quarta-feira, 12 de abril de 2023

as aguas que atolaram os tratores

As pessoas podem não se aperceber mas suas vidas são reguladas diariamente pela força e pelo ritmo das águas. Basta um pouco de água no lugar e no momento certos para tudo sair fora do planejado. Os funcionários da Bomar e da Terpas planejaram tudo direitinho. Chegariam de madrugada a comunidade do Baixão dos Rocha, municipio de São Benedito do rio preto, expulsariam os moradores e derrubariam suas casas. Não contavam nesse planejamento com a astúcia das águas. Os tratores atolaram numa passagem de água e não puderam ser retirados. E bem capaz que se os funcionários das duas empresas tivessem desatolado os tratores, alguém afirmaria que não havia provas da participação das duas empresas. E alguém a dizer tal feito podia ser o prefeito de São Benedito o governador do estado e etc. Como os tratores ficaram atolados havia uma prova de que duas empresas ordenaram a derrubada de casas na calada da noite. As imagens dos tratores circularam pela mídia o que causou comoção em setores que geralmente não se comovem e nem se dignam a sair de seus escritórios para ver a realidade das comunidades quilombolas e tradicionais do Maranhão. As autoridades competentes se dignaram a verificar in Loco o acontecido. Da verificação surgiu um número mágico. 357 hectares que a justiça determinou que o Iterma regularizasse em nome da comunidade do Baixão dos Rocha. Como assim 357 hectares se a comunidade luta por 600 hectares e quem sabe 1400 hectares de terras públicas que as duas empresas desmataram e plantaram soja? A destruição das casas valeu de que mesmo se quem ganhou mesmo foram as duas empresas e não a comunidade que viu seu pleito ser desfigurado?

rio mearim

A gente fica chateado, mas tem que agradecer por chuvas". Lula sobrevoou e visitou as áreas alagadas pelo rio Mearim no inverno de 2023 a convite do governador Carlos Brandão. Ao tratar dos efeitos da chuva, lula fez um contraponto entre o sentimento do cidadão solidário as comunidades afetadas e o sentimento do cidadão consciente de que a chuva e a que menos tem culpa nessa história. Brandão convidou lula somente para ouvir a sua solidariedade ou esperava um compromisso mais sério do tipo "precisamos de grana"? De qualquer forma, Brandão gastou um cartucho com o sobrevoo de Lula que ele poderia ter gasto em outra ocasião. E qual seria essa ocasião? Sabe se que o governo do Maranhão pretende oferecer num futuro não muito próximo ou um futuro tão tão distante dois projetos de infraestrutura para receber aportes do BNDES que são o porto de Alcântara e a ferrovia Alcântara/Acailandia. A melhor ocasião seria "lula faz um favor de vir ao Maranhão que eu quero te mostrar uns projetos vantajosos". Quem sabe nesse dia Brandão chega no ouvido de Lula e conte uma outra história "Deixa eu te contar um segredo os dois projetos vão afetar diversas comunidades quilombolas ribeirinhas assentamentos povoados vao afetar a pesca de água doce e de água salgada e etc. Como e que nos faz ? Não temos nenhuma experiência em lidar com esse público e com esse negócio de meio ambiente