terça-feira, 9 de junho de 2020

A certificação da comunidade quilombola de Guarimã


De cima da ponte,  enxerga-se o rio Preto por alguns segundos. Nada lhe tirava do sério. Ele não contou o tempo que levou esperando o Maelson, morador de Guarimã, no posto de gasolina de São Benedito do Rio Preto. Eles marcaram o encontro no posto, onde se reveriam para, então, deslocarem -se ao povoado de Maelson que fica fora da visão de quem dirige carro ou de quem dirige motocicleta pela estrada estadual. O povoado Guarimã se mantem afastado da estrada alguns quilômetros pra dentro. Ele fora ao povoado a primeira vez em 2012. Ele seguira o Chaguinha, na época conselheiro do Conselho Estadual dos Direitos Humanos do Maranhão, numa missão de auxilio a comunidade de Guarimã que denunciara as ameaças de tomada de suas terras por plantadores de soja recém chegados ao município de São Benedito. O modo de vida  que a  comunidade praticava o fascinou . Ele e seus amigos conviveram com a comunidade por poucos dias a discutirem estratégias que combateriam a entrada do agronegócio em suas terras. A beleza dos veios de água, que abundavam por e para tudo que é lado, foi impactante do ponto de vista do visual para as visitas que jamais viram tanta água transparente num espaço físico tão espremido. O relevo explicava a quantidade de água que não deixava margens para dúvidas. As Chapadas descarregavam agua suficiente para correr pelo Baixo o ano inteiro. As pessoas não moravam em Guarimã durante a escravidão, pois a área servia somente de refugio para negros fugidos de algum engenho nas redondezas que se embrenhavam pelas matas. As atividades dos negros se desenvolviam de forma pacata nesse refugio com pouco impacto a natureza. Os negros caçavam, divertiam-se, comiam frutas e partiam. Depois de certo tempo, passaram a ver em Guarimã um lugar bom de morar, afinal a escravidão se findava e não precisavam mais fugir. Tendo em mente essas informações ficou evidenciado que Maelson e seus parentes carregavam o sangue de homens negros e mulheres negras que escaparam da escravidão para viverem em liberdade. Então, a estratégia para conter os plantadores de soja e uma possível expulsão a mando da justiça seria que os moradores se reconhecessem como remanescentes de quilombolas e a Fundação Palmares os certificasse como tal. A comunidade de Guarimã obteve a certificação da fundação Palmares em  novembro de 2012.


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