quarta-feira, 16 de outubro de 2024
os habitos
O hábito em quilombos era, de manhãzinha, tomar café somente acompanhado por farinha d'água e algum pedaço de carne de porco ou gado. O açúcar excedia o orçamento das comunidades quilombolas como também de qualquer comunidade ou família da zona rural. Da mesma forma, no consumo de juçara ou açaí nas comunidades quilombolas ou outras comunidades pobres da zona rural do Maranhão evitava se o consumo de açúcar. Privilegiava-se como acompanhamento peixe frito e uma farinha seca. Quando o assunto é juçara ou açaí, sempre vem à tona quem é mais "puro" na hora de consumir. "Puro" no sentido de que a questão étnica se sobrepõe a qualquer outra forma de ver e tomar a juçara ou açaí. Em Bom Jesus, comunidade quilombola do município de Cândido Mendes, litoral noroeste maranhense, na casa de dona Raimunda, liderança da comunidade, serviu-se um almoço para visitas. Estavam lá para averiguar o problema dos búfalos nos campos naturais. Muita fartura no almoço: peixe, galinha caipira e arroz. Adquiriu se juçara na casa de um parente para completar o banquete. No Maranhão, quando um não tem vai na casa do outro para conseguir. E no Maranhão é bastante normal se fartar de carne e arroz no almoço e na sobremesa bebericar uma uma pratada de juçara ou açaí. Almoçaram bem. Veio a juçara. A comunidade possui açaizais. Como foi escrito anteriormente, os quilombolas tomam juçara do seu jeito. Pronto e acabou se. Estranham quem vem de fora e mistura juçara com açúcar e leite ninho. "Você é maranhense?". Cândido Mendes, como várias cidades do noroeste maranhense, mantém relações históricas com Belém do para. Dá muito trabalho vir para são Luís. Dona Raimunda perguntou sobre se ele era maranhense, mas o sentimento remete aos paraenses "os defensores do verdadeiro açaí". E também é um sentimento que amplifica questões étnicas culturais e históricas que vivem esquecidas.
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