segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

A ressurreição de Ataliba


Seu Mayron marque na sua agenda o dia 13 de dezembro de 2018. eu comemoro esse dia não porque seja meu aniversário e sim porque ressucitei. Quase fui. Perdi uma perna. Eu quis convida lo para prestigicar essa data no ano passado mas o senhor veio tres dias antes naquela vez em que fomos a Matinha dos Helenose por isso deduzi que não retornaria a Buriti só para me honrar com sua presença. O Vicente de Paula e a Carlinha, sua neta, honraram-me com as suas presenças. Eu e ele demos conta da cerveja e comemos uma carne de porco. Arrume uns pintos para que eu crie e almoçaremos galinha caipira no final de 2018. Caso não arrume, tudo bem, comeremos peixe dos meus tanques a beira do rio Preto. E claro que eu aceito os caprinos que o senhor me ofereceu, mas so devo busca los a mão do Vicente daqui a no maximo vinte dias. até lá me ocuparei dos meus tanques de peixe e com essa perna mecanica fica cansativo me movimentar

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Publicado relatório de identificação do território quilombola Depósito no Maranhão



Publicado dia 29/12/2017

A Superintendência Regional do Incra no Maranhão finalizou o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) da comunidade quilombola Depósito, localizada no município de Brejo (MA). O edital de comunicação do relatório foi publicado no Diário Oficial da União, de 28 e 29 de dezembro.
O documento delimita uma área de aproximadamente 726 hectares, declarada como território de comunidade remanescente de quilombo, que deverá ser regularizada pela autarquia em benefício de 13 famílias.
De acordo com o edital, todos os proprietários, posseiros, lindeiros e terceiros interessados na área devem consultar o relatório e apresentar defesa. O próximo passo será a notificação dos interessados não quilombolas e outros órgãos públicos, que terão prazo de 90 dias para contestar o RTID.
O relatório da comunidade Depósito é composto por relatório antropológico de caracterização histórica, econômica, ambiental e sociocultural do grupo; levantamento fundiário com a certidão de registro atualizada de imóveis identificados no perímetro da área pleiteada; planta e memorial descritivo do perímetro da área identificada e delimitada; cadastro das famílias; e parecer conclusivo do grupo de trabalho manifestando-se favorável ao reconhecimento do território.
Este foi o quinto RTID publicado pela Incra no Maranhão em 2017. Também foram publicados os relatórios das comunidades Santana e São Patrício, no município de Itapecuru (130 famílias); Estiva dos Cotós, em Cachoeira Grande (133 famílias); Jacareí dos Pretos,em Icatu (51 famílias) e Barro Vermelho, em Vargem Grande (26 famílias).
O superintendente regional do Incra no estado, George de Melo Aragão, enfatizou que a elaboração do RTID é uma atividade complexa, demorada e que depende de pessoal qualificado e recursos orçamentários para sua contratação. “Em 2018 vamos buscar mais recursos para garantir o andamento das ações de regularização de territórios quilombolas no Maranhão”, disse.
O processo da comunidade quilombola Depósito pode ser consultado na sede da Superintendência Regional do Incra no Maranhão, situada na Avenida Santos Dumont, nº 18, bairro Anil, em São Luís, de segunda à sexta-feira, no horário das 8h às 12h e das 14h às 18h. Mais informações pelo telefone (98) 3838-7450.

a aparição do grupo joão santos em buriti

Previa-se o almoço para antes do meio-dia. A propriedade do Vicente de Paula sobre a chapada do povoado Carrancas acolhia moradores do Brejao, do Baixão, das Areias e do Araça.  O seu Ferreira, do Brejão, montava num moto guiada pelo seu filho recém-egresso do Mato Grosso.  O Baixão, onde construira sua casa, tomava-lhe bastante tempo e energia física. Recebera quatro caprinos, através de um projeto financiado pela Cese e administrado pela Amib. Ele iniciou o trabalho de cercar uma área com quatro bolas de arame e estacas de madeira da Chapada. Principalmente, candeia. Um projeto pequeno em volume de recurso, mas bastante útil para garantir a posse de sua terra. O seu Ferreira sofre pressão por parte da família introvini que quer força-lo a aceitar um acordo no qual ele e sua família se mudarão para outro povoado bem longe do Brejão. Outras famílias aceitaram o acordo. Só o Ferreira e uns parentes seus não aceitaram.
A família Introvini alega que a fazenda do Brejão lhe pertence e que pretende desmatar a Chapada a fim de plantar soja. Ela assinou um contrato com o grupo João Santos o antigo proprietário. Não se sabe o teor exato desse contrato. Imagina-se que o grupo João Santos repassou mais de dois mil hectares aos Introvini e que estes pagarão o repasse com as sucessivas safras que obtiverem. Concluiu-se dessa forma porque nas matriculas da terra disponilizadas pelo cartório de Buriti no começo de 2017 ainda consta o nome do grupo joão Santos como proprietário.

