceu sob a sua vista. Guardou em algum lugar e todas as vezes que vai ao bar o propiretario pergunta lhe do livro. de tantas negativas não ve a hora em que levara uma cacetada na cabeça.

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

rio doce

Por sua vez, o que sabia? Nada vezes nada. O quadrado mais que perfeito do verbo reflorestar. Reflorestar é maneira de dizer. Quem diz teme ser ouvido. O temor segue escondido. Como o homem se formara ? Como a casa incendiara? O homem não vira o mundo nascer. O mundo, pelo contrario, dormira com o homem em seus braços e a luz vagueando pelo silencio com nada visivel. O homem descobrira o mundo descoberto sen que chegasse a um bom termo. Como se formara o homem com as palavras que abolira? Dormira no relento com o frio batendo nos pés e a secura na boca. Diz a que veio e como vieste. Vieste no degredo ou vieste no veleiro. A casa que queimou amanhceu as cinzas. O que se enxerga pouco se come. O que se enxerga pouco se dá. Como se formou o homem que se batizou nas aguas frias daquele lugar? O homem adormeceu a criança e repetiu a palavra para que não a esqueça. Partir a ignorancia para quem sabe nela pisar. Descalçou os pés porque queria andar. A mão veio a boca e o peixe migrou pelo rio docemente.

terça-feira, 20 de setembro de 2022

Admiravel mundo novo

O disco preferido. Essa construção ao mesmo tempo de cunho emocional e de cunho estetico, desapareceu quase por completo das rodas de conversa dos amigos. As rodas de conversas versam sobre diversos assuntos menos a respeito de preferencias. Preferir algo se tornou coisa do passado e como tal não compoe a narrativa atual. Por incrivel que pareça, alguem perguntou qual disco do grupo Nação Zumbi ele preferia, se da fase com Chico Science ou da fase com Jorge du Peixe no vocal. Entendera errado a pergunta e respondera que a fase com Chico Science. Vendo a distancia tanto a pergunta como a resposta incorrem em erros de analise porque se concluiria que a fase de Chico Science transbordava genialidade enquanto que a fase com Jorge du Peixe se traduzia numa sub expressao dos temas rotineiros que a banda costuamra cantar e tocar. É sempre bom ficar alerta as armadilhas qie os preconceitos sociais espalham pelo debate estetico e uma dessas armadilhas é que as pessoas tem escutado pouco discos em sua completude e mantem-se presos a musicas especificas. O ouvinte ecutar uma musica ou duas musicas apenas de um disco com dez musicas não dá a dimensão do todo nem o todo disco inidivudal e nem o todo dos discos anteriores. Uma obra esta sempre atrelada a uma obra anterior e sugere o que vira na obra seguinte. Jorge du Peixe em uma entrevista declarou que a banda sempre soltava pistas dos seus projetos futuros no disco que a banda acabava de lançar. Se a banda solta pistas ela tambem despista. É uma relação dialetica. Os processos de construção estetica que definiram Da Lama ao Caos e Afrociberdelia, de 1994 e 1996, respectivaente, não poderiam ser repetidos pela banda pós morte de Chico Science em 1997. As condicçoes historicas e materiais que ensejaram a produção dos dois discos mudaram completamente. É o que se depreende de um disco como NZ de 2002. As letras de Chico Science constextualizavam a crise urbana vivida pelas grandes cidades com a historia recente do pais. Em NZ, como em Radio Samba de 2000, as letras e seus sentidos não sao tão explicitos. Na musica “Caldo de Cana” Jorge du Peixe canta “Meu Destino é agora/feito caldo de cana/é a cana caiana”. Jorge du Peixe relaciona a questão individual do sujeito com a questão coletiva da produção de cana de açucar monocultura que predomina em boa prte do litoral nordestino. Caldo de cana é preparado e consumido na hora, então o cidadão tambem é preparado para ser consumido agora como se depreende da letra. So resta admirar o mundo novo como canta sila do coco na mesma msuica numa referencia a admiravel mundo novo de aldous huxley.

domingo, 11 de setembro de 2022

Baixada maranhense e leste Maranhense : Modos de vida e de produção

Comparando a região da baixada, caracterizada por grandes volumes de agua na superfiicie, com a região leste maranhense, caracterizada por grandes volumes de agua no seu subsolo, constata-se que a presença da agua na superficie em grande quantidade ou não é o que direciona as atividades economicas sociais das comunidades tradicionais e quilombolas do maranhão. Moradores do povoado Santa flor de bequimão conversavam no terraço do comercio de familaires enquanto o gado descansava em alguma sombra a beira da estrada. Dois deles se desafiavam e cruzavam chavelho ou cifre. Para a economia social desse povoado, o gado é mais um item entre tantos que compoe a economia domestica da população. Deve se admitir que o consumo da carne de gado se infiltrou de maneira expressiva na rotina domestica das pessoas nos ultimos anos. O que faz diferença para essa população, em determinados momentos, é uma traira seca ou jabiraca. A filha da dona da casa e do comercio trouxe um prato com peixe seco, nos finalmentes, e deu para o grupo se servir. Pensava-se que os mais velhos ficariam nas suas e dispensariam a iguaria. O que mais se viu foi justamente o contrario: um dos mais velhos se erguendo da cadeira e indo em direção ao prato com as trairas secas para pegar sua parte no botim. Um jornalista que fazia parte do grupo preferiu fazer politica ao telefone e não provou a oferenda. Os idosos devem se recordar do tempo em que em boa parte do maranhao o que havia para se comer provinha dos rios e lagos, principalmente na baixada maranhense, e como era dificil criar animais de medio e grande porte nos anos oitenta devido a crise economica. Na cabeça dessas pessoas, o fundamental para se manterem durante o dia é o peixe e a farinha. Essa constatação e bem diferente quando se pega o leste maranhense. Os rios do Cerrado nao sao piscosos e não há grandes reservatorios na superficie como acontece na baixada maranhense. O que implica dizer que as populações tradicionais dessa regiao não contam com grande oferta de peixe para se alimentarem e que elas tem que da um jeito de produzir para evitarem a fome. A criação de gado, porco, bode, frango e peixes de criatorio passa a ser uma necessidade inquestionavel para a economia dessas familias do leste maranhense. O problema é que para qualquer criação precisa de espaço fisico e formas de nutrir esses animais. As comunidades tradicionais vem perdendo espaço para o agronegocio como se ve na regiao entre chapadinha e codo onde o grupo Macedo de pecuaristas de presieente Dutra vem grilando e desmatando o babaçual do seu Antonio e sem area para plantar ele não tem alimentos para si e nem para as suas criações.

sexta-feira, 2 de setembro de 2022

O Mar o porto e as remoções

O Mar o porto e as remoções Gostava de Paulinho da viola e gostava principalmente quando cantava o mar. Timoneiro nunca fui que não sou de velejar. Paulinho exponencia insegurança e timidez por toda sua obra. E não há problema nenhum nisso. O mar quando quebra na praia e bonito, e bonito, Paulinho da viola cantando Dorival Caymmi. Quem e mais poderoso, o mar ou a praia? Você olha para o mar e o que vê ? Você olha para a terra e pensa que viu tudo. O mar enverga as certezas, pescador não vá pra pescar pescador não vá pescar que e noite de temporal, Dorival Caymmi pela voz de Virgínia Rodrigues. O governador Carlos Brandão afiancou em entrevista que o porto do Cajueiro será construído e para isso serão feitas remoções e indenizações. A Suzano papel e Celulose quer remover a comunidade Camboa dos Frades vizinha do cajueiro e construir um terminal, lembrando que a Suzano foi uma das principais interessadas na construção do porto do Cajueiro até pouco tempo. As notas promissórias das campanhas de 2014 e 2018 ainda não foram devidamente pagas. E o que se depreende da fala de Brandão a Mirante.

