Os “gaúchos”, que plantam soja
nas Chapadas de Buriti, ensinam a máxima “não tenho tempo a perder” aos seus
vizinhos todo santo dia da semana e quem reclama por serem grossos e
inacessiveis? Sabe-se que poucos ousam reclamar e ao reclamarem de imediato o gaúcho
puxa o reclamão para um lado e chegam a um acordo tão imperativo. Foi assim que
o Andre Introvini, plantador de soja, fez com o Adão, morador de Carrancas, que
ao lado de vários vizinhos segurou o desmatamento da sua Chapada. Andre
Introvini chamou o Adão e propôs que este trocasse sua posse na Chapada por
várias frações de terra a beira do rio Preto no povoado Carrancas. O Adão não
teve o que fazer: aceitou a proposta. Esse fato “só deu” para os vizinhos do
Adão: o Vicente de Paula e o Francisco que viram a pressão vinda da parte dos
Introvini aumentar. Com toda certeza, a figura do Adão para alguns moradores da vizinhança passou a representar não boa coisa.
Quanta diferença a atitude do
Adão que abriu mão da Chapada para a atitude do povo de Belem, vizinho a Carrancas, que
enfrentou o pessoal do grupo João Santos, empresa de cana de açucar e bambu, nos anos 90! O pessoal do grupo João
Santos, na verdade, eram pistoleiros travestidos de trabalhadores de campo que exerciam a intimidação dos moradores como seu papel principal sobre a Chapada. Na época,
o enfrentamento custou a vida de um dos pistoleiros e a fuga dos moradores do
povoado Belem para os baixos onde se
esconderam por um tempo.
O povo de Belem é parente do povo
do Araça. A comunidade do Araça providenciou comida e morada para os seus
primos em parte do conflito. O Iterma (Insituto de Terras do Maranhão) interveio
na questão: destinou mais de 2.000 hectares da Chapada para o povo do Belem e
mais de 900 hectares ficaram para o grupo João Santos. Foram os tempos do governo de Roseana Sarney (1994 -2002) que recebia de bom grado projetos de agronegocio (soja, cana, eucalipto e gado) com a promessa de desenvolverem economica e socialmente o Maranhão e os governos que a sucederam seguiram a receita de "quanto mais agronegócio, melhor"( Bem, o Maranhão não saiu do seu lugar até hoje e um pouco graças ao pacto das elites com o agronegocio).
O que parecia inconcebível, ou
pelo menos aparentava ser, virou a regra no município de Buriti. Os gaúchos, após anos de critica a sua atitude de soberba perante os demais setores da sociedade, acenam com projetos de assistência técnica aos pequenos agricultores
familiares e estes, aconselhados pelo poder publico de Buriti, devolvem o aceno e cada vez há menos reclamoes
nas Chapadas de Buriti.
Nenhum comentário:
Postar um comentário