quarta-feira, 25 de agosto de 2021
O romance de Cesar Teixeira
Cesar Teixeira, compositor e interprete de musica popular maranhense, quer escrever um romance cuja narrativa se basearia na historia do município de Cajapio, Baixada maranhense, onde nasceu sua mãe no começo do século XX. Para isso, ele pretende retornar a cidade algo que só fez uma vez em sua vida, na sua infância quando viajou com sua mãe de barco pela baia de São Marcos. Chegaram a noite em Cajapió, numa noite iluminada pelas estrelas e pela qual se moveram a cavalo. Pelo que conta, eram os anos quarenta e pouca gente vivia nos municípios da Baixada maranhense, contava-se uma casa aqui e para chegar a outra mais adiante caminhava-se por areal. Perguntado se mantem alguma ligação com Cajapio, Cesar Teixeira respondeu que sim devido a sua mãe.
A mãe de Cesar Teixeira migrara cedo para São Luis. Com mais ou menos treze anos. Um parente a levara para morar em sua casa e cuidar de sua filha da mesma idade. As pessoas acreditavam que uma menina do interior tinha as melhores condições para cuidar de uma criança. A infância de Cesar transcorreu na rua de São Pantaleão. Ele e sua mãe moravam do lado da Casa das Minas, casa de culto afro. Sofria costumeiramente de insônia e as vezes só conseguia dormir ao escutar os tambores africanos que soavam madrugada adentro. Os tambores acalmavam os seus sentidos ou os preparavam para o futuro ainda inerte? Se chorasse, Cesar buscava a Casa das Minas para chorar com mais emoção. As pretas velhas lhe pediam favores. Vá comprar farinha seca. Vá comprar querosene. Para ver o quão difícil era se manter em São Luis nos anos quarenta e cinquenta. Abastecer uma casa dependia muita das vezes de relações sociais e econômicas.
A sua mãe costurava pra fora e Cesar carregava sobre a cabeça os tecidos costurados para poder entrega-los. O dinheiro obtido dava pra alguma coisa. Um parente de Cajapio ajudava com o envio de mantimentos por barcos que saiam de Cajapio em direção a São luis, onde desembarcavam no Cais da Sagração. Junto com os mantimentos, vinha alguém todo embecado, mas descalço, que tomava de conta para que não se perdesse ou alguém furtasse. Era enviado jabiraca (peixe seco), tamarindo e bacuri. Por um bom tempo, esses mantimentos garantiram a segurança alimentar da família de Cesar Teixeira.
A fisionomia de Cesar Teixeira indica uma ascendência indígena. Ele reconhece que descende dos Guajajaras que habitaram a região de Cajapio e que foram exterminados ou integrados com o passar do tempo. O seu primeiro trabalho foi na TVE nos anos setenta, um trabalho que durou três meses. Do lado da TVE, havia um comercio que vendia pão e cachaça. Antes de entrar na televisão, Ubiratan Teixeira parava para tomar umas doses e sugeria que Cesar Teixeira bebesse uma com ele. E lá ia Cesar Teixeira, bebeu cachaça e não assinou o ponto nenhuma vez. Descobriu anos mais tarde que Ubiratan era seu parente. De vez em quando, ele o mal-diz em alguma mesa de bar como forma de lembra-lo
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCaros amigos, nos anos 40 eu nem havia nascido. Por outro lado, o texto várias vezes escapa ao teor da conversa. Mesmo assim, agradeço pela lembrança e preservo a amizade.
ResponderExcluirUm grande abraço.
Cesar Teixeira