sexta-feira, 6 de junho de 2025
O princípio de tudo
As crianças surgiam no horizonte, longe vindos de seus afazeres na escola, mas não tão longe quanto o navio que aguardava liberação para atracar no porto. Elas andavam rápido em grupo, bem falantes. Dava pra ouvir. A normalidade dos seus movimentos por aquela beirada de praia semi deserta provocou aquele sentimento de ligeira dúvida quanto aquela vila para onde moviam seus corpos. Aqueles corpos, um aqui e outro acola, arrastando uma rede de pesca de camarão, nasceram na praia ou se mudaram para lá em razão de alguma dificuldade financeira? A atendente do bar vinha do cumbique, bairro vizinho. Ela pode ter ido de moto ou pode ter ido a pé, sabendo da disponibilidade de serviço. O andar e o princípio de tudo como se notava nos grupos de crianças e adolescentes voltando de uma manhã na escola. Os maranhenses andaram muito pela rua, pela praia, pelo centro da cidade, pelas margens dos rios. Eles andavam para irem ao trabalho. Andavam porque não sabiam ficar parados. Andavam porque os vizinhos chamavam para darem uma volta. A praia do olho de porco município de paço do Lumiar e um dos poucos espaços que ainda faz sentido andar como o princípio de tudo.
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