A matricula é a certidão de nascimento e a carteira de identidade de uma terra. A partir dessa lógica, constata-se que o histórico de compra e venda da fazenda Brejão se inicia nos anos 80 com a aparição do grupo João Santos. Nesse histórico só comparecem empresas do grupo João Santos. Quer dizer uma empresa do grupo vendeu para outra do mesmo grupo e por ai vai. Até onde se sabe a empresa não chegou a Buriti com as terras da Chapada do Brejão em suas mãos ou chegou? Nessa década ninguém era obrigado a comprovar a real propriedade de uma terra. Bastava um documento de compra e venda com algumas testemunhas e pronto. 
mayron régis

Lendo para entender a chapada de forma diferente



O caminheiro depois de muitos dias de viagem pelo leste parava numa humilde choça das paredes de taipa e coberta de palha de babaçú. Se hospedaria ali naquela tijupá para repousar a noite e mais tarde seguir adiante, pois seu dia tinha sido bastante cansativo, percorrera toda aquela densa região de conflitos, acumulando o aprendizado. Era um herói? Talvez, com modéstia – esperava algumas mudanças e reformas que favorecessem os menos favorecidos e desprovidos de direitos. Este é um ofício que escolhera na esperança de novos tempos para colher bons frutos no futuro. Ao se abancar, perguntaria aos anfitriões do lar sobre a questão da terra – a conversa começaria antes do jantar que fora oferecido, pois jamais se dispensaria uma tradicional Iguaria de “galinha caipira com arroz de pequi” a pesar de tudo estava na chapada. A janta saiu com perfeição à luz de lamparina. Satisfeito! Em seguida surgia uma provocação que envolveria a situação fundiária do lugar. Poucos discutem sobre esse assunto que decerto é polêmico desde tempos bem remotos na história das civilizações; respeitava-se o momento – deixando-os à vontade. Mas as respostas supriam as indagações e a “prosa” prosseguira até o fim. O Viajante tirava de seu alforje alguns livros, textos, revistas e jornais velhos – veículos estes que alimentariam o gosto pela leitura e daria uma injeção de ânimo na luta pela posse da terra. Presenteava-os com carinho; recusaram de início, pois não sabiam ler nem escrever – descobrira então, óbvio! Mas respeitosamente aceitaram os presentes e os guardaram num baú seguro, pois dali tiveram a curiosidade de aprender a ler em uma demorada relação com as palavras e com a gramática. Só assim demonstrariam força intelectual e social para destrinchar os processos burocráticos no que diz respeito a defesa do seu território. Não conheciam o mundo das letras – e nunca leram nada – muito menos pisaram na escola; mas sabiam de cada pé de árvore da chapada – mostravam seus saberes e técnicas no extrativismo repassados de pai para filhos – curavam-se com remédios tirado das plantas medicinais – seus pais lhe ensinaram; não se perderiam nas veredas nem de dia, nem de noite, a energia era a luz da lua e das estrelas. Caçavam, pescavam, lavravam o chão e criavam pequenos animais para a alimentação e reprodução da família, o que detinham de mais valioso era toda aquela terra. Soletravam “lendo para entender a chapada de forma diferente”, coisas que a escola não ensina, adquiriram o diploma com o tempo. A existência e a convivência ensinaram essa nobre literatura onde uma minoria dar valor. Escreve-se para quem disponibiliza um tempinho pra ler. Conversavam ao seu modo com a natureza numa comunhão e comunicação com o espaço em que vivem. Sabiam a hora pelo sol e o tempo de plantar e jogar a semente no período certo através do clima. Viviam Isolados do mundo civilizado e conectados com o meio ambiente. A cartilha era a própria terra, as folhas, os ventos, a enxada, o jacá e as chuvas de inverno. Formaram-se em todas as ciências, receberam prêmios valiosos e repassaram isso para as futuras gerações. Tiveram como mestres o tempo e a paciência que lhes ensinaram a mais bela das lições de vida.

José Antonio Basto
e-mail: bastosandero65@gmail.com