Minha preta

A verdade é que a compreensão do mundo acaba na esquina. No lugar onde estavam, não havia esquinas. Eles estavam em algum ponto entre Bequimão, Peri Mirim e São Bento. Comunidade quilombola do Pontal, casa da Preta, presidente do Sindicato de Trbalhdores Rurais de Bequimão. Ela se recuperava de uma operação e eles chegaram perguntando do queijo, o famoso queijo de São Bento que, pelo visto, não era de Sao Bento coisa nenhuma. Tudo bem. O queijo acabara e só haveria de novo no domigo. Entre uma conversa e outra, alguem lhe moveu uma questão “Por que Preta?” “Olha não sei é um apelido que me deram na minha infancia”. Quem sabe apelidar devia ganhar um prêmio porque requer uma criatividade que nem todos tem. Devem te-la apelidado de preta porque se observa traços negros em seu corpo e em sua feição sendo que os seus traços determinantes são indigenas. “ô minha preta”, é um tratamento que uns podem considerar carinhoso e outros podem considerar racista. A linguagem é utilizada de acordo com as conveniencias da Historia de cada povo. Quem olha o povo da Santa Flor, municipio de Bequimão, cravaria na hora que todos descendiam de portugueses tamanha a alvura dos rostos. Ledo engano. Descendem de indigenas e a alvura se acentuou por terem vivido muito tempo isolados o que levou a não se misturarem com europeus e africanos. Sem eles saberem, essas historias e outras historias se encontram ameaçadas em seus cernes pelos projetos de infraestrutura que o governo do estado do maranhão pretende implantar na baixada maranhense, uma ferrovia ligando açailandia a alcantara e um porto em alcantara para escoarem a produção de grãos da região oeste do estado. Se não há esquinas, há campos naturais a perder de vista onde se ve agua acumulada meses a fio graças aos invernos generosos e que se esvai com o adensamento do verão. Os quilombolas e indigenas retiram sua fonte de proteina diaria do consumo de peixes que pescam nesses campos. A anemia falciforme é uma doença caracterisitca dos negros que os acomete porque eles não tinham acesso a carne de gado. Caso o projeto do porto e da ferrovia seja levado adiante pelo governo do Maranhão é fazer a politica de terra arrasada contra as comunidades tradicionais e quilombolas.

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

O sertão baiano pela otica de um maranhense

Quero escrever sobre o sertão, declarou em bom som e alto tom de voz. Não era qualquer sertão. Era o sertão baiano. Por essa e por outras, gostava desse amigo. Um dia ele tratou de um sonho em que aparecia como nobre dançando danubio azul de Strauss em plena corte austrieca. E porque não podias ser cocheiro em vez do nobre?, perguntou a esposa. Para escrever esse tal livro, ele anda lendo de tudo ou relendo tudo que lera e cujo assunto versava sobre o sertão. Se não se enganou, o nobre austrieco relera guerra do fim do mundo de vargas llosa e os sertões de euclides da cunha. Bem provavel que ele não escreva o livro, mais provavel que os livros que leu e releu contribuam para algum debate que travem durante alguma viagem que façam entre São Luis e Matinha, cidade da baixada maranhense. Ai ele recordará dos varios livros que leu e releu por conta do seu grande projeto de escrever O sertão baiano sob o ponto de vista de um maranhense. Não há como negar que há uma logica nesse projeto. Várias comitivas de gado vindos da Bahia cruzavam o sertão maranhense em busca de pastagem e agua. Desde sempre o Maranhão foi lugar de passagem para criadores de gado, traficantes de indios, donos de engenho, religiosos e religosas, populaçoes indgenas e negras e fugitivos da justiça.

domingo, 28 de agosto de 2022

Antes de escrever, ler.

O que pensou dona Lucia, indigena e agricultora familiar do povoado Baixao dos Rocha, muniicpio de São Benedito do Rio Preto, ao andar mais de dois quilometros atras de um trator que destroava a sua roça e as roças de outros moradores da comunidade e ficar frente a frente com o trator correndo o risco de que o tratorista passasse por cima dela com o trator? Passou ou não algo pela cabeça ela nem deve se lembrar porque, pelo video gravado, a tensão por ver o trator derrubando e revirando roça e mata por onde quer que passasse, foi tamanha que se pensou algo pensou rapido coisa de segundos e coisa de instintos ancestrais porque o que estava em jogo naqueles minutos era a defesa do seu territorio. Dias mais tarde, numa visita da secretaria de direitos humanos e da sema a comunidade muito em função do video veiculado nas redes sociais e da manifestção da comunidade que bloqueou a estrada, alguem ligado ao governo inquiriu um morador: “Como voce pode comprovar a sua posse/”. Tendo em mente a historia da comunidade passada e recente, essa pergunta transparece uma insensibilidade tremenda bem a cara das elites que governam o estado. Os moradores do Baixão dos Rocha decendem de indigenas que se misturaram com imigrantes que veiram do Piaui, Ceará, Pernambuco fugidos da seca e da falta de perspectiva. Os imigrantes vieram no começo dos eculo XX. Os indigenas viviam nessas e andavam por essas terras muito tempo antes e para sobreviverem se miscigenaram com os brancos e com os negros. Preocupar-se com a comprovação de posse, um debate juridico motivado pela pintrusão em seu territorio de empreendimentos de soja, ´é recente. O Estado ddveria perguntar ao grileiro se ele pode comprovar a posse e não o contrário. Essa é uma responsabilidade do Estado e a responsabilidade do municipio de São Benedito do Rio Preto, o que o municipio vai herdar com tanto desmatamento? Perto do aniversário de São Luis, dia 8 de setembro, bom rlembrar os versos de Bandeira Tribuzi, poeta indigena negro e branco: “O minha cidade deixa-me viver que eu quero aprende a tua poesia”. Então, Sao Benedito do Rio preto deixa Baixao dos Rocha viver pois os indigenas de lá nunca aprenderam tua poesia.

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

A viagem de barco

Escreveria sobre barcos de pescadores a vela a partir do seu “vastissimo” ponto de vista ou do seu porto de vista. Por que escrever sobre barcos de pescdores a vela? Morara no bairro Liberdade e nunca fora se banhar nas águas que mesclavam agua doce e água salgada. Crescera no bairro e suas experiencias maritimas cabiam na visão da beira mar em dias que praticava natação num clube social. Nessa visão não sobravam barcos e nem pescadores. Nem sabia como os pescadores viviam. Uma pequena amostra de como os pescadores viviam receberia de um professor ns setima serie que resolvera pegar uma carona numa saida de pescadores em direção ao alto mar. Ou em direção a Alcãntara? Como não se habituara a navegar de barco passou a maior parte do tempo enjoado. Sim, ele pedira carona aos pescadores porque sua pesquisa de encerramento de curso na Ufma exigia que ele fosse a Alcântara. O objeto de estudo do professor era a festa do Divino Espirito Santo.

