sexta-feira, 12 de março de 2021
Um almoço de agradecimento
Na comunidade de Santa Vitoria, município de Timbiras, eles foram agraciados com um almoço preparado pela Cleo, agricultora familiar e quebradeira de coco babaçu. Atrasaram-se poucos minutos porque a corrida de São Luis a Timbiras levou quatro horas. No carro alugado em uma locadora, seguiam três pessoas, uma forrageira comprada em Santa Rita, mudas de muringa e livros. As pessoas presentes dentro do carro: Mayron Régis e Edmilson pinheiro, do Fórum Carajás, e Antonia Calixto, da CPT. O objetivo da viagem: doar a forrageira para as mulheres quebradeiras de coco babaçu do povoado Santa Vitoria. O jornalista Mayron Regis, em visita anterior, perguntara a dona Francinelia, moradora do povoado, o que ela fazia com os cocos babaçus em seu quintal. Uma pergunta meio obvia que ela respondeu “produzo azeite de babaçu”. “A senhora gostaria de ganhar uma forrageira?” ”Claro que sim. A forrageira que tira azeite para nós fica longe.” A dona Francinelia se ressente de problemas sérios de saúde que se agravaram nas ultimas semanas devido a intimidação que o delegado de Codo e também vereador exerceu sobre ela e seu marido. O delegado queria saber por que o marido de dona Francinelia e outros moradores do povoado não se apresentaram na delegacia de Codo depois de receberem intimação. Os moradores de Santa Vitoria disputam mais de três mil hectares com a família que se diz proprietária e com os pretensos compradores ( um deles é cearense) que iniciaram um desmatamento ilegal contando só com uma licença da secretaria municipal do meio ambiente. O desmatamento foi paralisado e receberam uma multa da secretaria de meio ambiente do estado do Maranhão. A intimação do delegado era para que os moradores explicassem o motivo de não aceitarem o acordo de receberem cinco hectares proposto pelos proprietários. O delegado chegou a casa de dona Francinelia e exigiu que o seu marido assinasse a intimação a qual ela disse para ele não assinar. Isso provocou no delegado um acesso de fúria que pressionou a dona da casa em vários momentos. Como ele não conseguiu o seu intento, teve que voltar para a cidade de Codo de mãos abanando. Essa intimidação do delegado fez com que a dona Francinelia desconfiasse de qualquer estranho que chegasse a sua porta, ainda mais porque o marido trabalhava em uma fazenda alguns quilômetros adiante. O jornalista Mayron Régis explicou o trabalho que pratica no Forum carajas e que esse trabalho representava o Fundo Socioambiental Casa que apoiava indivíduos e famílias em situação de conflito. Ela não gostou quando ele quis fotografa-la mas gostou da conversa da forrageira. Tendo noção da precisão dela e das demais mulheres da comunidade, a equipe do Fórum Carajas resolveu doar uma forrageira para as quebradeiras de coco de Santa Vitoria. O almoço feito pela Cleo, um almoço em que três pessoas mal deram conta e que dava para alimentar um batalhão, foi uma forma de agradecimento a essa iniciativa do Fórum Carajás.
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