sexta-feira, 6 de junho de 2025

O dia certo para recordar ou o dia certo para viver

O dia certo para recordar os antepassados : dia de finados. O dia certo para viver e esbaldar se: carnaval. Quem se mudara para São Luís em busca de educação e trabalho via na baixada o seu recanto para esses dias de recordação e de festejo. Conversando com uma amiga, ela relembrou o irmão que organizava excursões para as pessoas que queriam brincar o carnaval na baixada. O carnaval de rua. As pessoas iam atrás da promessa de um carnaval genuíno, puro, familiar divertido e inesquecível. Aqueles que não tinham parentes e onde se encostar, dormiam tomavam café e almoçavam nas casas de amigos. Acabado o carnaval, o negócio era retornar as atividades em São Luís. O imaginário da baixada maranhense para os de fora se conformou nesses termos: lugar bom para se estar alguns dias, lugar bom para comer jabiraca e farinha d'água, tomar juçara, pescar nos campos cheios de água e etc. Esse imaginário condiz com a realidade? A baixada e um tremendo paraíso ? Ou como qualquer imaginário só existe na subjetividade? Daqui a dez ou vinte anos pode ser que esse imaginário de décadas passadas fique atrasado perante os projetos que se delineiam não só para a baixada como para todo o Maranhão: projetos de ferrovia, porto, energia eólica, produção e refino de gás, apropriação e aproveitamento da biodiversidade e dos recursos naturais, grilagem de terras, expulsão de comunidades quilombolas e tradicionais, agrotóxicos, inércia dos órgãos de regularização fundiária.

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