quinta-feira, 21 de maio de 2020
Mar adentro
Ele não pôde ir muito longe. Os barcos recolheram as velas. Os tripulantes seguem a deriva. Os pássaros incendeiam o céu. As nuvens progridem para acolá. O barco logo afunda. A carga de sofrimento enche de água. A agua do mar invadia o mercado da cidade e as pessoas suspendiam os pés para que a água não os molhassem. Quem se molha no mar dessa cidade? Essa cidade cujo dono deixou de ser o mar. Os pescadores arrastam suas redes de pesca por dentro dos canais que alguns dizem ser de esgoto. Eles comem o que pescam e o que não pescam ninguém sabe quem come. A cidade ocupou as beiradas e afastou (asfaltou) o “seu” Mar, como se isso fosse possivel. O “seu” Mar exige a cidade que desfaça o que fez com ele. A cidade, contudo, não aceita que devolvam aquilo que empurrou mar adentro.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário