domingo, 30 de maio de 2021
O diálogo entre os tempos
O passado nem sempre chega ao seu espectador como realmente aconteceu ou quase nunca chega. A sociedade evita saber como chegou até ali naquele instante e o individuo se comporta igual a sociedade. As respostas para quaisquer perguntas que possam afligir, quem quer que seja, encontram-se num passado recente ou num passado distante porque as perguntas continuam as mesmas e as respostas, por conseguinte, também continuam as mesmas. Muito se aguarda do futuro sem saber exatamente o quê e isso decorre do fato de que com relação a esse tempo só há especulações e previsões. Seria mais simples que a pessoa vivesse a vida aprendendo com o passado e não adivinhando como será o futuro,
mas moldar o que vem pela frente move a existencia. Essa talvez seja a chave mestra do pensamento humano: o movimento. O ser humano se arrelia com a mínima sensação de paralisia e o passado acarreta essa sensação de paralisia naqueles que o vasculham em busca de respostas. Ainda não se inventou uma maquina capaz de voltar no tempo o que facilitaria muito o ser humano ir direto ao que lhe interessa. Voltar no tempo só através dos livros e do contato com cidades historicas. Isso requer tempo e o ser humano se encontra pouco disposto a gastar seu tempo com esse tipo de coisa. Comparativamente, o futuro pode ser pego com as mãos enquanto que o passado se distancia e a cada dia se torna mais distante. O ser humano vivencia sensações que depreendam movimentos contínuos para se sentir satisfeito. No final do dia, se a única coisa que fez foi ficar em casa arrastando os pés isso lhe causa desespero. E quanto mais por os pes fora de casa menos desesperado fica. Ficar somente com os pés dentro de casa ou pô-los para pisar fora de casa dialoga com a noção de passado e com a noção de futuro de cada um. O diálogo deve ser dialético. A dona Eliane, presidente da associação de comunidades quilombolas do município de Anajatuba agradeceu firmemente a equipe do Fórum Carajas a visita que esta fez a escola famíliar rural na comunidade quilombola de São Pedro. A visita tinha por objetivo doar mudas para a comunidade as quais seriam plantadas no dia cinco de junho, dia do meio ambiente. O compromisso deles continuaria na comunidade de pescadores chamada Lindosa, onde embarcariam em barcos pequenos a motor e navegariam pelas aguas fluviais até a baia de São Marcos. Infelizmente, um dos moradores da Lindosa faleceu e a equipe abortou o projeto da navegação. Os membros do Forum carajas procuravam bem mais do que um simples passeio de barco ou uma simples diversão. Pela baia de São Marcos e pelo rio Mearim, negros escravizados vindos da África. desembarcavam em São Luis e eram transportados por barcos até determinado ponto e depois levados para fazendas no interior do Maranhão. O Maranhão como região produtora e comercializadora de produtos nasce na intersecção entre rio Mearim e Baia de São Marcos. Essa historia foi deixada de lado; principalmente, a historia dos quilombos que surgiram das fazendas decadentes e abandonadas. A historia das comunidades quilombolas de Anajatuba, da dona Eliane e de sua família. Enfim, as mudas foram entregues e nessa entrega se travou conversa com dona Eliane. Num dos pontos da conversa, debateu-se a construção e a ampliação de portos na baia de São Marcos; o que isso acarretaria para o meio ambiente e para as comunidades quilombolas que pescam nos campos inundáveis e em alto mar.
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