segunda-feira, 27 de junho de 2022
A pratica da escrita
Olhava de longe os versos que escrevera nos anos 90. Pelo menos, uns quatro chegariam a posteridade: “Devemos buscar a imortalidade, construo um imperio em que mil estrelas explodem em meu corpo, acorrentaram meu cão na noite que eregi cinica e o melhor de todos beberemos da água do mar no ventre da mulher grávida”. O individuo que escrevera esses versos existia ainda em algum ponto ou se perdera, por assim dizer, em favor de uma personalidade mais prosaica? O que escrevia, não restava duvida, provinha desses anos de juventude. Pedia permissão para seu lado racional para saquear a sua produção literaria que permanecia viva dentro de si. Outros versos aos poucos ressurgem: “falando de morte ou não imagino-me sendo levado, chuva vem de mansinho para nos pegar no colinho, sou um gigante catador de nuvens a beira do inferno”. Esses versos são apropriados para pensar a realidade em volta, das mortes executadas pelo agronegocio, pela chuva que diminui ano a ano e o ceu seco ao lado de campos desmatados ou plantados de soja.
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