segunda-feira, 31 de janeiro de 2022
O samba que debocha
A visão de dois garotos vestidos de fofão os fez lembrar que o carnaval enfim chegava. Uma lembrança que ficava mais melancólica com aquele tempo chuvoso que se sobressaia a cada dia. O passageiro mostrou ao amigo motorista as duas crianças que andavam pelas ruas do município de Bacabeira. O motorista entendeu o inusitado da cena porque aquele indicio de carnaval morreria naquele dia mesmo. Quanta diferença para outros anos em que o mês de janeiro em que os sinais da proximidade do Carnaval proliferavam p;;elas ruas e pelas programações de rádios. O dia todo e nenhuma musica de carnaval nsas programações radiofônicas. Quanta siferença para outros anos. Tudo na vida das pessoas apontava para os três dias de carnaval. Com o carnava a cidade se transfigurava; sem o carnaval, a cidade silenciava. Qual o ritmo que mais se escutava durante o carnaval? Os foliões escutavam de tudo e cada menos samba. Samba e carnaval não são fenômenos sociais complementares. Eles existem independentes um do outro. Não é obrigatório que o samba festeje. É mais provável que o samba ironize. O samba ironiza a si próprio como na letra “O samba não é carioca/O samba não é baiano...” que consta da música “Misterio do Samba”, da banda pernambucana Mundo livre S/A. Nei Matogrosso e Pedro Luis e a Parede bem que tentam disfarçar a ironia presente na musica “A ordem é samba” do cd “Vagabundo” : “É samba que eles querem/ eu tenho/ É samba que eles querem/Lá vai/É samba que eles querem/eu canto/è samba que eles querem/nada mais”. Quem queria cantar samba e sambar por volta de 2003 no Rio de Janeiro e no restante do Brasil? O samba nessa música é mais uma figura de linguagem. Nei Matogrosso canta samba mas poderia cantar alguma mercadoria exposta as ruas do Rio de janeiro na época da escravidão. Na letra e na forma como Nei canta percebe-se um tom de deboche o que contesta a visão de que expressões culturais de origem popular devem ser festivas.
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