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

A palavra revela os segredos do tempo

A palavra revela os segredos do tempo. Eussaup palavra indigena que quer dizer lugar onde se comem caranguejos. Esse foi o primeiro nome que o bairro mais antigo de São Luis, o Vinhais Velho, recebeu antes da chegada dos franceses e dos portugueses no começo do seculo XVII. Com a expulsão dos franceses e dos seus aliados indigenas, os portugueses deram nome de Vinhais que dialoga com vinhas e com monte. Os portugueses viram na geografia local algo que se assemelhava a geografia da sua terra. O dominio territorial portugues não significou sobremaneira que a lingua portuguesa tenha dominado por completo a linguagem e os usos conferidos a ela, caso assim fosse a eussaup e o seu significado teriam desaparecido da memoria. E não havia como desaparecer. As margens do rio Anil carregam coleções de sentidos advindos de algum lugar da historia que não estao exatamente situados no padrão ocidental de conhecimento e de experiencia. As pessoas catam caranguejos nos manguezais de São Luis pela pobreza material mas tambem porque algo as leva a fazer isso e isso se chama conhecimento e experiencia que são conquistados pela convivencia e pelo dialogo. Na falta de conhecimento e de experiencia obtidos ao longo do tempo o que faz a pessoa? Ela vai atrás, dá um jeito de obter. Construir um barco que balance facil no rio, qual madeira utilizar e etc. A pessoa aprende e aprende porque ela ve outra pessoa fazendo ou a pessoa repassa pela fala o conhecimento necessario. O conhecimento aqui referido provem do conhecimento oral e pratico e quem segue essa tradição são os indigenas ou então os seus descendentes misturados com portugueses e africanos. Vinhais velho se tornou o nome do bairro mais antigo de São Luis, mas antes de ser bairro e de ser velho era um lugar onde os indigenas comiam seus caranguejos coletados por boa parte do rio Anil.

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Modernidade politica no Maranhão

O desconforto perpassava a conversa entre ambos. Tu achas que o maranhao experimentou a modernidade em algum momento? Não, o Maranhão viveu lapsos de modernidade. Se tomarmos por base a modernidade brasileira que esta sincronizada com a modernidade europeia, o Maranhão nunca experimentou uma modernidade com a sua cara. As elites maranhenses foram contra a independencia em 1822 ficando do lado dos portugueses. Se a proclamação da independencia foi o fator primordial para desencadear um processo de modernidade politica obedecendo a uma visão centralista o que dizer de um estado que discordou da proclamação da independencia? Ele estava a direita do governo de Dom Pedro I que por criterios modernos era de centro direita. A discordancia da elite maranhense quanto a independencia do Brasil pode ter levado o Maranhão a não ter um projeto intrinseco de modernidade politica e em consequencia um projeto moderno de economia de cultura e de sociedade. As politicas executadas pelos governos do Maranhão derivam de politicas publicas desenvolvidas a nivel nacional. Essa dependencia se apresenta nas coisas mais basicas. O mundo pode estar acabando e o gestor responde não posso fazer nada, é responsabildiade do governo federal ou do governo do estado ou de não sei quem. A responsabilidade é do outro. A falta de um projeto moderno serio no Maranhão faz com que setores como indigenas e quilombolas desconfiem de qualquer inicativa vinda de setores governamentais e essa descofiança se refere em questões reconhecias pela constituição e pela propria sociedade. O que dizer de um Estado que licencia empreendimentos poluidores dentro de territorios tradicionais ? o que dizer de um municipio cujos gestores não geram informação sobre comunidades tradicionais dificultando a implementação de politicas de saude e educação para estas comunidades? O que dizer de uma sociedade que monta barreiras culturais e linguisticas no toante ao conhecimento produzido por essas comunidades tradicionais?

terça-feira, 16 de agosto de 2022

A sociabiliade inexistente da praça Antonio Lobo

A praça da igreja Santo Antonio ou praça Antonio Lobo, no centro de São Luis, como equipamento urbanistico nasceu no começo do seculo XX, no ano de 1917, portanto perante a historia da cidade o papel que ela cumpre na estrutura viária é bem recente. No entanto, o espaço onde ela foi construida se constitui um dos marcos da vida social da ilha visto que nesse espaço se encontram duas igrejas a igreja de santo antonio e a capela Bom Jesus dos navegantes e que na capela padre antonio Vieira proferiu um dos seus sermões no seculo XVII. Como se explica que essa praça, comparada com outras praças de São Luis, esteja tão mal conservada e que nada seja feito para que se ressalte a importancia de sua construção numa perspectiva de que a cidade tinha poucos espaços de sociabilidade no começo do seculo XX? Falar de poucos espaços publicos dedicados a socibialidade na cidade de São Luis para muitos não fazia sentido. As pessoas passavam a maior parte do seu tempo em suas residencias, no trabalho e em busca de trabalho. A sociabilidade no centro de São Luis era um objeto que precisaria se pagar um preço para obte lo e esse preço se tornava inacessvel para boa parte da populaçao ludovicense. E os que podiam pagar esse preço preferiam se resguardar em suas muralhas internas e externas. O aspecto da praça Antonio mudou quase nada em decadas assim como o aspecto dos predios em seu redor como a escola Modelo ou seja a praça reflete a ma conservação do patrimonio historico. Essa carencia de mudanças explicita as dificuldades enfrentadas pela cidade em atrair segmentos populacionais para seus espaços publicos.

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

os sertões

O livro mais importante do começo do seculo XX. É temerario escrever tal afirmação. Um livro pouco lido comparado com outros livros importantes da literatura brasileira. O autor ficou mais conhecido por sua morte em um duelo. Admitia que não o lera tambem. O tamanho do livro o desencorajava. Essa falta porem não o impedia de especular a respeito de um detalhe do livro. um detalhe dos mais importantes afinal um livro necessita de um titulo. “Os sertões”, livro publicado por Euclides da Cunha em 1902 e cuja narrativa aborda o massacre realizado pelo exercito contra a população sertaneja da Bahia. Segundo a estudiosa Walnice Nogueira Galvão escrever sertoes no lugar de sertao era uma pratica corriqueira das elites letradas no final do imperio e comeco da republica. As elites letradas do Brasil escreviam muita das vezes sem presenciar o fato apenas se valendo de depomentos de terceiros ou seja não iam ao local dos acontecimentos e nem conversavam com as pessoas dretamente ligadas ao acontecido. Euclides da Cunha diferente escreveu com base no que viu. Ele esteve presente em Canudos fazendo cobertura jornaistica para o jornal O Estado de São Paulo. O titulo dado por Euclides é obiviamente oriundo da sua cultura literaria que na narrativa sera reconstruido para responder que sertoes sao esses qie não vem ecplicitos no titulo. A não ser que o leitor tenha lido uma critica antes de abrir o livro, ele não podera saber o que se seguirá. O livro e gigantesco. O livro e uma carta de varias paginas em que o leitor ao abri la redescobre o Brasil. Diferente da carta de pedro vaz de caminha em que o principal interessado era o rei de portugal o maior interessado na carta de euclides era o publico leitor.

