domingo, 5 de março de 2023

juçara

Quem toma juçara deve saber que ela só aceita poucos acompanhamentos. Farinha seca farinha dagua açúcar carne seca peixe seco e por aí vai. Se não sabe procure saber porque essa é uma informação preciosa capaz de evitar intoxicação alimentar. Como dizem, juçara e quase um almoço. Um almoço que a tarde vira uma merenda e a noite vira um jantar. Por décadas, tomava se juçara em casa ou alguma festa numa tigela copo xícara. Onde coubesse a juçara a farinha e o açúcar tava de bom tamanho. Originalmente, um hábito de famílias pobres que colhiam os frutos subindo na jucareira e amassavam para tirar o suco ou compravam em vendas simples construídas em mercados ou feiras. Quanto mais a floresta Amazônica fica pra trás menos juçara tem. Não se sabe o tempo que faz, mas o município de Chapadinha e atendido por uma franquia que vende produtos a partir da juçara e nesse caso pouco importa o acompanhamento. Granola, leite condensado e o escambau. Os paraenses chamam isso de heresia. Paraenses chamarem algo de heresia e quase uma piada. E o povo mais herético do Brasil. Chapadinha e um município predominante de Cerrado com algumas manchas de floresta Amazônica da qual faz parte o ambiente da Juçara os brejos e os alagados. A produção de juçara no município e incapaz de fornecer o suficiente para esse tipo de empreendimento portanto a manufatura vem de outras regiões. A quantidade expressiva de fregueses na Acaiteria a noite comprovaria que os chapadinhenses há muito tempo ou abandonaram o hábito de tomar juçara em casa ou se encantaram com a ideia de tomar juçara em um ambiente consumista. Entre hábitos tradicionais e modernos a sociedade consome um produto com a cara da Amazônia com uma cobertura industrial. contudo, as referências da juçara não são apenas geográficas. As referências também são histórico sociais. Histórias de pobreza humilhações e fartura. O consumo como qualquer ato humano e contraditório.

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