quarta-feira, 3 de junho de 2020

Os reclamoes do Baixo Parnaiba


Os “gaúchos”, que plantam soja nas Chapadas de Buriti, ensinam a máxima “não tenho tempo a perder” aos seus vizinhos todo santo dia da semana e quem reclama por serem grossos e inacessiveis? Sabe-se que poucos ousam reclamar e ao reclamarem de imediato o gaúcho puxa o reclamão para um lado e chegam a um acordo tão imperativo. Foi assim que o Andre Introvini, plantador de soja, fez com o Adão, morador de Carrancas, que ao lado de vários vizinhos segurou o desmatamento da sua Chapada. Andre Introvini chamou o Adão e propôs que este trocasse sua posse na Chapada por várias frações de terra a beira do rio Preto no povoado Carrancas. O Adão não teve o que fazer: aceitou a proposta. Esse fato “só deu” para os vizinhos do Adão: o Vicente de Paula e o Francisco que viram a pressão vinda da parte dos Introvini aumentar. Com toda certeza, a figura do Adão para alguns moradores da vizinhança passou a representar não boa coisa. 
Quanta diferença a atitude do Adão que abriu mão da Chapada para a atitude do povo de Belem, vizinho a Carrancas, que enfrentou o pessoal do grupo João Santos, empresa de cana de açucar e bambu, nos anos 90! O pessoal do grupo João Santos, na verdade, eram pistoleiros travestidos de trabalhadores de campo que exerciam a intimidação dos moradores como seu papel principal sobre a Chapada. Na época, o enfrentamento custou a vida de um dos pistoleiros e a fuga dos moradores do povoado  Belem para os baixos onde se esconderam por um tempo.
O povo de Belem é parente do povo do Araça. A comunidade do Araça providenciou comida e morada para os seus primos em parte do conflito. O Iterma (Insituto de Terras do Maranhão) interveio na questão: destinou mais de 2.000 hectares da Chapada para o povo do Belem e mais de 900 hectares ficaram para o grupo João Santos. Foram os tempos do governo de Roseana Sarney (1994 -2002) que recebia de bom grado projetos de agronegocio (soja, cana, eucalipto e gado) com  a promessa de desenvolverem economica e socialmente o Maranhão e os governos que a sucederam seguiram a receita de "quanto mais agronegócio, melhor"( Bem, o Maranhão não saiu do seu lugar até hoje e um pouco graças ao pacto das elites com o agronegocio).  
O que parecia inconcebível, ou pelo menos aparentava ser, virou a regra no município de Buriti. Os gaúchos, após anos de critica a sua atitude de soberba perante os demais setores da sociedade, acenam com projetos de assistência técnica aos pequenos agricultores familiares e estes, aconselhados pelo poder publico de Buriti, devolvem o aceno e cada vez  há menos reclamoes nas Chapadas de Buriti.       

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