sábado, 13 de agosto de 2022

Aprender pelo medo

Com certeza, alguem já ouviu um conselho (ou uma ordem) do tipo “Não coma isso porque vai te fazer mal’. Os negros escravizados, nesse tocante, tem um capitulo a parte. Os familiares do senhor de enrgenho botavam medo nos escravos afirmando categoricamente “Beber leite e depois comer manga faz mal” ou “Beber leite e misturar com juçara faz mal”. Os negros escolhiam um ou outro ou não escolhiam nenhum dos dois e acabavam com fome o dia todo enquanto claro os donos do engenho se refestelavam com leite, manga, juçara e etc. Esses conselhos médicos persistem pela historia com outras variações ou repetindo aqueles mesmos conselhos de seculos passsados. Até outro dia se escutava esses conselhos saidos da boca de gente que se considera muito inteligente. Uma moradora do quilombo Cascavel perguntou numa roda de quilombolas de Pastos Bons se eles haviam deixado de respeitar esses medos incutidos por decadas na sua mente. Sim, de uma forma ou de outra, os quilombolas evitam comprovar que o que aprenderam pelo medo está certo.

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Uma voz do nada

Um amigo contou uma historia que não tem data precisa e nem local preciso ms bem que podia ser bem ali na baixada a qualquer hora do dia e da noite. A data é o de menos ou o de mais da conta. Do jeito que ele contou é bem fácil ser a pura lorota. Se bem que não é educado duvidar das pessoas. Supõe-se que a historia contada por ele seja verdade. Esse amigo andava descalço por alguma praia insólita e desacreditada do vasto litoral maranehnse. Sozinho ou mal acompanhado? Sabe como é, depois de algumas horas tomando uma bebida alcoolica num bar caindo aos pedaços, voce pergunta pelo tira gosto. Nesse dia, que ele não sabe qual era, o fornecedor de pescado furou e o dono do bar podia oferecer bem pouco para os seus clientes. O amigo, contador de historia, decidiu andar pela praia e esquecer um pouco fome. Nessa andada, ele vê um siri azul ou quase azul que abraçou os seus pés. Não deu outra. Comeu-o gostosamente. Essa historia de litoral puxa uma outra historia de litoral contada por seu Gregório, morador de Bequimão. Conta ele que um agricultor caminha a noite por uma amta em direção a sua casa. Uma voz surgida do nada lhe chama” Não sei quem. Ei não sei quem. Quer enriquecer?” a voz perguntou tres vezes e o agricultor de bico fechado. Ao chegar em casa, trata do caso com a esposa que opina para que responda sim. Mo dia seguinte a mesm coisa “Nao sei quem. Ei não sei quem. Quer enriquecer?” O agricultor enfim responde que sim. A voz então fecha a conversa com chave de ouro “Quer enriquecer? Vai trabalhar vagabundo”.

radiolas de reggae em bequimão

Eles desceram do carro na comunidade Buritirana, um dos ultimos povoaodos do municipio de Bequimão, numa intersecção entre os municipios de Bequimão, Alcântara e São Bento. Nesse povoado existe uma barragem que controla o fluxo da água doce. Essa barragem tambem é utilizada como estrada pelos moradores que construiram ranchos em áreas proximas para criar porcos e outros animais. Os animais se criam sozinhos e só em alguns momentos recordam-se de seus donos que os recolhem no final do dia em cercados. Os porcos chafurdam pelas águas empoçadas nos campos naturais que nos meses de julho e agosto vão secando. Enquanto os campos não secam e inevitavelmente vao secar os patos deslizam pelas águas silentes com algumas carnaubeiras ao fundo. No dia seguinte, iriam para a comunidade de Pontal, comunidade de beira de campo em Bequimão, servirem-se de um pato prometido pela liderança local que promoveria uma festa. As festas rolam soltas pelos povoados de Bequimão e nessas festas as radiolas de reggae predominam. Por onde voce anda em Bequimão, o som das radiolas de reggae se sobressai

o litoral maranhense

Ele está lá bem a vista. A frente. Do lado. De cima de uma ponte. Sentado num barco. Quem pode afirmar que consegue distingui lo ? O litoral maranhense desobedece a linha reta. Ele forma uma escada que desce envolvendo o município de Alcântara e essa escada prossegue baia do Mearim e sobe contornando a ilha de São Luís e volta a descer pela baia de São José de Ribamar para enfim seguir mais ou menos reta até os limites com o estado do Piauí. O litoral maranhense e uma escada mas pode ser também uma cobra um jacaré uma pescada uma ave comendo as pétalas da flor do bacurizeiro.

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Um mundo no singular

Num bar, espremido entre duas ruas, tipo uma encruzilhada, ele se pegou falando seis vei seis e não seis vezes seis, que é o correto. Achou incrivel. Evitava incorrer em palavras erradas na hora de escrever ou falar. Gente metida que não tolera erros. Então, ele falara seis vei seis e deixara o seu lado culto e apreciara o que aquele erro lhe transmitia em termos de conhecimento e cultura. Via-se não como alguem que completara os estudos certinho de forma obediente e sim como alguem que se indispunha com o plural e por isso comia o s. Um mundo escrito no singular avesso ao plural. Um mundo monotono, paralisado em si mesmo, trancado para influencias de fora. Essa é uma leitura como tmbem é uma leitura a compreensão de que a percepção do erro faz com que a pessoa procure corrigi-lo. Tinha duvidas se escutara bem o nome daquela comunidade. Buriti dos Boi, comunidade quilombola e extrativista do municipio de Chapadinha. Devia ter escutado rapido e Buriti dos Boi causa uma impressão de mastigar o s no final de Boi. O mais provavel é que seja Buriti do Boi, lugar para onde os bois se dirigiam para beber agua e refrescar-se no verão, apos mastigarem o capim da Chapada.

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

o alto modernismo de machado de assis

Desculpem o adiantado da hora. O sono aos poucos altera a percepção. Raimundo Faoro ao analisar a obra de Machado de Assis remete sua analise a um trecho de “Memórias Póatumas de Brás Cubas” em que Brás Cubas revê um negro que alforriara. O negro alforriado comprara um negro e agredia-o violentamente à frente de Brás Cubas. Faoro destaca que o negro alforriado para se considerar liberto precisou comprar um outro negro e agredi-lo em ambinte publico. A análise de Faoro esta correta. Acrescentar-se-ia um elemento. O Brás Cubas que se depara com a cena protagonizada pelo escravo alforrido não é mais o mesmo Bras Cubas de anos passados. A reprodução socio ideologica executada pelo alforriado o desinteressa afinal deixara de ser proprietário de escravos. Ele ainda não sabe qual projeto socio economico executará para se manter no futuro, só sabe que a escravidão como pratica social sua e da sua classe social venceu o prazo. Qual é o projeto das elites pós escravidão? Machado de Assis notou o pleno vaizo que se apossou das elites nesse intervalo de tempo entre o final do imperio e o começo da república que ela tentou preencher de varias formas, derrubando a monarquia, proclamando a republica, abolindo a escravidão, atraindo trabalhadores europeus, negando suas raizes indigenas e etc. Se fosse apelar para uma definição, a obra de Machado de Assis equivale em tempo, espaço e conteudo ao alto modernismo europeu.

