domingo, 5 de novembro de 2023
perdia de vista
Ele perdia de vista aquele oceano aquela praia e aquela gente que mal se definia por um olhar. Carecia de mais de mil palavras para descrever. Nem conseguia. O seu dicionário era curto comparado com o oceanes daquelas pessoas. Um oceanes de tal largura de tal profundidade e de tal infinitude. Eles saiam para pescar perto e longe. Sururu, sarnambi, pescada, pacamao, caranguejo E etc. Aprende se a pescar como se aprende a falar. Dona Catarina, chamavam na de proprietária de Santa Maria de Guaxenduba porque ela lutava para que o território da resex/quilombo continuasse com os moradores, lembrava dos dias em que se arrastava pela lama para pescar pacamao num lugar não muito perto de onde conversavam olhando para o oceano e para seus netos que brincavam num córrego de água doce. Ela preparou um suculento almoço para aquelas visitas. Não se quer mais nada: pescada e sururu. E muito oceanes. As visitas almoçaram e uma delas notou alguém se movendo por entre as águas do oceano. Élida filha de Dina Catarina decodificou os procedimentos do rapaz a beira mar. "Ele traz sururu dentro da caixa. Deve ter molhado e quando molha fica pesado pra carregar andando pela praia. Melhor empurrar junto com as águas do mar e no ponto certo sai para carregar sobre a areia da praia". Oceanes puro. As visitas queriam entender aquele mundo bem de frente mas queriam entender o mundo deixado pra trás. Durante o trajeto de São Luís para Icatu se esforçaram para decifrar as palavras que formavam a história daquela região. " O que e Icatu? O que e Guaxenduba?". Aquela brincadeira era só pra passar o tempo? Enfim, eles viram o tempo passar na varanda do restaurante de dona Catarina e Élida.
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