segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Marcelo e a Chapada de sua familia

Marcelo era o nome dele. Morava na Bacaba, povoado de Buriti. Tantas vezes passara por esse povoado, povoado pequeno comparado com outros povoados daquele municipio, sem que o visse. Anos mais tarde o Marcelo o convidaria para festejos ao redor do povoado e almoços em sua modesta casa interiorana. Por detras de sua casa e das outras, o riacho Feio se movia. Não sabia precisar a distancia do povoado para o riacho, afluente do rio Munim. Em tempos de inverno vigoroso, o riacho transbordava e prenchia a parte alta de um jeito que se podia pescar. Quem contara essa extravagancia não fora Marcelo e sim o Vicente de Paulo, morador do povoado Carrancas, que trouxe seu nome a baila em alguma das conversas que tiveram no terreiro de sua casa. Vicente de Paulo vivia em conflito com a familia Introvini por 150 hectares e o Marcelo lhe dava certa assistencia individual em questões relativas a terra. Este vira de uma hora para outra a vegetação do Cerrado ser substituida pela soja trazida pela fazenda Europa em parceria com a empresa Interallis. Restava uma boa parte do Cerrado na Chapada que o Marcelo se interessara em requerer. As empresas começaram a enfiar placas como testemunhas de suas intenções de desmatarem a Chapada que cabia a familia do Marcelo. Ele as arrancou. Para comprovar a posse, ergueu sozinho uma Choupana emplena Chapada que as empresas derrubaram. O importante e que a Chapada continua inteira e que o Marcelo entrou com um pedido de regularização fundiaria no Iterma.

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