quinta-feira, 28 de julho de 2022

Gameleira

Ele perguntara por perguntar ou faria alguma diferença? Ele diferenceria um quilometro percorridos de dois quiloemtros ou tres quilometros ou mais? Queria responder que sim, que se manteria firme no caminho correto e que não se perderia entre tantas estradas recem abertas pelos plantadores de soja. Ele perguntara a distancia entre a comunidade da Gameleira e o municipio de Brejo por desencargo de consciencia ou por educação ou para mostrar interesse. As tres razões em uma só ou uma só razão. O advogado o alertou que mais provavel errar se fosse sozinho. Melhor entrar em contato com a liderança da comunidade do que sair bestando por aí. Lembrava-se de uma vez em que passara perto da Chapada da Gameleira e num cruzamento da estrada trocara algumas palavras com moradores da comunidade. Informaram-no que plantadores de soja queriam se apossar da Chapada que pertencia a Suzano Papel e Celulose e que a comunidade resistira as investidas dos sojeiros. A Suzano liberara a Chapada para a comunidade num ato de bom samaritano só que a liberação foi da boca de um funcionario seu pra fora. Papel assinado pela Suzano comprovando a liberação nada. A verdade é que a Suzano se dizia proprietaria de 80 mil hectares no Baixo Parnaiba sem apresentar nenhum documento de propriedade. Boa parte desses 80 mil hectares se mantiveram numa zona cinzenta já que o governo do Maranhão nunca investigou seriamente as origens das terras da Suzano. A complascencia do estado do Maranhão de decadas para com as grilagens de terras praticadas pela Suzano serviu de sinal aos sojicultores que a permissividade fundiaria rolava solta. Ocorreu assim com a Chapada da Gameleira pois o Gilmar da Masul, plantador de soja, acabou se apossando da maior parte do terreno deixando apenas 380 hectares para a comunidade. Pelo que se sabe, Gilmar vive de grilar terras por quase todo o Baixo Parnaiba. Bem que ele tentou grilar areas do polo Coceira no municipio de Santa Quiteria mas as comunidades o repeliram. Em Brejo, Gilmar da Masull não viu oposição aos seus projetos e continua sem vê porque os 380 hectres da Gamaeira quer para si e utiliza-se de todos os meios para conseguir seuus intentos.

quarta-feira, 27 de julho de 2022

Padre Antonio Vieria e a chuva de São Luis

Um dos trechos mais lidos dos sermões do padre Antonio Vieira é naquele em que diz que em São Luis todos mentem até o céu, referindo-se ao fato que numa hora se faz um céu azul com um sol de rachar para logo depois cair um pé dagua daqueles. Compreende-se a indignação de Antonio com relação aos fatos ligados a natureza, afinal ela tem suas proprias leis e não pede licença para po-las em prática. Talvez essa chuva da qual trata antonio vieria em seu sermão tenha ocorrido no final do inverno, entre o mes de julho e agosto, quando o calor começa aimperar, mas persistem chuvas rápidas e intensas. Antonio Vieria deve ter pensado: “Como assim, chuva e calor?”. O padre Antonio Vieira conhecia pouco da cultura indigena porque se conhecesse pelo menos um pouco acharia normal que a chuva prosseguisse verão adentro porque a umidade que o inverno despejara nos meses mais chuvosos de março até maio continua sendo liberada mes de julho em menor quantidade devido ao calor excessivo. Os moradores de Belem, ou belenenses como preferirem, capital do Pará, acostumaram-se com a chuva diaria que cai em Belem e tanto se acostumram que virou praxe marcar encontros depois das tres, horario sagrado de cair água em Belem. Fica-se pensando se a destruição da Amazonia e do Cerrado não é proposital da parte do capitalismo para que as chuvas deixem de cair sobre as cidades e as pessoas não tenham mais motivos que as impeçam de sairem de suas casas e baterem ponto em seus negocios ou em suas repartições.

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Os extrativistas e a fotografia

Tres lideranças de comunidades extrativistas do municipio de Chapadinha posaram para que o seu advogado os fotografassem. Um negro, comunidade quilombola de Buriti dos Boi, um caboclo, assentamento federal Bila Borges, e um mais branco, assentamento federal Vila Chapéu. As tres comunidades sofrem de maneira direta ou indireta o desmatamento de mais de 900 hectares de Chapada rica em bacuri, pequi e babaçu. A mais afetada era a comunidade de Vila Borges cuja área de extrativismo se concentra na area desmatada a mando do paulsita Gustavo Barros um dos proprietários da GMB Investimetnos uma empresa de fachada que ele utiliza para grilar terras no cerrado Maranhense. Os moradores da Vila Borges sempre foram bem obedientes ao Incra do Maranhão. Um desses momentos de obediencia foi o que a comunidade consultou o Incra a respeito da criação de uma reserva extrativista de mais de vinte mil hectares no ano de 2008. O incra respondeu que não era uma boa ideia a criação de uma reserva extrativista porque os assentados ficariam impedidos de criar gado na Chapada. A outra vez, mais recente, wm 2021, um funcionário do Incra ordenou que eles não mais montassem casas em cima da chapada nos meses de coleta de bacuri pois aquela área o orgão devovleria para a familia Lyra, tradicional familia de proprietarios e inimiga notoria dos Borges. Eles obedeceram e com essa obediencia excessiva facilitou a destruição dos bacurizeiros pela GMB Investimentos. Os quilombolas de Buriti dos Boi, desde que um gaucho quis fazer picos na parte da chapada onde coletam bacuris, montaram acampamento no ano ano todo e não desgrudam um segundo de suas casas. As suas casas seguem a risca a arquitetura indigena de usar materiais tipicos da flora nativa. A posse da Chapada pelos quilombolas se firmou. O gaucho que quer desmatar a Chapada vai debater na justiça se sua posse é anterior a dos quilombolas. Os assentados da Vila Chapeu sabem o que vem pela frente caso vejam o tempo passar e fiquem descansados. Eles precisam assegurar a posse da Chapada antes que a GMB Investimentos queira desmatar os quase 400 hectares de Chapada onde eles coletam bacuri.

sábado, 23 de julho de 2022

A ameaça

Eles não moram lá, declarou oempresario Hustavao Barros ao veiculo de comunicação Pedreirense. O eles a qual gustavo barros um dos donos da GMB Investimntos se refere é a comunidade Vila Borges, assentamento criado pelo Incra em 2002 no municipio de Chapadinha. Gustavo Barros começou a andar (rodar) pela Chapada do Sangue entre 2021 e 2022 objetivando demarcar uma parte da Chapada para seu futuro projeto de desmatamento e quem sabe plantio de soja. Em uma demarcações, ele se defronta com o seu Zé Orlando, liderança da Vila Borges, que o questiona os seus propositos pergunta a qual o seu Barros responde pedindo a um funcionario que traga a documentação. Em vez de documentação.o funcionario traz uma arma para assustar os moradores da Vila Borges. É claro que o seu Gustavo Barros sabe que os moradores da Vila Borges moram naquela área. Tanto moram que cobraram explicações ao seu Gustavo do porque de estar demarcando aquela determinada área. Uma pergunta simples ao qual o empresario preferiu responder com uma ameaça.

