quinta-feira, 11 de junho de 2020

Guinga, o cronista musical


Fazia dias que a ideia de escrever algo em que a obra de Guinga sobressaísse por sua estética e por sua importância não saia de sua cabeça. Admitia que tal proposta requereria  uma dose de ousadia, afinal a critica musical nunca fora o seu forte. Ele conseguiria se fizesse uma critica da linguagem ou fizesse uma reconstituição histórico da formação de Guinga como artista. Por que não uma critica que juntasse as três em uma só? Ele escreveria que não fora em vão a intensa busca ao cd “Cheio de dedos” que promovera, depois de ler uma critica em algum jornal.  O nome do cd despertara seu interesse e sua curiosidade que a capa, onde o compositor aparecia manuseando um violão, reforçava. O rosto do compositor instrumentista virava e ganhavam destaque os braços que seguravam o violão e os dedos que dedilhavam as cordas do violão. Ele se concentrava mais em seu instrumento o que, certamente, indicava que a sua preocupação maior era a Musica. A palavra Musica escrita com a primeira letra maiúscula significa que não é qualquer musica e que seus objetivos referentes a Musica não eram quaisquer objetivos. A matéria do caderno Ilustrada da Folha de São Paulo de 10 de dezembro de 1996, ano de obras de referencia na musica brasileira, esclarece que as musicas de Guinga homenageiam Jacob do Bandolim, Raphael Rabello, Villa Lobos e Aldir Blanc. Interessante o processo de homenagear um artista, pois pode ser da boca pra fora ou uma simples recordação. Não é o caso. Jacob, Raphael e Villa representam a excelência da musica instrumental e suas composições convencem o ouvinte que o enlace da musica com a cultura se dará pela estruturação da melodia em torno do ritmo. O ritmo da musica em Guinga segue o vagar inédito que os sons dos pequenos movimentos musicais ocasionam na memória.   O primeiro intuito de Guinga era fazer uma crônica musical do Rio de Janeiro. Segundo a Folha de São Paulo, Guinga desistiu da ideia e compôs suas musicas tendo por base velhas formulas, no caso o Choro. Não deve se esquecer que a crônica musical ou literária se ocupa  das velhas formulas (musicais) ou coisas velhas que aos poucos são esquecidas, dando-lhes um aspecto mais melodioso no confronto com a realidade.     

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