Sentia-se como a personagem Mundica, do livro a Dança dos Ventos, escrito por Elizeu Cardoso. Mundica começou a bordar sem parar e trocava o dia pela noite. Os seus amigos lutavam para entender os desenhos dos bordados sem chegarem a uma conclusão plausível do real significado deles. Deve impacientar qualquer individuo uma situação desse tipo em que se realiza uma atividade por uma razão desconhecida e os resultados a que chegam não são conclusivos. O Zéfiro, amigo de Mundica e o leitor e o contador de historias da comunidade, finalmente apreende o significado dos crochês numa leitura invertida e não linear da Historia. Os crochês de Mundica ( aparentemente, ilógicos) metaforizam o ato de escrever e a incompreensão que muitas vezes se tem do que um escritor se propõe. Escrever e ler se complementam e completam-se, contudo também há divergências porque o escritor puxa de dentro pra fora enquanto que o leitor parte da superfície do texto (as aparências) para o interno (as verdades intrínsecas). É uma tarefa árdua chegar ao lugar de onde partiu o autor. Por que escrever tanto se bastaria escrever umas poucas páginas? Por que escrever sem ver o lado positivo da vida? Um leitor se agarra com mais facilidade a livros com poucas páginas e que transmitem mensagens positivas em todas as suas extensões, não só no final. Ao preferir livros de curto alcance e de mensagens obvias, o leitor não se dá conta que jamais cumprirá o seu papel historico social: o de fazer com que a historia que ele leu revele seus muitos sentidos.
segunda-feira, 8 de junho de 2020
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