Fazia dias que a ideia de
escrever algo em que a obra de Guinga sobressaísse por sua estética e por sua importância
não saia de sua cabeça. Admitia que tal proposta requereria uma dose de ousadia, afinal a critica musical nunca
fora o seu forte. Ele conseguiria se fizesse uma critica da linguagem ou
fizesse uma reconstituição histórico da formação de Guinga como artista. Por que
não uma critica que juntasse as três em uma só? Ele escreveria que não fora em
vão a intensa busca ao cd “Cheio de dedos” que promovera, depois de ler uma
critica em algum jornal. O
nome do cd despertara seu interesse e sua curiosidade que a capa, onde o
compositor aparecia manuseando um violão, reforçava. O rosto do compositor
instrumentista virava e ganhavam destaque os braços que seguravam o violão e os
dedos que dedilhavam as cordas do violão. Ele se concentrava mais em seu
instrumento o que, certamente, indicava que a sua preocupação maior era a Musica.
A palavra Musica escrita com a primeira letra maiúscula significa que não é
qualquer musica e que seus objetivos referentes a Musica não eram quaisquer
objetivos. A matéria do caderno Ilustrada da Folha de São Paulo de 10 de
dezembro de 1996, ano de obras de referencia na musica brasileira, esclarece
que as musicas de Guinga homenageiam Jacob do Bandolim, Raphael Rabello, Villa
Lobos e Aldir Blanc. Interessante o processo de homenagear um artista, pois
pode ser da boca pra fora ou uma simples recordação. Não é o caso. Jacob,
Raphael e Villa representam a excelência da musica instrumental e suas
composições convencem o ouvinte que o enlace da musica com a cultura se dará
pela estruturação da melodia em torno do ritmo. O ritmo da musica em Guinga
segue o vagar inédito que os sons dos pequenos movimentos musicais ocasionam na
memória. O primeiro intuito de Guinga era fazer uma crônica
musical do Rio de Janeiro. Segundo a Folha de São Paulo, Guinga desistiu da
ideia e compôs suas musicas tendo por base velhas formulas, no caso o Choro. Não
deve se esquecer que a crônica musical ou literária se ocupa das velhas formulas (musicais) ou coisas
velhas que aos poucos são esquecidas, dando-lhes um aspecto mais melodioso no confronto
com a realidade.
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