segunda-feira, 4 de abril de 2022
A conspiração secular
Não era esse o caso. A faixa litorânea de São Luis sugeria que no lugar de uma cidade construída a beira do oceano Atlantico com menos de quinhentos anos, ele gastava a sola do seu sapato e gastava seus trocados numa cidade portuguesa ou esapnhola que ainda não descobrira o nome. O amigo que não reencontrava a meses podia ser tanto um fotografo famoso que se enfurnara numa cidade distante alguns quilômetros ou um andarilho cujos cabelos brancos chamaram sua atenção. Acabara de chegar ou partia, perguntou enquanto o Aamigo abria a bolsa a cata de papeis. Procedia de uma cidade que de onde estavam só podiam ir de barco. Dificilmente se atreveria um dia a subir num barco desses e navegar pelo oceano atlântico em direção aquela cidade. Aprendera o nome dela havia pouco tempo. Aprendera, desaprendendo. Muitos anos levaram para que aprendesse o nome da cidade que ele nunca vira. Sabia dessa cidade não só pelo seu amigo. No mercado, as conversas de um de outro delatavam as suas reais origens. Num súbito ataque de imaginação, aqueles homens negros e mulheres negras em suas conversas revelavam mais do que pretendiam. Tramavam que os ritmos africanos invadiriam as residências do centro histórico. Uma conspiração para que a historia ensinada nas escolas fosse a historia dos negros, dos indígenas e dos mestiços e não a dos brancos. Por ali passaram diversos desses conspiradores e ninguém se deu conta disso. Em um pouco mais de uma hora; ele e o amigo fotografo abririam uma conta no restaurante. Coisa pouca, mas o suficiente para iniciar uma nova conspiração secular.
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