sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Minha preta
A verdade é que a compreensão do mundo acaba na esquina. No lugar onde estavam, não havia esquinas. Eles estavam em algum ponto entre Bequimão, Peri Mirim e São Bento. Comunidade quilombola do Pontal, casa da Preta, presidente do Sindicato de Trbalhdores Rurais de Bequimão. Ela se recuperava de uma operação e eles chegaram perguntando do queijo, o famoso queijo de São Bento que, pelo visto, não era de Sao Bento coisa nenhuma. Tudo bem. O queijo acabara e só haveria de novo no domigo. Entre uma conversa e outra, alguem lhe moveu uma questão “Por que Preta?” “Olha não sei é um apelido que me deram na minha infancia”. Quem sabe apelidar devia ganhar um prêmio porque requer uma criatividade que nem todos tem. Devem te-la apelidado de preta porque se observa traços negros em seu corpo e em sua feição sendo que os seus traços determinantes são indigenas. “ô minha preta”, é um tratamento que uns podem considerar carinhoso e outros podem considerar racista. A linguagem é utilizada de acordo com as conveniencias da Historia de cada povo. Quem olha o povo da Santa Flor, municipio de Bequimão, cravaria na hora que todos descendiam de portugueses tamanha a alvura dos rostos. Ledo engano. Descendem de indigenas e a alvura se acentuou por terem vivido muito tempo isolados o que levou a não se misturarem com europeus e africanos. Sem eles saberem, essas historias e outras historias se encontram ameaçadas em seus cernes pelos projetos de infraestrutura que o governo do estado do maranhão pretende implantar na baixada maranhense, uma ferrovia ligando açailandia a alcantara e um porto em alcantara para escoarem a produção de grãos da região oeste do estado. Se não há esquinas, há campos naturais a perder de vista onde se ve agua acumulada meses a fio graças aos invernos generosos e que se esvai com o adensamento do verão. Os quilombolas e indigenas retiram sua fonte de proteina diaria do consumo de peixes que pescam nesses campos. A anemia falciforme é uma doença caracterisitca dos negros que os acomete porque eles não tinham acesso a carne de gado. Caso o projeto do porto e da ferrovia seja levado adiante pelo governo do Maranhão é fazer a politica de terra arrasada contra as comunidades tradicionais e quilombolas.
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