domingo, 5 de novembro de 2023
ekes chegavam a noite
Eles sempre chegavam a noite por caminhos que surgiam inesperados entre campos de soja e a vegetação do cerrado. Nos primeiros anos, Vicente de Paulo, agricultor familiar do povoado Carrancas, alertou o que os plantadores de soja gostariam de desmatar mais de três mil hectares nas chapadas do povoado e dos povoados vizinhos. Se a memória não falhou, essa conversa ocorreu no ano de 2011 em frente a casa do Vicente de Paulo e de Dina Rita. Portanto, perfazem doze anos. Muita coisa mudou desde então. Uma das coisas que não mudaram foi a merenda que dona Rita sempre ofertava a eles em suas aparições noturnas. Galinha caipira, carne de gado, arroz, feijão e salada. Por vezes, ela via o tempo passar e não preparava a merenda. Tudo se resolvia com um café e uma farofa de ovo. Essa conversa de merenda veio a tona porque certo dia dona Rita e Vicente de Paulo viajaram para Brejo numa atividade da igreja católica. Como se diz, os amigos ficaram sem pai e nem mãe. Foram procurar a casa de Marcelo na Chapada da Bacaba. Atravessaram a Chapada de Carrancas, do Coruja das Laranjeiras. Tinham em mente um caminho que na prática se deformou as suas vistas. Desmatamentos e tratores revirando o areal para plantar a soja deslocaram os caminhos para outras direções não especificadas. Aquele cenário perdera o sentido para eles e para os moradores que cruzavam os caminhos todos os dias. Tiveram que voltar e dormiram na casa de Sebastiana filha de dona Rita e Vicente. " Tivesse dito preparava uma merenda para vocês", declarou. Sem problema.
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