quinta-feira, 23 de julho de 2020
Outros quinhentos
Ele estudou perto da praça e poucas vezes brincou nela. Quase chegou a brincar com um colega de bairro que frequentava a escola publica, vizinha da praça, no final de uma manhã. A escola em que estudava distinguia-se por ser uma das escolas de melhor qualidade de ensino na cidade. Se alguém perguntasse a diferença entre escola publica e escola privada ele emudeceria. Em 1986, transferiu-se da sua escola para outra particular com mais status e com mais recursos. Não duvidava que a aprovação no vestibular se devia aos anos nessa escola. Por alguma razão, a escola onde fizera os primeiros anos figurava em seus bons momentos de infância. A escola fora fechada pelas proprietários, duas descendentes de franceses, em anos posteriores a sua transferência. A rua em frente a porta de saída cabia um carro e muito mal. Nada diferente das demais ruas do centro de São Luis pelas quais as pessoas disputavam espaço com carros e ônibus. A convite de um amigo, caminhara pelas ruas do Centro puxando o fio da meada e da memoria que se emaranhara por fiações telefônicas e fios de eletricidade expostos a tudo. O amigo degustava as encardidas e descascadas aparências das casas e predispunha-se a comprar aquela que estivesse a venda. A casa que por décadas vendeu livros usados, um sebo de livros, revistas e discos, encerrara os negócios e cerrara suas portas. Deu para ler um anuncio de vendas e um numero de telefone. O amigo ligou para saber o preço e as condições de pagamento. Tamanho voluntarismo o deixou passado. O preço que a imobiliária cobraria era uma coisa. Os valores para reformar a casa e para mantê-la em condições eram outros quinhentos. Assim pensava.
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