terça-feira, 6 de agosto de 2024

paissandu

Apure os ouvidos e os outros sentidos para o que existe ( o que ainda existe) no povoado Paissandu, município de Duque Bacelar. Mais precisamente o que vem do rio que também é conhecido por Paissandu. Nesse rio que nasce próximo a uma Chapada desce frio ( ainda desce) e é encoberto por diversas espécies como buriti, juçara, mamorana, brutu, jenipapo, urucum, babaçu, tamboril e juá. Você se agacha , sente a água e conversa com a menina que lava as louças do almoço. Queria fotografa-la. Entabula uma conversa que se desenrola em torno do curso de ciências sociais e da dificuldade da escrita que os universitários apresentam. Essa conversa ele teve com Larissa no dia anterior. Perguntou a Larissa porque queria gravar a história da sua família em Paissandu. Só para ter nota no curso de ciências sociais ou algo mais a motivava? A família de Larissa morava em Paissandu há mais de um século. As mulheres se sobressaiam. Mulheres que se banhavam naquelas águas que se ensaboavam com sabão feito da mamorana e que falavam como se nada houvesse se perdido e tudo continuasse como anos atrás. Você se intriga com esse jeito de falar. A Dona Luzia, avó de Larissa, fala desse jeito. Ela chega perto de você e canta, declama poesia, anda de um lado para outro, não para, pede ajuda para preservar o rio do desmatamento, do agrotóxico, da grilagem de terras e etc. Você vai reconhecendo e descobre. Esse povo é indígena. Dona luzia fala como se falasse para seus familiares. Todo mundo é seu parente. A sua mãe, a sua avó e a sua bisavó falavam assim. A sua filha Dona Maria, mãe de Larissa, fala assim. Dona Luzia conta uma história para os amigos da universidade e da pastoral da juventude, de sua neta Larissa fazendo conexão com as histórias vividas por ela e por mais pessoas de sua família. O Maranhão é indígena por mais que se negue isso.

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