segunda-feira, 9 de novembro de 2020
O "principe dos poetas brasileiros" e o bairro Monte Castelo
Uma vez, conversando com um amigo, ele aventou a possibilidade de desenvolver uma pesquisa que elencasse as diversas ruas de São Luis cujos nomes se referiam a personalidades literárias e os motivos que levaram as pessoas a prestarem homenagem aquele escritor(a). O amigo não pensou duas vezes e desferiu “Tremenda bobagem”. A repreensão desferida não surtiu o efeito (in)desejado pelo amigo inclemente. A pesquisa tinha esse caráter de “bobagem”, mas só na aparência. Aquele primeiro revés retardou os seus propósitos por alguns meses e serviu para mudar a feição do que pretendia. No fundo, ele continuava pretendo o de sempre. Desenhar (elaborar) um mapa literário das ruas de São luis. Um mapa que ligasse literatura com o cotidiano das pessoas do Monte Castelo e de outros bairros. Como faria a pesquisa era o X da questão. Uma rua não saia de sua cabeça: a rua Olavo Bilac. Olavo Bilac virou um poeta chato para as gerações que descobriam a literatura pelos olhos da semana de arte moderna de 22. Isso se deve ao seu comprometimento com uma visão formal da literatura e da arte em que a forma tem mais importância que o conteúdo. Quem sabe perguntaria a cada um dos moradores da rua Olavo Bilac, vizinha a sua rua, se eles tinham ideia desse preconceito com relação ao poeta parnasiano e se eles tinham ideia quem fora o “sábio” que defendera essa homenagem ao “príncipe dos poetas brasileiros”. As pessoas criticam Olavo Bilac pelos seus versos parnasianos que transparecem uma obediência aos cânones parnasianos que deliberam a arte como espelho da realidade sem que se penetre no intimo desta, mas ignoram o seu lado cronista da cidade do Rio de Janeiro do começo do século XX crônicas que abordam a intensa urbanização por que passava a cidade e a crescente expulsão dos moradores pobres do centro. Possivelmente, a pesquisa descortinaria visões histórico e sociais de um Monte Castelo reservado, conservador e católico.
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