quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021
Cultura e poder nas eleições de São Luis
Estabeleceu-se uma noção pela qual as pessoas se guiam de que a praça é o local ideal para comemorações cívicas. Em 1996, a vitória de Jackson lago sobre João Castelo na disputa pela prefeitura de São Luis foi comemorada na praça Deodoro que, costumeiramente, era palco para manifestações político-sociais. Tocou-se Oração latina de Cesar Teixeira, compositor maranhense, musica que compunha o repertorio de qualquer militante de esquerda dos anos 80 pra frente. No entanto, o prefeito eleito Jackson Lago do PDT, logo que a musica terminou, elogiou a musica e perguntou quem a compusera. Quem escutou a pergunta se surpreendeu pela falta de conhecimento expressa nessa pergunta. A esquerda teve poucos resultados significativos na forma de lidar com a cultura e a arte em toda a historia moderna. Os intelectuais ligados a esquerda escrevem sobre politica, economia, educação e etc, porem escrever temas que tratem especificamente de arte e cultura sob um ponto de vista de esquerda é bem mais difícil de ler. Os intelectuais vinculados a escola de Frankfurt na primeria metade do século XX foram os que mais escreveram artigos e livros voltados para análise da relação cultura, sistema capitalista e sociedade civil. Um tipo de análise que muitos atinavam como heterodoxa porque nela o pensamento marxista não se fechava como uma concha impermeável a outras formas de pensamento e de análise da realidade. Uma critica frequente feita tendo por base a relação esquerda e cultura é que a esquerda ve a cultura e suas expressões como um mero componente do processo revolucionário ou um mero componente da chegada ao poder. Tem sua dose de verdade essa critica. A cultura e suas formas de expressão, historicamente, de forma velada ou de forma explicita, negavam os poderes (social, econômico, religioso e estatal). Ao abrirem mão de suas autonomias para defenderem um projeto ou mais de um, cultura e formas de expressão correm riscos de negarem suas próprias historias e conduzirem seus pensamentos para estruturas mais conservadoras. O segundo turno da eleição de 2020 em São Luis, entre dois candidatos conservadores, corrobora essa análise, pois os setores que pensam a cultura, interpretam-na e a reelaboram perderam ou não tiveram espaço na administração Edivaldo Holanda o que levou a que esses setores embarcassem no conservadorismo latente dos candidatos sem nenhuma objeção e sem nenhuma critica
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