sábado, 30 de maio de 2020

fome e a vontade de comer dos carvoeiros


Aquele retorno a Buriti flagrou trabalhadores que construíam fornos de carvoaria na fazenda Brejão, próximo ao povoado Belem, a fim de limpar 900 hectares a mando de Andre Introvini e Gabriel Introvini. Não saberia dizer quantos eram. Deduzia que os trabalhadores vinham de Anapurus em sua maioria. Todas as vezes (exagero, quase todas as vezes) que encontrara alguma carvoaria queimando madeira nativa do Cerrado no Baixo Parnaiba, e foram várias vezes, lia na placa de identificação do empreendimento o nome Anapurus como a sede da empresa responsável. O município de Anapurus, ao que parece, cumpre um papel singular que é o de alavancar e dinamizar os desmatamentos nos demais municípios da região, afinal, em sua área territorial, não há mais grandes extensões de Cerrado e a Chapada do Brejão se estica por mais de três mil hectares. Então, o desmatamento e a queima de vegetação nativa junta a fome com vontade de comer, ou seja, os carvoeiros vivem na maior fome ou na maior seca de dinheiro e veem no Cerrado o lugar mais propicio para matarem essa fome ou seca indescritível.    

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