Dava gosto de presenciar as mudanças que o Vicente de Paula experimentava em seu intimo e que transpareciam, principalmente, em sua fala. Tantas vezes vira o Vicente se entreter em conversas com sua família e com os vizinhos que nada vindo da parte dele passava desapercebido. A fala é um indicativo do que vem pela frente e do que veio antes. Ele ligou para o Vicente de Paula e a Juliana, neta dele, atendeu. A voz soou irreconhecível a primeira audição. “Quem tá falando?” “É a Juliana“ “Juliana, aqui é o Mayron cadê teu avô?” “Quem?!”, ela perguntou daquele jeitão dela característico e sem esperar pela resposta entregou o telefone ao avô. “É não sei quem”, foi o comentário divertido da menina. "Quem é não sei quem", questionou-se do ponto de vista linguístico. “Oi Vicente de Paula a sua neta esqueceu de mim? ” “ Não, não esqueci de você. Outro dia me lembrei porque os dois pés de moringa, que deste de presente, cresceram bastante e começaram a florir”. O Vicente de Paula se equivocara, pois a pergunta se referia a sua neta e não a ele, porem nesse (des)entendimento ele respondera com um exemplo que destacava o trabalho que ambos realizaram sobre a Chapada em 2019: o plantio de mudas de muringa. A resposta ingênua do Vicente de Paula o tocou profundamente pelas demonstrações de carinho e de lealdade ao projeto iniciado em 2011 com apoio do Fundo Casa e pela ASW. Em Buriti, carinho e lealdade são itens que se encontram em falta se constata pela conversa das pessoas e na conversa das pessoas.
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