segunda-feira, 31 de julho de 2023
memorias postumas de bras cubas
Quem leu Memórias póstumas de Brás cubas de Machado de Assis deve se lembrar da célebre passagem em que Brás Cubas vê um ex escravo seu que alforriara agredindo um negro. A agressão se devia a desobediência do negro as ordens do seu dono, o ex escravo. Raimundo Faoro constata em uma análise dessa passagem que Machado de Assis critica uma sociedade que aceita a ascensão social desde que dentro de uma prática escravagista. Nessa análise, pode se acrescentar um outro elemento. Memórias póstumas e um romance de desilusão. A elite brasileira, representada na figura de Brás Cubas, chegou a acreditar que apenas uma carta de alforria resolveria o problema da escravidão. Machado de Assis desdiz isso. Para ele por mais cartas de alforria assinadas tudo continuaria como dantes porque a escravidão se entranhara em todas as classes sociais. Neste instante, sobre a mesa do juíz de Chapadinha, encontra se um pedido de interdito proibitório contra 11 trabalhadores rurais do povoado Vila chapéu assinado pelo advogado do empresário paulista Gustavo Mareto da empresa GMB Investimentos que planta soja. A comunidade de Vila Chapéu assim como a comunidade vila Borges viveram por anos na base de um sistema quase escravista administrado pela família Lyra de latifundiários. O INCRA em 2010 desapropriou a fazenda Veredao que pertencia aos Lyra e entregou aos trabalhadores rurais. Qual e a conexão de Memórias póstumas de Brás cubas e Gustavo Mareto ? O empresário paulista ao pedir o interdito proibitório de 11 trabalhadores rurais porque eles impediram o desmatamento de centenas de bacurizeiros quer um retorno ao tempo da escravidão seja a escravidão do século XIX seja a escravidão moderna do século XX. E uma forma de intimidação o que ele também fez com relação a Vila Borges. Atualmente restou algumas centenas de hectares de bacuri para a Vila Borges devido aos desmatamentos da GMB Investimentos. Esses desmatamentos decorrem de licenças ambientais que a secretaria de meio ambiente do Maranhão concede sem observar os direitos ao território a mobilidade e ao meio ambiente das comunidades tradicionais.
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