sexta-feira, 22 de julho de 2022

o idiota

O escritor tanzaniano Abdul Razak Gurnah foi agraciado com o Nobel de 2021 e a companhia das letras editoa brasileira o apresentou ao publico brasileiro com o livro “Sobrevidas”, que é um livro sobre, em parte, o colonialismo ingles e principalemte alemão que engolfou a Tano momento nazia e grande parte da Africa no seculo XIX e seculo XX. Que se escreva da suma importancia do premio nobel dado ao autor e que se escreva do alto nivel literario constatado no livro. A narrativa cai um pouco na segunda parte e essa queda se eexplicita mais no moento em que o autor se refere a uma helice. Toda narrativa incorpora uma historicidade e a narrativa de Abdul até aquela virada de pagina não permitia crer que a palavra helice seria evocada. Por mais rico que fosse, um negociante tanzaniano seria capaz de comprar uma helice no começo do seculo XX e por que ele compraria? Trazendo a problematica da narrativa para os quintais maranhenses. O empresario ? paulista Gustavo Barros obteve uma licença de desmatamento de 900 hectares de uma alegada propriedade no municipio de Chapadinha o que vem sendo criticado porque o licenciamento foi conferido pela Secretria de meio ambiente numa area rica em bacuri. Em sua defesa ele alega que a área desmatada é sua, não tem bacuri e etc. Ou o Gustavo Barros é um idiota que comprou algo sem conhecer ou ele pensa que os outros são idiotas para acreditarem piamente em sua conversa. Todo mundo sabe que as áreas que ele e seu grupo vem desmatando são áreas de uso coletivo e terras devolutas ou seja não tem proprietario. Essa historia de proprietario e uma conversa recente para justificar uma grilagem de terras promovida por ele, pela familia Lyra, pelo judiciario, pelo Incra e pelo municipio de Chapadinha. A respeito de haver ou não bacuri. A Chapada em questão é uma das maiores areas de produção de bacuri e de extrativismo. Não só isso. É ou era uma area rica em pequi protegida por lei federal e rica em babaçu protegida por lei estadual.

segunda-feira, 18 de julho de 2022

Maranhão de estado das micaretas para estado do agronegocio picareta

De que mundo se está falando? Os desmatamentos na Chapada que liga o municipio de Chapadinha ao municipio de Afonso Cunha se resumia a um desmatamento na região da Santa Fé povoado de Chapadinha que beira Afonso Cunha. Os desmatamentos corroem as Chapadas pelo meio porque justamente ninguem detem a posse do meio. É mais comum que os agricultores famiiares detenham a posse da parte da Chapada mais proxima dos baixões. A predileção por essas partes da chapada decorrem da proximidade de suas propriedades que se firmaram nas partes baixas coladas aos rios. Para uma regra, há sempre uma exceção ou mais de uma exceção. A comunidade de Vila Borges, assentamento do Incra, detem a posse de uma área imensa de Chapada recheada de bacuris no municipio de Chapadinha. Essa posse nunca foi contestada a não ser pelos antigos proprietários da Vila Borges os Lyra que gostariam de vender a Chapada para os plantadores de soja. Os lyra humilharam muito a Vila Borges antes de sua desapropriação via decreto em 2001. Os mais pobres serem humilhados pelos faendeiros era uma norma que com o passar do tempo as comunidades comelaram a mudar graças a politicas publicas. A Vila Borges e as demais comunidades mantinham preservada a Chapada frente ao avanço da soja sobre o Baixo Parnaiba. Tinha um problema, as comunidades detinham a posse só que nem o Incra e nem o Iterma regularizaram a Chapada em nome das comunidades. Os orgãos fundiários não atuaram em favor das comunidades e mais recentemente se descobriu porquê. O Incra desafetou uma parte da Chapada do assentamento da Vila Borges. Essa área desafetada é a área que um grileiro de São Paulo desmata com licença ambiental dada pela Sema. O Incra ao desafetar ou retirar a área da área do asentamento possibilitou que o senhor Gustavo Barros conseugisse registra-la no nome da sua empresa GMB Investimentos. Essa parte da culpa é do Incra. A parte da culpa do Iterma é que o orgão fundiario do governo do Maranhão não regulariza as terras devolutas para as comunidades tradicionais e quilombolas. O iterma regulariza para individuos porque é mais facil o agroengocio negociar essas áreas. E por fim a culpa da sema. Acaba sendo redundante. A secretaria de meio ambiente do maranhão se escuda para qualquer critica e para qualquer tipo de denuncia. Pior do que isso a secretaria de meio ambiente que deveria preservar o meio ambiente se esforça para destui-lo como se ve na licença dada a GMB Investimentos empresa que mescla picaretagem e pilantragem. O Maranhão já foi estado das micaretas e virou o estado dos picaretas.

domingo, 17 de julho de 2022

A noite em que meu boi brinca

O individuo as vezes se prende a uns motes com os quais possa se orgulhar. Um desses motes a cultura (arte) é a unica coisa que não se pode comprar porque não tem preço. Esse mote seduziu muita gente e ainda seduz. Sabe la Deus porque um individuo ou um grupo de individuos é levado a crer num mote desse tipo. Essa é uma análise realsta. As relações se definem pela economia enão contrario de que as relações se definem pelo social. Entretanto ninguem vive só de economia. Tambem se vive de cachaça, bumba boi de matraca, forro de caixa e divino espirito santo. O radialista Andre Martins, da radio Educadora, veiculou uma musica do boi de Cajapio. Minutos antes de veicular, Andre comenta que um conhecido brincava no boi de Cajapio como miolo de boi. O miolo de boi é o brincnate que fica embaixo da estrutura do boi se movimentando. É uma figura imprescindivel dentro da brincadeira do bumba meu boi. O bumba meu boi sem ele ficaria sem graça. O boi é apersonagem central da brincadeira e o miolo de boi faz com que essa personalidade não se perca. Com relação a musica do boi de Cajapio. A primeira audição, o sotaque soou estranho. Aquele sotaque era o da baixada? O que é o sotaque da baixada? A baixada ocidental maranhense capitaliza muito bem essa conversa de sotaque. Os baixadeiros, sim os moradores se apresentam como baixadeiros, tem um jeito diferente de falar, tem um cardápio bem peculiar, um deles é comer jabicara e por ai vai. “A noite em que meu boi brinca clareia toda a cidade”. Com um verso desses dá para reconsiderar a hipotese que a cultura(arte) tem seu preço. Esse verso não passou pelo crivo da alta cultura e de um grupo seleto de intelectuais. Tanto e verdade que um verso pouco ouvido e quando ouvido pouco apreciado. Por que a cidade se clareia quando o boi brinca a noite? As mantas dos bois estão repletas de estrelas e a estrela dalva é a estrela para quem os bois prestam homenagem. E as brincadeiras de bumba meu boi e outras brincadeiras aconteciam a noite numa epoca em que as cidades quase não tinham iluminação publica. as noites eram ilulminadas por fogueiras ou pela luz das estrelas.

