terça-feira, 28 de julho de 2020
O bar da baixinha
De todos os ambientes de São Luis que frequentara, aquele era o mais negro. Negro e masculino. Sem escapatória e sem exageros. Quem entra bem cedo no recinto do ambiente dá de cara com um homem negro dando expediente. Quanto mais tarde for, mais homens negros serão vistos tanto dentro como fora. Eles caminham pela avenida ou param ao pé da escadaria do ambiente. Entrar neste ambiente não é tão simples. Para chegar ao portão, sobe-se uma escadaria de granito. A subida se torna difícil para quem carrega garrafas de cerveja. O ambiente é o bar da Baixinha e é neste bar que ela mora com seu filho, sua nora e sua neta. O bar ocupa uma posição privilegiada. Quem nele bebe ou apenas conversa se sente “por cima da carne seca” de tão suspenso se construiu o prédio. Em quase todos os momentos, a presença massiva é de homens que não param de beber, conversar e escutar musica. De preferência, reggae ou musica brega. É possível escutar outros ritmos. Não é proibido. Só que rola uma negociação com a proprietária e com os clientes diários para que concordem em mudar as musicas de um ritmo para outro. Uma dia, a maioria concordou com a mudança e alguns rocks clássicos tocaram no aparelho de som. Durou pouco tempo a mudança. Eles, por serem clientes fiéis, tinham a primazia para assumirem o aparelho de som. A proprietária (Baixinha) exige respeito dentro do ambiente e quem falta com respeito ou desobedece as regras ela bota pra fora só no gogó. O PC é um dos que ela bota pra fora porque ele pede com insistência para encherem seu copo de cerveja. Por mais que a Baixinha o expulse, ele não desiste e retorna. No seu intimo, sem que ninguém saiba, a Baixinha também não desiste dele e de quem mais for beber uma cerveja no bar.
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