segunda-feira, 11 de julho de 2022

A identidade de uma terra

O jornalista Ed Wilson pediu a Maria Eva permissão para olhar os documentos relativos a disputa judicial por 148 hectares entre sua familia e a Suzano Papel e Celulose no povoado Formiga, municipio de Anapurus. Os 148 hectares correspondem a uma parte da Chapada que envolve a comunidade e na qual a familia de Eva coleta bacuris, pequis e outras frutas nativas do Cerrado, corta madeira, solta seus animais para pastar e na qual ela realiza outras atividades economicas sociais e ambientais. Um dos documentos que Eva arquivou e arquiva é um documento de 1975 em que o seu avô decide doar 325 hectares para seus filhos, um dos quais era o pai de Eva. Se não fosse por esse documento, quase certo que a Suzano obteria com facilidade a posse dos 148 hectares em detrimento da familia de Eva. O que aconrece, o documento que a Suzano dipunha e apresentou como prova de propriedade data dos anos 90, bem mais recente que o documento registrado pelo avô de Eva em favor dos filhos. Há um pouco de tudo nessa atitude do avô de Eva: precaução, previdencia, amor pelos filhos e etc. Pelo lado familiar, é isso. Pelo lado social, é muito mais. No quadro de pressão ecercida pelo agronegocio para se apossar dos territorios tradicionais, o documento da familia de Eva é um documento historico. Mostra que um agricultor familiar registrou a sua terra em um cartorio. Essa terra tem uma identidade perante o Estado e essa identidade social e historica se liga a uma familia que resiste a se desfazer de sua historia . Diferente da versão defendida pela Suzano em vários momentos de que a familia de Eva invadira sua propriedade. Parecido ao caso da familia de Eva, existem muitos casos no Maranhão em que o agronegocio ataca os direitos das comunidades tradicionais, posseiros e pequenos proprietários se utilizando de documentos obtidos de maneira irregular.

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