domingo, 19 de maio de 2024
a casa
Ninguém nasce algo. A pessoa vai se formando nas mãos da sociedade. A sociedade e do mesmo jeito. Ela se constrói, ela se estrutura pelas mãos de milhões de pessoas. A formação do gosto como um aspecto constitutivo da subjetividade e da personalidade da pessoa depende de vários contatos aprendizados e de informações. "Gosto não se discute", aquela máxima que defende o individual. Mas gostar não e só dizer ou escrever gosto e pronto. Deve se dizer ou escrever que gosta e responder o porquê do gostar. Porque o gostar vem inserido na linguagem, no discurso e na representação. Um amigo pediu para vistoriar a casa de um grande escritor falecido. A intenção era alugar a casa e nele desenvolver um projeto cultural. Dentro da casa, deparou se com um recinto amplo como todas as casas antigas e gostou do que viu. No momento, não teve como expressar o significado do seu gostar porque o tempo se mostrava exíguo. O que o levava a gostar vinha de antes da visita. O escritor e sua família moraram nessa casa e nela ele escreveu um dos seus livros. Só que a narrativa histórica literária não foi suficiente para garantir a estabilidade da casa. Numa cidade em que o património histórico artístico e urbanístico e mal visto e mal cuidado a casa corre um imenso risco de qualquer hora desaparecer. A responsável pelo aluguel pediu uma soma muito acima da realidade das pessoas. Qual é o gosto que se forma em uma realidade como essa em que a sociedade e as pessoas preferem ver a casa virar entulho do que um centro cultural
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