quarta-feira, 16 de outubro de 2024
o tempo se dissolve
O tempo se dissolve e nada a de se fazer quanto a isso. Andava seguro por entre as ladeiras e as vielas que rodeavam a liberdade e o monte castelo. Ladeiras compridas. Ladeiras curtas. A história de São Luís requer um capítulo exclusivo para o assunto ladeiras e vielas. Fora um dia um exímio conhecedor desses imprevisíveis caminhos. Por eles, ia a igreja, ao mercado, a banca de revista, parada de ônibus, a casa inglesa, a eucaristia e etc. Se o ônibus deixava de passar pelo bairro, restava se deslocar de sua casa para a avenida Getúlio Vargas, onde pegaria um ônibus para o centro. Esse ponto de ônibus se chamava casa inglesa. Ninguém mais evocou esse nome. A casa inglesa ficara para trás. Nem parada de ônibus e mais. A liberdade as vezes tem o poder de reverter esse esquecimento. O esquecimento dos que se mudaram e do que mudou por fora. Na estrada da Vitória, por onde passava o trem são Luís Teresina, disparou o número de barbearias e galeterias. Sinal de modernidade. Gente fazendo a barba. Gente comprando galeto. Gente carregando compra. Gente vendendo cerveja. E gente. O bairro da liberdade não para. Nem tudo a modernidade abarca. Menos de espera alguém se expressa como se o tempo se mantivesse igual aos anos 70 e 80. Uma senhora abre o verbo de uma casa fechada: " o de come está vindo para come". A liberdade cresceu e se modernizou por fora. Por dentro o inexplicável a define.
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