quinta-feira, 14 de julho de 2022

O clã de mafiosos da GMB Investimentos

Não é de hoje, nem de ontem que a justiça maranhense essa manifestação se restringe ao Maranhão porque o estado é problematico o suficiente, da liminares como dá milho aos pombos. O juiz ou desembargador assina a liminar aquele que primeiro chega pleiteando e quase sempre quem chega pleiteando é aquele que tem mais recurso e quem tem mais assistencia advocaticia. Essa é uma imagem não tao bem desenhada mas que serve para entrar no assunto a que se destina. O juiz responsavel pela comarca de Chapadinha deu uma liminar favoravel a empresa GMB Investimentos e a Gustavo Barreto de interdito proibitorio contra a comunidade Vila Borges porque a comunidade impedia a empresa e seus testa de ferros de desmatar a Chapada em que a comunidade coletava os bacuris. O juiz concedeu a liminar como geralmente os juizes concedem as liminares em casos relacionados com questões agrarias e ambientais “vou assinar porque é uma empresa que quer diseminar o desenvolvimento pelo Maranhão e não será uns pés rapados que impedirão o estado de se desenvolver”. A empresa em Chapadinha tem uma cara e tem um modus operandi. A cara do seu test de ferro mor tem cara de mafioso e de seu testa de ferro abaixo que tem cara de mafioso um pouco mais abaixo. É um cla de mafiosos como se depreende dessa conversa do mafioso mor “Agora vou atrás de cada um dessa comunidade que não me deixa trabalhar. Tinham que estender o tapete para o investidor”. Se isso não é ameaça não se sabe o que é.

segunda-feira, 11 de julho de 2022

A identidade de uma terra

O jornalista Ed Wilson pediu a Maria Eva permissão para olhar os documentos relativos a disputa judicial por 148 hectares entre sua familia e a Suzano Papel e Celulose no povoado Formiga, municipio de Anapurus. Os 148 hectares correspondem a uma parte da Chapada que envolve a comunidade e na qual a familia de Eva coleta bacuris, pequis e outras frutas nativas do Cerrado, corta madeira, solta seus animais para pastar e na qual ela realiza outras atividades economicas sociais e ambientais. Um dos documentos que Eva arquivou e arquiva é um documento de 1975 em que o seu avô decide doar 325 hectares para seus filhos, um dos quais era o pai de Eva. Se não fosse por esse documento, quase certo que a Suzano obteria com facilidade a posse dos 148 hectares em detrimento da familia de Eva. O que aconrece, o documento que a Suzano dipunha e apresentou como prova de propriedade data dos anos 90, bem mais recente que o documento registrado pelo avô de Eva em favor dos filhos. Há um pouco de tudo nessa atitude do avô de Eva: precaução, previdencia, amor pelos filhos e etc. Pelo lado familiar, é isso. Pelo lado social, é muito mais. No quadro de pressão ecercida pelo agronegocio para se apossar dos territorios tradicionais, o documento da familia de Eva é um documento historico. Mostra que um agricultor familiar registrou a sua terra em um cartorio. Essa terra tem uma identidade perante o Estado e essa identidade social e historica se liga a uma familia que resiste a se desfazer de sua historia . Diferente da versão defendida pela Suzano em vários momentos de que a familia de Eva invadira sua propriedade. Parecido ao caso da familia de Eva, existem muitos casos no Maranhão em que o agronegocio ataca os direitos das comunidades tradicionais, posseiros e pequenos proprietários se utilizando de documentos obtidos de maneira irregular.

quinta-feira, 7 de julho de 2022

a narrativa de Deco

Não deveria surpreender. O ser humano precisa de narrativas. Ele se deslumbra ao ler numa folha o fato presenciado ou o fato do que fez parte. A narrativa compõe aquilo que se encontra solto e disperso. Solto e disperso quer dizer que o individuo se cala perante o que não entende ou o que pensa entender. A dispersão favorece a que o individuo busque a estruturar o modo como encara a realidade. O Deco, proprietário do Decos Restaurante, restaurante que faz parte da feira da Praia Grande, respondia naturalmente ou de maneira dispersa as perguntas feitas por clientes ou possiveis clientes. Uma familia se aproximava e sondava a respeito do cardápio e os preços. Um professor da rede estadual pedia um peixe cozido que demorasse pouco a preparar. Deco escutava os pedidos e repassava-os as cozinheiras, sendo que uma delas é sua esposa, famosa pelo figado acebolado. As cozinheiras quase nunca saem de dentro do restaurante a não ser que Deco vá entregar algum pedido. Em geral, as pessoas olham com desconfiança para a rotina ou para aqueles que desejam ver algo realmente importante nela. Acaso Deco ficasse sabendo com antecedencia que a rotina de seu restaurante viraria uma narrativa, como ele a veria nesse instante?

terça-feira, 5 de julho de 2022

as vielas do mercado

O dono do restaurante oferecera sarapatel. O cliente declinara da oferta e mantinha-se firme no seu prato habitual: peixe. Ele se atinha ao peixe como outros se atinham ao mocotó. Um outro cliente perguntou se poderiam lhe servir o mocotó. Não era dia de mocotó, so preparavam e serviam mocoto nas sextas, nos sabados e nas segundas. Por outro lado, se quisesse poderia servir sarapatel. Não era o caso. O cliente se moveu pelas vielas que cruxavam o mercado da praia grande pesquisando onde poderia provar e aprovar um bom mocotó. A menção a vielas é um exagero pois pode levar a crer que o mercado da praia grande ocupa uma área imensa da praia grande. Ele ocupa uma área considerável e central dentro do contexto urbanistico do centro de São Luis. E com tal presença marcante, o mercado da praia grande atrai os olhares de passantes e atrai consumidores que adentram o seu espaço para almoçarem e comprarem artesanato e itens gastronomicos. O cliente que buscava mocoto não era turista. O pedido o denunciava e a intenção de vasculhar o mercado para descobrir um possivel ponto de venda tambem servia de prova de que ele tinha raizes na cidade de São Luis e no mercado.

segunda-feira, 4 de julho de 2022

grande sertão veredas

Grande sertão veredas. O sertão é grande. Como o que? O sertão é veredas. Então o sertão não é puro. Se fosse puro haveria somente um caminho, um cenário, um expressão, uma lingua. Saberia dimensionar o quao grande é o sertão? Onde começa e onde termina? O termino do sertão se inicia nos anos 50. Guimarães Rosa comclui que o sertão da contemplação, do amor platonico, dos carros de boi, dos passaros cantantes invisiveis e dos duelos infatigaveis uma hora deixara de existir e para que ele não deixe de existir por completo cabe uma escrita em seu prenuncio que adivinhe o futuro.

domingo, 3 de julho de 2022

brincadeira de gente bebada

Bem lá no fundo, a sociedade quer espetacularizar as brincadeiras de boi. Boi é brinaceira de rua e como tal requer espaço. Todos conhecem a historia que as brinaceiras eram proibidas de ultrapassar os limites do bairro João Paulo e proseguir pela avenida Getulio Vargas até o Centro. A proibição se mantem em seu simbolismo e em sua historia afinal os bois de matraca desfilam pela avenida João Pessoa, bairro João Paulo. A festa de São Marçal ocorre dia 30 de junho e encerra o calendário de festas juninas. As brincaderias vinham dos seus respectivos povoados que viraram bairros de São Luis, Paço do Lumiar e Ribamar pelo caminho que ligava o centr da capital a zona rural. A proibição por parte de setores da socuedade maranhense compreendia vários sentidos e o priincipal era a sensação de pobreza transmitida pelas brincadeiras. “Brincadeira de gente bebada”, assim a sociedade via os brincantes e seus modos de vestir-se, de mover-se e de comporta-se.

