quinta-feira, 7 de julho de 2022
a narrativa de Deco
Não deveria surpreender. O ser humano precisa de narrativas. Ele se deslumbra ao ler numa folha o fato presenciado ou o fato do que fez parte. A narrativa compõe aquilo que se encontra solto e disperso. Solto e disperso quer dizer que o individuo se cala perante o que não entende ou o que pensa entender. A dispersão favorece a que o individuo busque a estruturar o modo como encara a realidade. O Deco, proprietário do Decos Restaurante, restaurante que faz parte da feira da Praia Grande, respondia naturalmente ou de maneira dispersa as perguntas feitas por clientes ou possiveis clientes. Uma familia se aproximava e sondava a respeito do cardápio e os preços. Um professor da rede estadual pedia um peixe cozido que demorasse pouco a preparar. Deco escutava os pedidos e repassava-os as cozinheiras, sendo que uma delas é sua esposa, famosa pelo figado acebolado. As cozinheiras quase nunca saem de dentro do restaurante a não ser que Deco vá entregar algum pedido. Em geral, as pessoas olham com desconfiança para a rotina ou para aqueles que desejam ver algo realmente importante nela. Acaso Deco ficasse sabendo com antecedencia que a rotina de seu restaurante viraria uma narrativa, como ele a veria nesse instante?
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