sábado, 29 de outubro de 2022

Independencia ou morte

O duocentenario da proclamação da independencia, pelo menos, possibilitou a publicação de um grande livro “O sequestro da independencia: uma historia da construção do mito de sete de setembro” escrito por Carlos Lima Junior Lilia Schwartz e Lucia Stumpf. Tambem em 2022 se omemora o centenario da semana de arte moderna de 1922 e um livro que analisa o modernismo do começo do seculo XX é o Modernidade em Preto e Branco de Rafael Cardoso. A proclamação da independencia em 1822 e a semana de arte moderna de 1922 não sao fatos isolados. Sucederem no estado de São Paulo depoe muito a respeito dos projetos da elite brasileira para o Brasil que no caso de 1822 ainda nao era um pais e no caso de 1922 era um pais que pouco sabia de si e de outros. Os dois eventos descortinam o quanto de inocencia ingenuidade e de apatia imperavam na vida social politica em um seculo e revela uma sociedade completamente desprovida de construções esteticas que dessem relevo a sua historia. A grande obra pictorica que emoldurara o sete de setembro só será pintada em 1888 pelo pintor Pedro Americo. Quer dizer o fato historico de maior relevancia da historia de um pais jovem só veio a ganhar uma representação bem estruturada do ponto de vista estetico depois de 60 anos. Quanto mais tempo um fato historico demora para ser representado mais o artista que o pintará terá que apelar para a fantasia e o sete de setembro de Pedro Americo em boa parte evidencia ser uma obra fantasiosa dentro de um esquema romantico realista. Por que Pedro de Alcantara, que ainda não era Dom Pedro I, resolveu proclamar a independencia do Brasil num trecho de sua viagem de São Paulo a Rio de Janeiro se ele podia esperar alguns e proclamar a independencia na sua chegada ao Rio junto com seu ministerio, sua familia e o povo brasileiro? Quem analisa a obra de Pedro Americo percebe e destaca a falta de povo ou melho dizendo aparece um caboclo guiando um carro de boi e um cavaleiro. Com relação a semana de arte moderna de 1922, o que muitos resslatam é o seu carater de independencia da produção intelectual e cultural brasileira com relação a produção intelectual de outros paises. Não há uma obra pictorica dos modernistas que abertamente declare a independencia . Abertamente não, pois a independencia seja ela politica ou estetica pode estar nos detalhes. A independencia promovida por artistas como Tarsila do Amaral está na escolha dos temas e as formas geometricas que ela pinta para representar esses temas. A pintura de Tarila do Amaral que melhor demonstra essa talvez seja A negra de 1923 na qual é representada uma mulher negra. Tomando por base as referencias esteticas de Tarsila, a Negra é uma fragmentação da realidade ou uma fragmentação da forma como se apreende a realidade. O que esta representado não é uma mulher negra ou uma imagem que se tem de uma mulher negra. O que está representado é uma mulher negra cuja imagem foi se esmaecendo na memoria de tarsila esse esmaecimento da imagem dessa negra se deve ao processo economico e social. Tarsila não quer evitar esse processo, ela quer sorve-lo e quer dar um outro tratamento antes que ele complete o seu trabalho de esmaecimento. Ao esmaecer aquela imagem deixa de ser memoria e vira historia Talvez a grande indpendencia proposta pelos modernistas mais do que a independencia das forma e do tema talvez seja a independencia da memoria com relação a historia

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