sábado, 18 de julho de 2020
a destruição do patrimonio (ou a fata de amor incondicional) em São Luis
A opinião a respeito da praça Deodoro nunca foi favorável. Morrer de amores por aquela praça quem quiser que o faça. Por falar em amores, São Luis agregou a sua personalidade o titulo ilha do amor e uma das suas praças divide sua personalidade concreta em duas nomeações: praça Gonçalves Dias e Largo dos Amores. Os casais de namorados que juraram amor nessa praça devem ser incontáveis e de tão incontáveis que são e foram o nome Largo dos Amores faz sentido, mas por esse nome as pessoas que caminham pela praça deveriam amar incondicionalmente os casarões históricos, a Igreja dos Remédios, os bancos, todo o aparato arquitetônico e a vista maravilhosa para a beira mar e para a baia. O amor em São Luis pela sua historia, pela sua cultura e pela sua arte não é incondicional porque se fosse o caso a promotoria de meio ambiente não teria direcionado o dinheiro de uma compensação ambiental da Vale do Rio Doce referente aos danos causados pela empresa na área da comunidade do Gapara, região do Itaqui Bacanga, para investir na reforma da praça. O visual da e o visual proporcionado pela praça Gonçalves Dias só são comparáveis ao visual da Praça João Lisboa. A praça Deodoro é a praça central de São Luis mas o seu patrimônio arquitetônico se inferioriza bastante em termos visuais aos patrimônios da Gonçalves Dias e da João Lisboa. Quem entra na praça João Lisboa pela rua do Sol tem sua visão perpendicular da esquerda preenchida pelo prédio dos Correios e por metade da Praça, em que se encontra o monumento a João Lisboa, e sua visão perpendicular da direita é preenchida por vários prédios que oscilam em tempo histórico de oitocentistas a modernos. O monumento a João Lisboa é de uma expressividade atordoante que não submergiu perante a Historia e os fenômenos físicos e que se mantem sólido em sua estrutura metálica. Não há sinais de abalo em décadas de existência do monumento. Dizer ou escrever o mesmo a respeito dos prédios históricos que circundam o largo do Carmo não é possível. Daria para prestar juramento a figura de João Lisboa em cima daquele pedestal. O livro aberto sobre sua perna é o “Jornal de Tímon” ou é “A festa de Nossa Senhora dos Remédios”, santa que dá nome a igreja da praça de Gonçalves Dias? As duas principais praças ou largos de São Luis (sem esquecer claro da praça Benedito Leite e da Praça Pedro II), por vias que só a historia é capaz de decifrar, interligam a obra de João Lisboa que esmiúça a vida social e politica da sociedade maranhense. E se um leitor experiente leitor reparar Largo do Carmo é uma aliteração de Largo dos Amores. A praça João Lisboa ou Largo do Carmo, numa leitura histórico urbanistico, em vez de concentrar o fluxo da cidade de São Luis como faz a praça Gonçalves Dias ou Largo dos Amores, dispersa esse fluxo em inúmeras vias que a trespassam. A rua do sol não se extingue assim que chega ao Largo do Carmo: ou ela continua na forma da rua de Nazaré, ou ela se vira e desvira-se no exotismo da Rua do Egito. Será que a reforma do piso da praça João Lisboa que a prefeitura de São Luis leva a feito nesses dias recuperará alguma fração do tempo histórico submerso por toneladas de asfalto e de cimento? A conservação de parte do patrimônio histórico vale a destruição de outras formas de patrimônio como o patrimônio ambiental? O corte de uma arvore ou duas arvores indigna parte da sociedade ludovicense que se comporta com indiferença quanto a destruição ambiental provocada pelo boom imobiliário em vários bairros de São luis. O jornal que João Lisboa escreveria, caso vivesse em pleno século XX, manteria o nome de Tímon, filosofo grego, ou mudaria o nome para atualizar a critica as elites maranhenses e a seus projetos de modernização? O que João Lisboa escreveria teria que dar conta de um todo que se despedaçou e que não se refaz nem com projetos de revitalização urbanística e nem com miragens de um meio ambiente intacto.
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