De cima da ponte, enxerga-se o rio Preto por alguns segundos. Nada
lhe tirava do sério. Ele não contou o tempo que levou esperando o Maelson,
morador de Guarimã, no posto de gasolina de São Benedito do Rio Preto. Eles marcaram
o encontro no posto, onde se reveriam para, então, deslocarem -se ao povoado de
Maelson que fica fora da visão de quem dirige carro ou de quem dirige motocicleta
pela estrada estadual. O povoado Guarimã se mantem afastado da estrada alguns quilômetros pra dentro.
Ele fora ao povoado a primeira vez em 2012. Ele seguira o Chaguinha, na época conselheiro
do Conselho Estadual dos Direitos Humanos do Maranhão, numa missão de auxilio a
comunidade de Guarimã que denunciara as ameaças de tomada de suas terras por
plantadores de soja recém chegados ao município de São Benedito. O modo de
vida que a comunidade praticava o fascinou . Ele e seus
amigos conviveram com a comunidade por poucos dias a discutirem estratégias que combateriam a entrada do agronegócio em suas terras. A beleza dos veios de água,
que abundavam por e para tudo que é lado, foi impactante do ponto de vista do visual para as
visitas que jamais viram tanta água transparente num espaço físico tão espremido.
O relevo explicava a quantidade de água que não deixava margens para dúvidas. As
Chapadas descarregavam agua suficiente para correr pelo Baixo o ano inteiro. As
pessoas não moravam em Guarimã durante a escravidão, pois a área servia somente de refugio para negros fugidos de algum
engenho nas redondezas que se embrenhavam pelas matas. As atividades dos negros se desenvolviam de forma
pacata nesse refugio com pouco impacto a natureza. Os negros caçavam,
divertiam-se, comiam frutas e partiam. Depois de certo tempo, passaram a ver em
Guarimã um lugar bom de morar, afinal a escravidão se findava e não precisavam
mais fugir. Tendo em mente essas informações ficou evidenciado que Maelson e
seus parentes carregavam o sangue de homens negros e mulheres negras que
escaparam da escravidão para viverem em liberdade. Então, a estratégia para
conter os plantadores de soja e uma possível expulsão a mando da justiça seria
que os moradores se reconhecessem como remanescentes de quilombolas e a Fundação
Palmares os certificasse como tal. A comunidade de Guarimã obteve a certificação
da fundação Palmares em novembro de
2012.
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