domingo, 29 de novembro de 2020
A despersonalização no carnaval e no samba cariocas
Acostumou-se a associar carnaval e samba, sendo que o carnaval surge na segunda metade do século XIX como forma de lazer em substituição as brincadeiras de rua que grassavam pelo Rio de Janeiro. O samba aparece no final do século XIX com outros nomes e outros ritmos como o Maxixe. O samba tende a ser uma expressão de arte e cultura bem maior que o carnaval até porque ele existe o ano todo e o carnaval e só três dias. Mesmo quando o samba desaparece ou deixa de ser tocado ou cantado, ele é maior que o carnaval. Paulinho da Viola gravou seu ultimo disco de musicas inéditas em 1996 o disco “Bebadosamba” depois de sete anos da gravação do disco “Eu canto samba” de 1987. “Não sou eu quem me navega/quem me navega é o mar”, são as primeiras frases do samba “Timoneiro”. A letra de Paulinho da Viola é uma sublime negação do oficio de compor e interpretar o samba “Timoneiro nunca fui/que eu não sou de velejar”. Se Paulinho da viola não é um timoneiro (cantor/compositor) ele é o que? A despersonalização do individuo é uma das características predominantes do carnaval nos seus três dias ou mais de diversão, brincadeiras e musicas. Só que essa despersonalização tem uma hora pra acabar. A despersonalização cantada por Paulinho da Viola tem um fundo histórico-mitico e o samba é quem desperta o individuo dessa alienação como se ouve na musica “Bebadosamb” que encerra o disco em que Paulinho cita ou chama a nata do samba carioca.
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