sábado, 2 de julho de 2022

o escritor e os seus problemas

O escritor não escreve só porque e preciso, porque sente falta ou qualquer razão que emane individualidade. Ele escreve para se deparar com as circunstancias e com as forças que movem e que escavam a realidade da sociedade onde se insere. O critico literario Luis Augusto Fischer em seu livro “A ideologia modernista: a semana de 22 e sua consagração” em que analisa autores e momentos que sendimentaram o pensamento modernista no começo do seculo XX. Pela sua analise e de outros autores, o pensamento e a escrita modernista escondem um forte idealismo. Como se fosse possivel mudar a realidade contando apenas com o conhecimento e a instrução. Luis Augusto Fischer cita um trecho escrito por Sergio Buarque de Holanda em que este critica o romantismo do seculo XIX :”Tornando possivel construir um mundo fora do mundo, o amor as leras não tardou a instituir um derivativo comodo para o horror a nssa realidade cotidiana.” Fischer pergunta se seria possivel a um escritor romantico do seculo XIX fazer algo difirente. A critica de Sergio Buarque e de outros modernistas feitas aos movimentos literarios anteriores ao modernismo procede mas e insuficiente por problematizar o escritor e não problematizar a realidade e a sociedade. Os romanticos escreviam para uma sociedade cuja economia e vida social se baseavam na escravidão no latifundio e na monocultura. Imagine que no estado do Maranhão crianças e adultos sabem ler e não sabem escrever. Como elas se expressam e para quem elas se expressam já que não escrevem e nem tem onde escrever? Num estado do Maranhão escrever virou um problema bem maior que ler.

terça-feira, 28 de junho de 2022

A praça e o boi de costa de mão

Por Mais que a pessoa pense o contrario, ela nunca conhece realmente a cidade onde mora. Em tempos de São João, a cidade adquire novas caras e novos trejeitos. A praça Antonio Lobo, no centro de São luis, ou a praça da igreja de Santo Antonio foi esquecida pelo programa de revitalização, reforma e construção executado pela prefeitura em 2020. Esse programa elevou a percepção da população em relação a administração do ex prefeito Eivaldo Holanda que se arrastou em quase oito anos de mandato. Para alguns, a praça qie melhor se saiu entre tantas foi a praça da Biblia. O resultado da obra dignificou de al forma a praça que a ex governadora Roseana Sarney verificou in loco. Quem defende a primazia da praça da Biblia no quesito reforma, indigna-se com a reforma da praça da Saudade e minimiza a reforma da praça da Misericordia. Discordar é preciso. “E as praças do Cohajap, parque Atenas e etc?”. “Não sei, não vi”. A praça Antonio Lobo entra nessa conversa por vias tortas. É uma praça completamente largada no centro da cidade. Os frequentadores se resumem aos estudantes de uma escola publica, algum morador das proximidades ou um transeunte paertando o passo para ir a igreja ou descer a rua São João em busca da beira mar. Depreciada, subsiste em seu desmazelo a ternura pelos espaços publicos que a prefeitura ou o governo do estado finge não ver. A praça Antonio Lobo, alguem sabe dele?, recebe todo ano o arraia de São João que perde em comparação com outros arrais em termos de grandiosidade. Ganha em simplicidade e ganha na proximidade que os espectadores tem com as brincadeiras juninas como o boi de costa de mão do municipio de Cururupu. “Qual é a historia desse sotaque?”. Mary Jane, moradora da reserva extrativista de Cururupu, explicou que tocar com a costa de mão nos pandeiroes se devia as mãos calejadas e cansadas da lida diária. De qualuqer forma, era uma batida mais cadenciada diferente da batida do boi de matraca mais acelerada.

segunda-feira, 27 de junho de 2022

A pratica da escrita

Olhava de longe os versos que escrevera nos anos 90. Pelo menos, uns quatro chegariam a posteridade: “Devemos buscar a imortalidade, construo um imperio em que mil estrelas explodem em meu corpo, acorrentaram meu cão na noite que eregi cinica e o melhor de todos beberemos da água do mar no ventre da mulher grávida”. O individuo que escrevera esses versos existia ainda em algum ponto ou se perdera, por assim dizer, em favor de uma personalidade mais prosaica? O que escrevia, não restava duvida, provinha desses anos de juventude. Pedia permissão para seu lado racional para saquear a sua produção literaria que permanecia viva dentro de si. Outros versos aos poucos ressurgem: “falando de morte ou não imagino-me sendo levado, chuva vem de mansinho para nos pegar no colinho, sou um gigante catador de nuvens a beira do inferno”. Esses versos são apropriados para pensar a realidade em volta, das mortes executadas pelo agronegocio, pela chuva que diminui ano a ano e o ceu seco ao lado de campos desmatados ou plantados de soja.

domingo, 26 de junho de 2022

Uma historia a ser contada

Eles se falavam regularmente e em todas as vezes que se falavam ele a convidava para vir a sua cidade que de acordo com suas apreensões não ficava tão longe da sua cidade. Ela aceitava o convite se bem que discordava daquela total falta de noção de distancia. Para qualquer pessoa normal, sair de casa exigia planejamento. Quem alimentaria os cachorros? Quem passearia com eles? E quem mandaria noticias deles quando estivesse longe? Num mundo cada vez mais atento aos direitos dos animais, eram perguntas necessárias. Havia tambem o preço da passagem de avião entre uma cidade e outra. Ele a convidou tanto que um dia se cansou e não fez o convite usual de todas as vezes. A conversa se desenrolava dentro dos limites naturais de uma relação trabalhista. Ela cobrava prazos e ele respondia “tá bom”. Incontaveis vezes escutou de si “Tá bom”. E não é que ao “tá bom” se sobrepôs “eu e minha equipe irremos a tua cidade nos proximos dias”. Quem diria que esse dia ia chegar? Controlou o entusiasmo juvenil de segundo grau e revelou que levaria ela e sua equipe para conhecer os seus amigos, em sua maioria, pessoas idosas, com os quais desenvolveu projetos tecnicos ao longo de mais de dez anos com apoio da instituição que ela fazia parte. Aquele contato aconteceria com cinco anos de atraso. Importava pouco; importava sim que finalmente ela veria e ouviria junto com quem viesse ao seu lado os resultados de tantos esforços, tantas batalhas, tantas reuniões, tantas derrotas e ao final tantas vitorias. As vitorias não encerram a jornada nem dele e nem dos seus amigos que todos os dias enfrentam seus adversários que assumem formas humanas como tambem assumem formas de plantas. Por mais que se diga que a soja não é culpada pela destruição do Cerrado e nem pelo empobrecimento das populações rurais do Maranhão e sim o modelo economico, o modelo economico teria pouco sucesso em seu projeto de se apropriar da natureza se não contasse com uma espécie como a soja atuando a seu favor. A soja se presta muito bem ao papel exigido pelo modelo porque encarna muito bem a figura de vilao ou vila que vem de fora pra conquistar tudo que vê pela frente. Os amigos idosos que ele apresentaria a ela anunciariam que as suas historias se mantinham vivas mesmo que plantadores de soja, politicos, corretores de imoveis, orgãos publicos e grileiros dissessem o contrario. Enfim, a historia precisa ser vivida para ser contada.