domingo, 6 de setembro de 2020
A cidade embaixo da agua
A cidade embaixo da água dorme devagarinho num sonho crepuscular.Balança a rede que o peixe vem para o ceu da boca.Ela jura por Deus que o ama todas as noites em que dançam por sobre as cordas do circo mambembe. Ela o chama de ingrato. Ele pede perdão por não saber seu nome escorregadio.“Tu és um ingrato”, que belo titulo para um bolero de Ravel. Quem não tem Ravel canta Waldick Soriano. Os amigos rolam de dançar seresta no meio da rua impronunciável. A mãe de um deles manda beijos para a plateia. Eles dançam e cantam para quem quiser ver. João Bosco transformou o bolero tradicional em um bolero jazzístico em várias de suas composições. De tanto escutar Waldick Soriano, sentiu saudades da amada amante que o chamou de ingrato. Sentiu saudades de algum momento com ela em que passava o café de manhã cedo sem acordar. Um amigo tratante o cumprimentou de longe com um livro nas mãos. “É o livro de um autor novo Paulo Mendes Campos. Um bom livro de crônicas.” Perguntou ao amigo tratante quando comeriam um mocotó na feira submersa do bairro da Cohab. “Quem sabe, sei lá.” Ele decidiu não perguntar mais nada.
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