Aquele retorno a Buriti flagrou
trabalhadores que construíam fornos de carvoaria na fazenda Brejão, próximo ao
povoado Belem, a fim de limpar 900 hectares a mando de Andre Introvini e
Gabriel Introvini. Não saberia dizer quantos eram. Deduzia que os trabalhadores
vinham de Anapurus em sua maioria. Todas as vezes (exagero, quase todas as
vezes) que encontrara alguma carvoaria queimando madeira nativa do Cerrado no
Baixo Parnaiba, e foram várias vezes, lia na placa de identificação do empreendimento
o nome Anapurus como a sede da empresa responsável. O município de Anapurus, ao
que parece, cumpre um papel singular que é o de alavancar e dinamizar os
desmatamentos nos demais municípios da região, afinal, em sua área territorial,
não há mais grandes extensões de Cerrado e a Chapada do Brejão se estica por
mais de três mil hectares. Então, o desmatamento e a queima de vegetação nativa
junta a fome com vontade de comer, ou seja, os carvoeiros vivem na maior fome ou
na maior seca de dinheiro e veem no Cerrado o lugar mais propicio para matarem
essa fome ou seca indescritível.
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