segunda-feira, 20 de setembro de 2021
o plano da imaginação infantil
Ele crê que o melhor aniversario ainda está por vir. Os adultos parabenizavam pela sua data festiva. E o presente? Se todos os convidados de seus pais além de parabéns lhe dessem presentes, com certeza, o seu dia ficaria mais reluzente. Pode um dia superar os demais dias do ano só pelo simples fato de comemorar o nascimento de uma pessoa? Ele comemorava o aniversario mais pelos outros do que por si mesmo. A sua única felicidade transparecia na hora que ganhava presente de alguém. Um presente inesperado era fatal para sua sensibilidade de criança suburbana. Um tio trouxera uma revista do Fantasma para ele ler. Não fazia a menor ideia do que representava o Fantasma para a historia dos quadrinhos. Deu de ombros e leu rapidamente. Contou com um pouco de sorte. O tio militar veio de férias; por um acaso, entrou numa banca de revista, lembrou dele e comprou a revista. Comprar uma revista em quadrinhos para uns pode sugerir pouco. Para ele, cujo arsenal literário se resumia a uma ou outra revista, não. Adoraria chegar em sua casa ou na casa de sua avó e encontrar um tio ou tia vindos de férias com uma dúzia de revistas que lhe presenteariam. Todos os dias, se fosse possível. Imaginem um quarto tomado de revistas em quadrinhos. Amontoados e espalhados que nem a cara do seu dono. Infelizmente, a injustiça literária prevaleceu e as revistas que ansiava ficaram para trás em segundo plano. O plano dos presentes guardados no mapa da imaginação infantil.
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